Dólar tem novo dia de queda e fecha em R$ 5,35

Dólar tem novo dia de queda e fecha em R$ 5,35

Na véspera do encaminhamento da proposta de reforma administrativa, Ibovespa terminou em baixa de 0,25%, aos 101.911,13 pontos

AE

Real foi na contramão de outras moedas emergentes nesta quarta-feira

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O real foi na contramão de outras moedas emergentes e operou valorizada ante o dólar na tarde desta quarta-feira, após uma manhã volátil. A divisa dos Estados Unidos teve dia de valorização praticamente generalizada no mercado internacional. No mercado doméstico, porém, fechou em queda, em meio às expectativas de avanço das reformas, que cresceram após a aprovação do novo marco legal do setor de gás na Câmara na terça à noite, e as reiteradas promessas de disciplina fiscal pelo governo.

Os mesmos fatores ajudaram o risco Brasil a cair abaixo de 200 pontos pela primeira vez desde 10 de março. No encerramento dos negócios nesta quarta, o dólar à vista fechou em queda de 0,51%, cotado em R$ 5,3575. No mercado futuro, o dólar que vence em outubro era negociado em baixa de 0,78% às 17h, em R$ 5,3625.

Profissionais das mesas de câmbio relataram ainda entrada de capital externo para várias ofertas de ações, em uma lista que já soma mais de 40 empresas e que cresce a cada dia. Ainda nas emissões, a Suzano anunciou captação externa, com teto de US$ 2 bilhões e precificação nesta quinta-feira. Contudo, os dados do Banco Central de agosto mostram que as saídas de recursos prosseguiram, somando US$ 5,366 bilhões até o dia 28 pelo canal financeiro, em mês marcado por aumento do temor fiscal, que diminuiu apenas nos últimos dias.

O sócio fundador da Polo Capital, Claudio Andrade, observa que a situação fiscal brasileira ficou muito agravada, mas tem havido consenso da necessidade de avançar com reformas, em meio a um juro historicamente baixo e inflação comportada. "Algum tipo de reforma tributária a gente vai ter que ter", disse ele em live nesta quarta da Genial Investimentos, ressaltando que a tramitação do texto junto com a reforma administrativa pode ajudar a dividir o "barulho" que as medidas propostas terão no Congresso, com vários grupos tentando definir seus interesses.

Para o sócio e economista-chefe da Pátria Investimentos, Luis Fernando Lopes, considerando o ajuste da taxa de câmbio pela Paridade de Poder de Compra (PPP), o real atualmente está 30% desvalorizado e o investidor estrangeiro ainda não conseguiu perceber que o Brasil terá este ano, e em 2021, recuperação econômica mais forte que outros países da América Latina.

Sobre a questão fiscal, Lopes disse que a impressão crescente é que a equipe econômica "traçou uma linha no chão" e não vai querer "explodir o teto e fazer política de expansão fiscal irresponsável para reeleger o presidente a qualquer custo. "Aparentemente Bolsonaro não quer provocar essa ruptura fiscal", disse nesta quarta em evento da Alper Seguros.

Os analistas do Citigroup em Nova Iorque destacam que o avanço da reforma administrativa, a julgar por declarações anteriores de Bolsonaro, era esperado apenas para 2021, por isso foi positiva a afirmação de que o texto será entregue na quinta ao Congresso. Além disso, a prorrogação do auxílio emergencial, que agora será de R$ 300 por mês, veio dentro do esperado e não será necessário alterar novamente as projeções fiscais para o Brasil.

Ibovespa

Em dia bem positivo em Nova Iorque, com S&P 500 e Nasdaq em novas máximas históricas - apesar da fraca leitura sobre a geração de empregos no setor privado dos EUA, antes do resultado oficial de agosto sobre o mercado de trabalho americano, na sexta-feira -, o Ibovespa, sem catalisadores domésticos de peso, travou nesta quarta-feira parte da alta da sessão anterior, quando saiu dos 99 mil pontos para retomar sem escala os 102 mil pontos, em avanço bem disseminado por empresas e setores, deixando margem para o ajuste subsequente.

Assim, neste meio de semana, véspera do encaminhamento pelo governo da proposta de reforma administrativa ao Congresso, o principal índice da B3 fechou em baixa de 0,25%, aos 101.911,13 pontos, tendo chegado a 100.871,79 (-1,27%) na mínima do dia, saindo de máxima a 102.823,88 pontos, com abertura a 102.168,42 e giro financeiro fraco, a R$ 22,1 bilhões no encerramento.

Na semana, o Ibovespa cede agora 0,23% e, no ano, 11,88%. O ganho nestas duas primeiras sessões de setembro foi nesta quarta a 2,56%, após o avanço de 2,82% no dia anterior, que havia sido o maior desde 8 de junho (3,18%).

