Dólar tem baixa com discursos de dirigentes do Fed e cai a R$ 5,02

Dólar tem baixa com discursos de dirigentes do Fed e cai a R$ 5,02

Moeda norte-americana encerrou o dia em queda de 0,91%

AE

Após bater máxima a R$ 5,08 mais cedo, o dólar fechou mais perto das mínimas, cotado em R$ 5,0227

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O real teve um dia de recuperação no mercado de moedas nesta segunda-feira, após a desvalorização ante o dólar na semana passada. O fator principal para a melhora foi a queda da moeda americana nesta segunda no exterior, em meio ao reforço de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que a política monetária segue sem mudanças por mais algum tempo. Declarações da presidente da regional de St. Louis, James Bullard, tiveram repercussão ainda maior, na medida em que ele moderou o tom do que havia falado na sexta-feira, quando previu alta de juros ao final de 2022.

No mercado doméstico, um saldo forte da balança comercial em junho e a perspectiva de votação na Câmara hoje da MP que abre caminho para a privatização da Eletrobras também ajudaram o câmbio, em meio a relatos de entrada de fluxo e volta do desmonte de posição contra moeda brasileira no mercado futuro, após o reforço da semana passada.

Após bater máxima a R$ 5,08 mais cedo, o dólar fechou mais perto das mínimas, cotado em R$ 5,0227, em queda de 0,91%, No mercado futuro, o dólar com liquidação em 1º de julho, cedia 1,43% às 17h42, em R$ 5,0230.

Bullard declarou nesta segunda que pode os dirigentes do Fed "estão apenas no início" do processo de discutir a gradual redução nas compras de bônus ("tapering") e ainda "levará algum tempo" até esse processo ser estabelecido e colocado em andamento. O dirigente não vota este ano nas reuniões de política monetária, mas na sexta-feira estressou os mercados ao falar da possibilidade de alta de juros já ao final de 2022, enquanto a maioria do Fed prevê em 2023.

Para a economista da corretora americana Stifel, Lindsey Piegza, Bullard tem dado as declarações mais em favor da retirada dos estímulos, ou de tom "hawkish". Por isso, não seria surpresa nesta segunda se ele reforçasse esta avaliação. Contudo, a mudança de tom nesta segunda ajudou a melhorar os mercados, fazendo o dólar devolver ganhos da quinta e sexta-feira. No período da tarde, outro dirigente regional, John Williams, presidente do Fed de Nova York, disse que a economia dos EUA ainda não avançou o suficiente para que o Fed ajuste a sua política monetária.

As atenções se voltam agora para a participação na terça, 22, do presidente do Fed, Jerome Powell, em audiência no Congresso em Washington. No Brasil, há a perspectiva para a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Nos dois casos, a perspectiva é avaliar o grau da mudança de discurso dos dirigentes dos BCs, com tanto os brasileiros como os americanos mostrando uma guinada mais "hawkish".

A consultoria inglesa TS Lombard avalia que o ambiente é favorável para o Brasil, o que ajuda o real e tende a favorecer o Ibovespa, que hoje recuperou a linha dos 129 mil pontos. "A recuperação da economia está ganhando fôlego na medida em que a vacinação avança e a demanda externa por commodities brasileiras permanece forte", comenta em nota os analistas para Brasil da TS, Wilson Ferrarezi e Elizabeth Johnson. Eles preveem o BC elevando a taxa básica de juros, a Selic, para 6,5% ao final do ano.

Juros

Os juros futuros começaram a semana em queda em toda a curva, mais pronunciada nos vértices longos, configurando uma desinclinação mais saudável. O mercado passou por uma correção dos excessos de prêmios adicionados no fim da semana passada pela leitura das mensagens do Copom e do Federal Reserve, autorizada nesta segunda-feira pelo recuo do dólar, ambiente externo tranquilo e pela mediana das estimativas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2022 no Boletim Focus, que parou de piorar.

A manutenção da projeção em 3,78% foi vista como efeito direto do comunicado do Copom, que alertou para o risco de uma ação mais tempestiva em caso de deterioração das projeções de inflação no horizonte relevante. Resta saber se o movimento vai resistir à ata da reunião, que o Banco Central divulga na terça-feira e que deverá dar mais detalhes sobre o plano de voo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular a 5,580%, de 5,631% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 7,238% para 7,11%. O DI para janeiro de 2025 encerrou em 8,19%, de 8,355% e a do DI para janeiro de 2027, a 8,64%, de 8,823%.

As mínimas foram atingidas no período da tarde, quando os DIs mais longos chegaram a recuar perto de 20 pontos-base, levando os níveis de inclinação para próximo do que se via antes do Copom. Na sexta-feira, houve estresse na curva, com zeragens de posições vendidas e movimentos de travas nas NTN-B e hoje o clima foi distensionado. O dólar se enfraqueceu de forma generalizada na esteira de discursos mais suaves de membros do Federal Reserve e, à tarde, pelo otimismo em relação à negociação do pacote de infraestrutura. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, terá uma reunião nesta segunda-feira com parlamentares americanos sobre o tema.

