Dólar recua 0,90% e vai a R$ 4,81 após dados de inflação dos EUA mais fracos do que o esperado

Dólar recua 0,90% e vai a R$ 4,81 após dados de inflação dos EUA mais fracos do que o esperado

Mercado também aguarda a expectativa de redução nos juros

AE

Moeda norte-americana fechou com recuo de R$ 0,048 (-0,91%)

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O dólar à vista caiu 0,90% em relação ao real nesta quarta-feira a R$ 4,8180, embalado pelo enfraquecimento global da divisa americana após a inflação dos Estados Unidos ficar abaixo do esperado em junho. O dado renovou a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) pare de elevar os juros após a esperada alta de 0,25 ponto porcentual na sua próxima reunião, no dia 26, e inicie o ciclo de cortes de juros antes do previsto anteriormente.

O resultado foi de queda sustentada do índice DXY - que mede o desempenho da moeda contra uma cesta de seis pares fortes - durante a sessão, até a mínima de 100,511 pontos, no menor nível intradia desde abril de 2022. A divisa americana também anotou perdas em relação a moedas emergentes, como o peso mexicano (-0,92%), e de exportadores de commodities, como o dólar australiano (-1,50%).

Esse cenário manteve o dólar em queda ante o real durante toda a sessão, entre máxima de R$ 4,8611 (-0,01%) - atingida minutos antes da divulgação do índice de preços ao consumidor americano (CPI) - e a mínima de R$ 4,7851 (-1,57%), vista no fim da manhã, em meio à repercussão dos dados. À tarde, o ritmo de baixa se firmou abaixo de 1%, em meio a relatos de fluxo comprador de importadores.

"O movimento de queda refletiu o CPI abaixo do esperado, que deu uma batida forte no dólar de manhã por fortalecer a aposta de que o Fed só vai aumentar os juros uma vez, em 0,25 ponto, e depois manter a taxa", diz o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha. "Vendo o dólar cair a esse nível, o importador começa a ver oportunidade de comprar para fechar suas operações", completa, falando sobre o movimento vespertino.

O CPI americano avançou 0,2% em junho ante maio, abaixo do que indicava a mediana da pesquisa Projeções Broadcast (0,3%), enquanto o núcleo do índice avançou 0,2% - também menos do que o previsto (0,3%). Como resultado, a maior parte do mercado (40,4%) espera que o Fed promova um corte de 25 pontos-base nos juros americanos já em março de 2024, após elevá-los à faixa de 5,25%-5,50% este mês, segundo o CME Group.

Para o especialista de câmbio da Manchester Investimentos Thiago Avallone, o desempenho do real nesta quarta-feira refletiu a combinação de expectativa de um diferencial de juros ainda atrativo para o Brasil, melhora do ambiente doméstico com o avanço da reforma tributária e fatores técnicos positivos, a exemplo dos superávits comerciais anotados pelo País ao longo dos últimos meses.

Dados preliminares do Banco Central divulgados nesta quarta-feira mostram entrada líquida de US$ 706 milhões no País de 1º a 7 de julho e de US$ 2,890 bilhões em junho. Na primeira semana deste mês, o canal financeiro mostrou saída líquida de US$ 1,644 bilhão e o canal comercial, entrada de US$ 2,350 bilhões. O fluxo cambial total em 2023, até a última sexta-feira, é positivo em US$ 15,756 bilhões.

Ibovespa

Em dia de vencimento de opções sobre o índice, o Ibovespa devolveu grande parte do ânimo visto pela manhã, quando a leitura comportada sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI) em junho reforçou a percepção de que o ciclo de elevação dos juros na maior economia do globo esteja próximo de nova pausa, após a reunião do Federal Reserve no fim deste mês, quando a taxa de referência deve ser elevada em 25 pontos-base e, provavelmente, mantida até o fim do ano.

Assim, em Nova York, os ganhos da quarta-feira chegaram a 1,15% no Nasdaq - índice americano mais exposto à tendência de curto prazo dos juros -, enquanto o Ibovespa, muito comedido no fechamento, subiu apenas 0,09%, a 117.666,49 pontos, tendo chegado a 119.156,48 na máxima do dia, saindo de mínima na abertura aos 117.557,13.

Reforçado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa, o giro financeiro subiu a R$ 55,5 bilhões na sessão. Na semana, o índice de referência da B3 ainda cede 1,04%, negativo em 0,36% no mês - em 2023, sobe 7,23%.

"O Ibovespa teve acomodação ao longo da tarde após o entusiasmo da manhã, com a leitura sobre a inflação nos Estados Unidos. O índice da B3 tem operado em modo de consolidação, mostrando firmeza acima dos 116 mil pontos, mas também dificuldade para superar resistência em torno dos 121 mil pontos", diz Alex Carvalho, analista da CM Capital, mencionando topos de abril e de outubro de 2022, em que o Ibovespa também encontrou dificuldade na região dos 120,5 mil pontos como visto recentemente, em junho.

"Para buscar novas máximas, o Ibovespa precisará contar com apoio maior das commodities, especialmente do setor metálico, que ficou para trás em meio a dúvidas sobre a demanda e o ritmo de atividade na China. Segue também a expectativa de que estímulos à economia chinesa poderiam trazer impulso maior aos preços desses ativos", acrescenta o analista.

