Dólar sobe a R$ 5,32 com aversão a risco e acumula alta de 2,11% na semana

Dólar sobe a R$ 5,32 com aversão a risco e acumula alta de 2,11% na semana

Em outubro, a moeda ainda acumula perdas de 1,33%, em razão da baixa de 3,38% na primeira semana do mês

AE

Moeda norte-americana encerrou a semana com ganhos de 2,11%

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O mercado doméstico de câmbio foi engolfado nesta sexta-feira pelo sentimento externo de aversão ao risco. Piora das expectativas de inflação norte-americana, na esteira de leitura ruim de quinta-feira do índice de preços ao consumidor, e declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reforçaram a expectativa de aperto monetário mais forte e duradouro nos Estados Unidos. Com aumento de temores de uma recessão global, dada a fraqueza também da economia Europeia e a escalada da guerra na Ucrânia, investidores abandonaram bolsas e commodities para buscar abrigo no dólar, que subiu em relação a moedas fortes e emergentes.

Afora uma baixa momentânea na primeira hora de negócios, atribuída a fluxo pontual de recursos, o dólar trabalhou em alta durante toda a sessão. Vencido teto de R$ 5,30 ainda pela manhã, a divisa acelerou os ganhos ao longo da tarde, em sintonia com o exterior, e correu até a máxima de R$ 5,3317 (+1,11%). No fim do dia, o dólar subia 0,94%, cotado a R$ 5,3227, encerrando a semana com ganhos de 2,11%. Em outubro, a moeda ainda acumula perdas de 1,33%, em razão da baixa de 3,38% na primeira semana do mês, quando houve o rali dos ativos domésticos com o resultado do primeiro turno das eleições.

Após a leitura do indicador de inflação CPI de setembro nos EUA acima do esperado na quinta-feira, tanto do índice cheio quanto do núcleo, o mercado teve de digerir nesta sexta uma deterioração das expectativas de inflação revelada por pesquisa preliminar da Universidade de Michigan. Houve aumento da estimativa para inflação em 1 ano (de 4,7% em setembro para 5,1% na prévia de outubro). Já para o horizonte de cinco anos, a expectativa subiu de 2,7% para 2,9%.

"O mercado não tem como ignorar a alta das expectativas de inflação. No horizonte de cinco anos, ainda está acima da meta (2%). O Fed não vai conseguir desacelerar o ritmo de alta e nem encerrar tão cedo o ciclo de aperto. E, quando terminar, vai ter que manter os juros altos por um bom tempo", afirma a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, ressaltando que não havia justificativa plausível para o bom humor dos mercados na quinta com a leitura do CPI. "Houve gente dizendo que o número indicava que a inflação tinha feito pico e iria desacelerar para explicar a alta das bolsas em Nova York. Mas não havia nada para comemorar".

À deterioração das expectativas e aos números correntes de inflação ruins nos EUA somam-se reiterados sinais de dirigentes do Fed sobre a necessidade de perseverar no aperto monetário e falas pessimistas que emergem da reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A diretora-geral do fundo, Kristalina Georgieva, alertou que aumenta o risco de recessão global ao dizer que o mundo está mais frágil e entrando em uma "zona perigosa". O diretor do Departamento da Europa do FMI, Alfred Kammer, disse que toda a Europa deve experimentar um período de desaceleração do crescimento, com Alemanha e Itália enfrentando um período recessivo.

Taxas de juros

Após oscilarem entre a estabilidade e leve queda pela manhã, os juros sucumbiram à tarde à piora de humor dos ativos globais e fecharam a sessão regular em alta, com a escalada dos rendimentos dos Treasuries e do dólar prevalecendo ao tombo do petróleo. Novos dados preocupantes de inflação nos Estados Unidos e discursos duros de dirigentes do Federal Reserve quanto ao aperto monetário alimentaram o pessimismo sobre a economia global, em meio ainda às incertezas geopolíticas e à crise no Reino Unido. Internamente, a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), ainda que tenha vindo perto do teto das estimativas, foi apenas monitorada.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou a sexta-feira em 12,875%, de 12,797% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,70% para 11,78%. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 11,61%, de 11,54%.

Na semana, enquanto as taxas curtas avançaram em torno de 10 pontos, as demais abriram mais de 20, configurando aumento da inclinação da curva, basicamente pela piora do humor externo com os dados de inflação nos Estados Unidos e discursos duros de dirigentes do Fed que marcaram a semana, no Brasil mais curta pelo feriado de Nossa Senhora Aparecida. Outro fator de pressão na semana é a crise no Reino Unido, com os desdobramentos do pacote fiscal da primeira-ministra Liz Truss atormentando o mercado da dívida e culminando nesta sexta com a demissão do ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng.

Depois dos índices de preços ao produtor e ao consumidor americanos em setembro já terem superado as previsões, as estimativas de inflação trazidas pela pesquisa da Universidade de Michigan sobre o sentimento do consumidor divulgada nesta sexta avançaram. Para o prazo de 1 ano, subiram de 4,7% em setembro para 5,1% na prévia de outubro, e para 5 anos, de 2,7% para 2,9%. Ou seja, nesses níveis, mesmo no longo prazo a inflação ainda não teria atingido a meta de 2%, o que, no raciocínio do mercado, exigirá mão pesada do Federal Reserve.

