Dólar vai na contramão do exterior e recua para R$ 3,73

Dólar vai na contramão do exterior e recua para R$ 3,73

Ibovespa tem alta de 0,48%, com 103.949,46 pontos

AE

O real teve o pior desempenho nesta sessão, considerando 33 pares da divisa dos EUA

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Em novo dia de fraco volume de negócios, o dólar voltou a cair, encerrando em baixa de 0,20%, a R$ 3,7384. Com o calendário esvaziado nesta segunda-feira, aqui e lá fora, mas com agenda de eventos importantes nos próximos dias, as mesas de câmbio operaram em compasso de espera. Operadores registraram fluxo de entrada, que acabou fazendo o dólar cair, contrariando o movimento do exterior, onde a moeda americana teve alta ante divisas fortes e subiu perante a maioria dos emergentes.

O governo deve anunciar na quarta-feira detalhes de como vai funcionar os saques no FGTS. O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, confirmou que as regras para serão divulgadas esta semana e prometeu que não serão um "repeteco" do que já ocorreu em governos anteriores.

No exterior, as atenções estão voltadas para a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, na sexta-feira, e a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) na quinta. Os economistas do Citibank esperam que o BCE passe a indicar que um corte de juros pode vir em breve na zona do euro, o que pode enfraquecer o euro.

No aguardo destes eventos aqui e lá fora, os investidores evitaram fazer muitas apostas. "O mercado operou com volume bem aquém do normal, vazio de notícias", destaca o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. A expectativa é que estrangeiros voltem com mais força ao país, após ficarem praticamente ausentes na primeira metade do ano.

Na semana passada, os estrangeiros ficaram com 71% das ações em oferta de papéis subsequente do ressegurador IRB Brasil Re. Esta semana, são três ofertas de ações - BR Distribuidora, Hapvida e Movida - e a expectativa é que as operações tenham participação importante de estrangeiros.

"A mensagem importante é que a economia do Brasil está de volta aos trilhos", ressaltam os estrategistas da gestora Franklin Templeton, Gustavo Stenzel e Marcos Mundim, em relatório. "Enquanto o Brasil ainda enfrenta alguns desafios, no geral, temos uma visão muito construtiva do País daqui para frente."

No exterior, o dólar teve um dia de recuperação, após as quedas da semana passada, por conta das expectativas de cortes de juros nos Estados Unidos, e subiu ante países desenvolvidos e emergentes. Um dos termômetros do enfraquecimento das moedas dos emergentes hoje é o fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) WisdomTree Emerging Currency Fund, negociado em Nova York. A carteira recuou 0,15% nesta segunda-feira, enquanto o índice DXY, que mede o comportamento do dólar ante divisas fortes, avançou 0,15%.

Bovespa

O bom desempenho das ações do setor financeiro foi o responsável por uma alta tímida do Índice Bovespa nesta segunda-feira de noticiário escasso e clima de compasso de espera por fatos novos. Sem novas informações concretas sobre a reforma da Previdência, restou ao investidor aguardar eventos como o início da safra de balanços, o anúncio de medidas de estímulo à economia e, mais para o final do mês, as decisões de política monetária aqui e nos Estados Unidos. Esse clima de expectativa também retraiu o volume de negócios com ações na B3, que somou R$ 11,6 bilhões.

Depois de ter subido até 0,80% pela manhã, o Ibovespa terminou o dia com ganho mais modesto, de 0,48%, aos 103.949,46 pontos. Os ganhos dos bancos acabaram por compensar quedas importantes de outros papéis de primeira linha, como Vale e siderúrgicas. Entre os analistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a alta dos bancos foi uma recuperação de perdas da semana passada, mas pode também revelar uma expectativa otimista para o início da divulgação dos resultados trimestrais.

"Ações de proteína também foram destaques positivos do dia, devido à melhora de recomendação dos papéis feitas por alguns bancos e pela expectativa de que as empresas apresentem resultados melhores. Também há expectativa positiva com bancos e o mercado de certa forma antecipa um pouco os balanços desses dois setores", diz Luís Sales, analista da Guide Investimentos.