Dessa forma, embora tenha fechado hoje em alta de 0,71%, moderada no fim da tarde, e de avançar 2,43% na semana e 4,41% no mês, Vale ON ainda acumula perda de 22,90% no ano. Outros nomes do setor metálico também mostram retração em 2023, embora bem mais discretas, como Gerdau PN (-1,32% no ano) e CSN ON (-5,56%) - hoje, a primeira subiu 2,09% e a segunda teve alta de 1,37%.

Na B3, o desempenho negativo das ações de grandes bancos (BB ON -1,61%; Santander Unit -1,22%, mínima da sessão no fechamento) foi o contraponto ao dia relativamente favorável às de commodities metálicas, após avanço de 2,61% para o minério de ferro em Dalian, China. Por sua vez, mesmo com a alta do petróleo na sessão, Petrobras perdeu força à tarde, o que contribuiu para acomodação do Ibovespa a patamares mais baixos do que os vistos pela manhã: no fechamento, a ON da estatal cedia 0,30%, com a PN pouco acima da estabilidade (+0,07%).

Na ponta do Ibovespa na sessão, destaque para JBS, em alta de 9,05%, após a empresa anunciar planos para dupla listagem, na B3 e em Nova York, o que puxou também o desempenho de outro frigorífico, Marfrig (+2,03%), nesta quarta-feira. Com o enfraquecimento do dólar pós-CPI, o avanço do Brent na sessão - acima de US$ 80 por barril pela primeira vez desde maio - ajudou Prio (+2,09%), com B3 (+2,30%) e Gerdau completando a lista de destaques da sessão. No lado oposto, Pão de Açúcar (-5,82%), Méliuz (-4,42%), Azul (-4,28%), Petz (-3,39%) e Via (-2,97%).

"O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos, o CPI, movimentou bastante a manhã, ao trazer um arrefecimento da inflação, a 3% no acumulado em 12 meses, melhor do que o esperado, com surpresa positiva também sobre o núcleo de preços em junho", diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, destacando o fechamento bem forte na curva de juros americana e o recuo do dólar frente ao real - no encerramento do dia, a moeda americana indicava baixa de 0,90%, a R$ 4,8180.

"O indicador de inflação ao consumidor americano animou investidores no início do pregão, mas não o suficiente para reverter expectativas de que o Banco Central do país, o Fed, eleve mais uma vez as taxas de juros em sua reunião no próximo dia 26", observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. "Nessa linha, dados ainda fortes de atividade econômica e mercado de trabalho, divulgados hoje no Livro Bege - análise sobre o estado da economia nas diferentes regiões do país -, reforçam o tom duro recente dos diretores do Fed", acrescenta.

No front doméstico, ela observa que ações ligadas ao setor de consumo perderam força, hoje, com destaque para as empresas de varejo. Segundo Rachel de Sá, além dos dados de endividamento divulgados ontem pela Confederação Nacional do Comércio, o desempenho positivo dos serviços em maio, divulgado hoje de manhã pelo IBGE, acima do consenso para o mês, sugere que os "preços no setor terciário da economia continuam subindo a ritmo substancialmente mais alto do que a meta do Banco Central" para a inflação.

Juros

Depois de passarem boa parte da sessão em baixa, pressionadas pela mudança na trajetória esperada para os juros dos Estados Unidos e pela queda do dólar ante o real, as taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) subiram nos contratos com vencimento mais distante, se ajustando a dados e notícias que sugerem taxas mais altas à frente, mas ficaram praticamente estáveis na ponta mais curta da curva, que cristaliza as expectativas do mercado para o movimento da Selic, a taxa básica de juros, e está menos propensa a quedas.

Segundo Carlos Hotz, planejador financeiro e sócio-fundador da A7 Capital, a movimentação das taxas de juros mais curtas é limitada pela expectativa consolidada de que o Banco Central vai cortar os juros nos próximos meses e derrubar a Selic para perto de 12,00% ao ano até o final de 2023, ante os 13,75% atuais.

"Muita coisa desta expectativa está embutida no preço. Tem pouco prêmio na curva para movimentações", disse ele, acrescentando que as taxas de contratos de DI com vencimento mais próximo podem se movimentar com maior amplitude caso o mercado passe a ver mais chances de um corte de 0,50 ponto porcentual na Selic em agosto.

Atualmente, diz ele, a precificação aponta para uma redução menos intensa, de 0,25 ponto porcentual. A A7 Capital, porém, é uma das instituições financeiras que espera corte de 0,50 ponto porcentual da Selic em agosto, mesmo depois de dados divulgados ontem mostrarem aceleração da inflação no setor de serviços.

Houve ainda influência da cena externa mais cedo. O CPI americano avançou 0,2% em junho ante maio, abaixo do que indicava a mediana da pesquisa Projeções Broadcast (0,3%), enquanto o núcleo do índice avançou 0,2% - também menos do que o previsto (0,3%). Como resultado, a maior parte do mercado (40,4%) espera que o Fed promova um corte de 25 pontos-base nos juros americanos já em março de 2024, após elevá-los à faixa de 5,25%-5,50% este mês, segundo o CME Group. O indicador baixou a cotação do dólar ante o real, o que também tirou pressão da curva de juros em boa parte do dia.

O DI para janeiro de 2024 fechou com taxa de 12,85%, de 12,83% no ajuste de ontem. O janeiro 2025 foi de 10,76% a 10,83%. O janeiro 2027 passou de 10,12% a 10,175%. E o janeiro 2029 teve leve elevação, de 10,46% a 10,47%.


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