No fechamento desta quarta, após ter ensaiado realização mais forte por volta das 13h30, o índice se distanciou da mínima da sessão, quando se deu, ligeiramente, "uma pontada na primeira linha, especialmente Vale e siderurgia, que acabou levando o Ibovespa junto, com a margem proporcionada pela boa alta de ontem", diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor.

No encerramento, Vale ON mostrava moderada perda de 0,71%, com Gerdau Metalúrgica em baixa de 1,53% e Gerdau PN, de 1,05%. Ajustes menores foram observados em Petrobras PN (-0,31%) e ON (-0,26%), apesar de dia mais negativo nos preços do petróleo, em queda de 2,52% para o Brent de novembro na ICE.

Na ponta positiva do Ibovespa, Fleury fechou nesta quarta em alta de 6,61%, após a empresa lançar a Saúde iD, unidade de tecnologia que fará atendimento a uma base de clientes que, na primeira fase, chega a 7 milhões de pessoas - logo após Fleury, Totvs fechou em alta de 3,47%, Hypera, de 3,42%, e Eletrobras ON, de 3,40%. No lado oposto, Suzano cedeu 4,13%, seguida por Cosan (-3,16%) e Klabin (-2,68%).

"Faltou 'driver' na sessão, de forma que facilitou a realização de lucros, em momento em que o Ibovespa tem se mantido lateral. Para se afastar deste nível mais consolidado em que tem persistido, precisará, mais à frente, de uma temporada de bons resultados corporativos no terceiro trimestre, que reflitam a melhora que tem sido observada em diversos indicadores, como os de varejo", diz Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos. "Será preciso acompanhar também como ficará o consumo daqui ao fim do ano, com a redução do auxílio emergencial a R$ 300", acrescenta.

"Há muita expectativa para o que de fato virá nesta proposta de reforma administrativa, já aparecem sinais de que o funcionalismo deseja conversar com o governo. Sabemos que, assim como o teto de gastos, as reformas são essenciais à estabilidade fiscal, e a preocupação com este aspecto tem mantido o mercado doméstico sem correlação com Nova Iorque, que tem avançado especialmente sob o impulso das ações de tecnologia", observa a analista Sandra Peres, da plataforma digital TradeMap.

Juros

Os juros fecharam a sessão desta quarta-feira em leve alta nos contratos de médio e longo prazos e perto da estabilidade na ponta curta. O sinal foi definido somente no meio da tarde, em função da movimentação dos players para o leilão de prefixados da quinta-feira. 3. Até então, percorriam a quarta-feira rondando os ajustes de terça, não se deixando levar pelo bom humor externo, nem pela queda do dólar e do risco Brasil medido pelo Credit Default Swap (CDS, em inglês).

O mercado esteve dividido entre fatores positivos e negativos. De um lado, a melhora na perspectiva fiscal e da agenda econômica trazida desde a terça pela expectativa em torno da reforma administrativa e pela aprovação da Lei do Gás na Câmara. De outro, dois índices de inflação surpreendentes (IPC-Fipe e IPP) na agenda do dia e otimismo sobre o ritmo da atividade. Uma vez que na terça as taxas já devolveram bastante prêmio, o saldo foi um movimento lateralizado na maior parte do dia.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subiu a 2,83% (máxima), ante 2,793% no ajuste anterior. A do janeiro 2023 foi de 3,964% a 4,01%. E o janeiro 2027 passou de 6,743% para 6,790% (máxima). O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 5,82%, de 5,774% na terça.

Como tem sido frequente desde julho, quando o Tesouro passou a ofertar lotes gigantes de prefixados nos leilões de quinta, o mercado um dia antes já começou a montar posições, seja de hedge seja para obter taxas mais atrativas na operação.

Ao longo do dia, no entanto, não houve trajetória firme. "Já tivemos ontem um ajuste razoável e hoje, resultados inflacionários que pesaram. Isso está segurando um pouco as taxas, além do fato de o mercado estar mais animado com a atividade", afirmou o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi.

Em contrapartida, ele diz que o ambiente político é mais positivo, indicando dificuldade menor para o avanço da agenda de reformas. "Parece haver mais disposição de governo e Congresso de fazer a negociação, permitindo alguma pressão fiscal no curto prazo em troca da melhora de ambiente de negócios e mudanças estruturais de longo prazo. É a melhor alternativa na atual circunstância em que o quadro político não permite tanta austeridade", disse.

Já a agenda reforçou a percepção de que pode não haver mesmo espaço para mais cortes da Selic. Há alguns dias, o tema da inflação vem ganhando espaço na pauta do mercado, dado o desempenho ruim dos preços no atacado e os sinais de recuperação da atividade, o que já tem impactos nítidos por exemplo nas negociações com NTN-B no secundários.

Nesta quarta, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) informou que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de agosto subiu 0,78%, mais de três vezes a inflação de julho (0,25%), estourando em grande margem o teto das estimativas dos analistas (0,67%). Outro susto veio do Índice de Preços ao Produtor (IPP) de julho, que avançou 3,22%, a maior variação positiva da série histórica, iniciada em janeiro de 2014.


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