Os números dos EUA foram divulgados no fim da manhã e os juros futuros, que até então resistiam entre a estabilidade e leve baixa ao mau humor externo, capitularam. Até porque os yields dos Treasuries também passaram a subir, renovando máximas ao longo da tarde. A taxa da T-Note de 10 anos chegou a 4,02% e a de 2 anos, em 4,5%. "Esse contexto do mercado internacional com o dado apontando piora da inflação nos EUA produziu pressão no câmbio e, consequentemente, na curva de juros", resumiu a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.

Nem mesmo o tombo de mais de 3% nos preços do petróleo conseguiu aliviar as taxas, num momento em que a defasagem ante os preços internos volta a se ampliar, fomentando as discussões sobre a necessidade de reajustes nos combustíveis.

Segundo Camila, o mercado de juros acabou relativizando o comportamento do petróleo, dado que no mês os ganhos ainda são muito expressivos, de mais de 7%. "O patamar ainda é bem elevado, se comparado ao fechamento de setembro", disse. O Brent para dezembro recuou 3,11%, a US$ 91,63, com perda de 6,42% na semana.

Bolsa

Em semana mais curta pelo feriado da quarta-feira, 12, o Ibovespa teve apenas desempenhos negativos, devolvendo assim parte do ganho de 5,76% que havia acumulado no intervalo anterior. Na semana atual, cedeu 3,70% ao encerrar a sessão desta sexta-feira em baixa de 1,95%, aos 112.072,34 pontos, pouco a pouco retrocedendo ao nível de 110 mil pontos que antecedeu a eleição do último dia 2 - na segunda-feira, 3, o Ibovespa ganhou mais de 6 mil pontos com a celebração, pelo mercado, do resultado das urnas, que mostrou menos fôlego do que se esperava à centro-esquerda.

Na mínima desta sexta, o Ibovespa foi aos 111.631,40 pontos, saindo de abertura a 114.300,68 - pouco distante da máxima da sessão, de 114.712,03 pontos. Assim, com pouco mais de 3 mil pontos entre o piso e o pico do dia, prevaleceu nesta sexta o sinal negativo como no resto da semana, nesta sexta-feira em consonância com o humor de Nova York, onde as perdas no índice de tecnologia (Nasdaq), mais sensível ao momento da política monetária, chegaram a 3,08% no encerramento da sessão, quase correspondendo à retração acumulada na semana (-3,11%).

No mês, a referência da B3 ainda avança 1,85%, com ganho no ano limitado agora a 6,92%. No dia seguinte ao vencimento de opções sobre o Ibovespa, que havia reforçado na quinta-feira o giro financeiro, o volume nesta sexta foi moderado a R$ 25,2 bilhões.

Após sequência de cinco ganhos diários veio agora cinco perdas até esta sexta-feira. Dessa forma, um avanço de quase 10 mil pontos, entre os dias 30 de setembro e 6 de outubro, deu lugar a uma retração de cerca de 5,5 mil pontos na sequência negativa iniciada no último dia 7.

Na B3, as ações de grandes bancos, à exceção de BB (ON -0,56% no fechamento), conseguiam até o fim da tarde evitar perdas na sessão desta sexta-feira, mas acabaram se alinhando também à pressão vendedora, acentuada em direção ao fim do dia em outros carros-chefes, como Petrobras (ON -1,95%, PN -1,53%), com o petróleo em queda de mais de 3% na sessão, e especialmente Vale (ON -3,26%), em dia também muito negativo para o setor de siderurgia, com destaque para CSN (ON -5,92%). No fim, Itaú PN oscilou de volta ao positivo (+0,03%) na sessão.

"O Ibovespa sentiu a pressão vendedora. Além do mau humor internacional, não tivemos um dia positivo para as commodities. O minério de ferro teve alta pouco expressiva, mas finalizou com a maior sequência de perdas semanais em quase um ano, ainda sentindo a pressão (baixista) de demanda: pelos lockdowns, pelos cortes de produção de aço e pelos temores persistentes a respeito da crise imobiliária na China. Mais do que suficiente para que as ações de minério e siderurgia sofressem no dia de hoje", observa Gabriel Félix, especialista em renda variável da Blue3.

Na ponta perdedora do Ibovespa na sessão, Magazine Luiza (-11,18%), Americanas (-8,45%), Yduqs (-7,92%), Via (-7,12%), Minerva (-6,37%) e Dexco (-6,00%), logo à frente de CSN. No lado contrário, Energisa (+1,39%), Eneva (+0,75%) e Cyrela (+0,27%) - apenas sete papéis da carteira Ibovespa fecharam o dia no positivo.

Na agenda doméstica, a surpresa positiva do dia foi a leitura divulgada pelo IBGE sobre a atividade do setor de serviços em agosto, em alta de 0,7%, aponta Patricia Krause, economista-chefe para América Latina da Coface. Um resultado que, após performances mais fracas da produção industrial e das vendas do varejo, tende a dar algum suporte ao desempenho do IBC-Br do mesmo mês, índice visto como antecedente do PIB e que será divulgado pelo BC na segunda-feira, acrescenta a economista.


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