Internamente, apesar das manifestações de milhares nas ruas do País contra o governo Bolsonaro no sábado, a segunda-feira foi de boas notícias para o mercado. Para o segmento de juros, o destaque foi a mediana de IPCA 2022 na Focus, que não acompanhou o ajuste em alta da mediana para 2021 (de 5,82% para 5,90%) e manteve-se em 3,78%. "E, dentre as instituições que atualizaram projeções nos últimos 5 dias, caiu de 3,80% para 3,74%", destacou o estrategista-chefe da Renascença DTVM, Sérgio Goldenstein, explicando que o comunicado do Copom havia levado a revisões altistas da trajetória da Selic, afetando as projeções dos modelos. A meta de inflação para 2022 é de 3,5%. A mediana para Selic continuou subindo, agora para 6,50%, de 6,25% na pesquisa passada.

À tarde, vieram dados bastante positivos do comércio exterior. O Ministério da Economia informou superávit comercial de US$ 2,564 bilhões na terceira semana de junho, com saldo de mais de US$ 7 bilhões no mês e de US$ 34,275 bilhões no ano. De Brasília, veio a sensação de que a agenda de reformas está andando, com a abertura da sessão na Câmara para discutir a Medida Provisória (MP) que abre caminho para a privatização da Eletrobras.

Bolsa

O dia foi de retomada do apetite por risco desde o exterior, com novas declarações de autoridades do Federal Reserve contribuindo para calibrar a expectativa pelo início da retirada de estímulos monetários na maior economia do mundo. Aqui, a 'corrida' vista em Estados e grandes cidades para antecipar o calendário de vacinação da covid-19 contribui para a perspectiva de retomada da economia no segundo semestre. Para o avanço nesta segunda-feira, ajudou também a proximidade de nova votação, na Câmara, da MP sobre a privatização da Eletrobras, cujas ações (PNB +3,42%, ON +2,92%) permaneceram entre os destaques da B3.

Assim, o Ibovespa fechou a sessão em alta de 0,67%, a 129.264,96 pontos, entre mínima de 128.047,98 e máxima de 129.412,49 pontos, com giro financeiro a R$ 30,6 bilhões, passadas, na semana passada, as datas de vencimento de opções sobre o índice e sobre ações. No mês, o Ibovespa acumula ganho de 2,42% e, no ano, de 8,61%.

Com o Brent em alta na sessão, buscando se reaproximar da marca de US$ 75 por barril, refletindo posição dura do presidente eleito do Irã com relação a sanções e a falta de avanço do governo Biden quanto a retorno dos EUA ao acordo nuclear, os ganhos em Petrobras ON e PN superaram 2% (ON +2,09%, PN +2,22%) no fechamento desta segunda-feira. "Além disso, o Bank of America elevou a recomendação para Petrobras, de neutra para compra, com novo preço-alvo", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

O BofA elevou a recomendação diante de perspectivas mais otimistas para o setor de óleo e gás. Além disso, o banco subiu o preço-alvo da ADR da estatal de US$ 13,25 para US$ 14,50, representando um potencial de alta de 30,39% ante o último fechamento. Para o papel PN, o valor subiu de R$ 34,25 para R$ 37,50, possível avanço de 32,41% na mesma comparação.

O dia também viu boa recuperação para Vale ON (+0,94%) e especialmente para as ações de siderurgia, com ganhos de até 2,72% (Gerdau PN), apesar da forte queda nesta segunda-feira, de quase 5%, nos preços do minério de ferro em Qingdao, na China. Na ponta do Ibovespa, destaque para as ações com exposição à economia doméstica, como Pão de Açúcar (+7,88%), Cogna (+5,03%) e CVC (+4,91%). "Pão de Açúcar subiu mais de 7% com a notícia de que Michael Klein está montando uma posição acionária no Grupo - Klein teria interesse em comprar o GPA caso o Casino decida vender sua posição", diz Lucas Collazo, especialista da Rico Investimentos. No lado oposto do Ibovespa, Intermédica fechou nesta segunda-feira em baixa de 2,32%, Carrefour, de 1,97%, e Energias BR, de 1,93%.

Além da progressão da MP sobre a privatização da Eletrobras, de volta agora à Câmara dos Deputados na véspera da expiração do prazo para que a tramitação seja concluída, a melhor perspectiva interna tem relação direta com a "guerra positiva entre governadores para ver quem vacina mais" e a "possibilidade de um pacote de bondades" do governo federal, "com elevação do auxílio emergencial", diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. "O que fica no radar é a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro anunciar a extensão do auxílio emergencial por mais três meses, mantendo os valores e o número de beneficiários atuais", observa Collazo, da Rico.


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