No caso de Vale e siderúrgicas, um dos fatores que pesaram negativamente foi a queda dos preços do minério de ferro (-2,48% no porto de Qingdao, na China). O outro foram os números na produção da Vale, influenciados pelo rompimento da barragem de Brumadinho. Segundo relatório do banco BTG Pactual, apesar da pressão negativa no período, a Vale acenou com tendências positivas para o segundo semestre. Assim, manteve recomendação de compra para o papel, por considerar que o quadro do segundo trimestre foi um retrato do passado. Vale ON fechou com baixa de 0,51%. Entre as siderúrgicas, destaque para Usiminas PNA (-2,03%).

O gerente de renda variável da H.Commcor, Ariovaldo Ferreira, lembra que, apesar do ritmo mais lento do Ibovespa nos últimos dias, o investidor não tem do que reclamar do Ibovespa em julho, uma vez que o indicador acumula ganho de 2,95% em reais e de 5,65% em dólares.

Na análise do comportamento das ações pelos índices setoriais, a alta de 1,33% do Índice Financeiro (IFNC) deixa clara a vantagem dos bancos. Nesse grupo, destaque para B3 (+2,40%) e Itaú Unibanco PN (+1,70%). Já a perda de 1,2% do Índice de Materiais Básicos (IMAT) refletiu a queda das ações da Vale e siderúrgicas.

Taxas de juros

Os juros futuros curtos e intermediários desceram um degrau na sessão desta segunda-feira, em meio à queda do dólar e a ajustes nas apostas para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) no fim deste mês. À espera da divulgação nesta terça do IPCA-15 de julho e do anúncio das regras para liberação do FGTS, prometidas para esta semana, investidores embutiram nas taxas futuras cerca de 60% de chances de que o Banco Central inicie o ciclo de afrouxamento monetário com um corte da Selic em 0,50 ponto porcentual, para 6% ao ano.

Trata-se de uma leve mudança em relação ao observado na semana passada, quando as taxas refletiam aposta majoritária de corte de 0,25 ponto porcentual. Para o ciclo total de desaperto, houve ligeiro aumento de 1,05 ponto porcentual, no meio da semana passada, para 1,17 ponto no pregão desta segunda, segundo cálculos da gestora de recursos Quantitas.

A mediana da projeções colhidas pelo Broadcast é de variação de 0,13% do IPCA-15 em julho, leve aceleração em relação a junho (0,06%). No acumulado de 12 meses, contudo, a mediana é de 3,31%, bem distante da meta de inflação para este ano, de 4,25%.

Operadores e estrategistas de renda fixa ressaltam, contudo, que as mudanças nas precificações se dão em um ambiente de liquidez muito reduzida, o que tira um pouco da representatividade dos movimentos e revela a falta de apetite para apostas mais contundentes.

"A liquidez está muito fraca. Não há notícias ou novidades que possam mexer com a curva. Não vejo também surpresa no IPCA no curto prazo que force o Banco Central a ser mais agressivo. Trabalho com um corte de 0,25 ponto neste mês", diz o estrategista de renda fixa da corretora Coinvalores, Paulo Nepomuceno, que espera um ciclo total de afrouxamento de 1 ponto porcentual.

Entre os contratos curtos, o DI para janeiro de 2020 encerrou o dia a 5,65%, ante 5,669% no ajuste anterior. Na parte intermediária da curva, DI para janeiro de 2021 passou de 5,528% para 5,49%, e DI para janeiro de 2023 foi de 6,38% para 6,36%. Na ponta longa da curva, DI para janeiro de 2025 encerrou a 6,94%, estável.

O operador de renda fixa da Terra Investimentos Heber Vieira observa que, além da decisão do Copom, investidores aguardam sinais dos Banco Central no exterior. Na quinta-feira, 25, sai a decisão do Banco Central Europeu (BCE), que deve ter um tom 'dovish'. No fim do mês, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve anunciar um corte dos Fed funds - hoje entre 2,50% e 2,25% - em pelo menos 0,25 ponto porcentual. Por aqui, espera-se também os detalhes do anúncio da liberação do FGTS e, mais à frente, a retomada da tramitação da reforma da Previdência.

"Existe uma expectativa muito grande de sinalização de política monetária no exterior, o que deixa os investidores mais cautelosos. E temos também essa questão interna do FGTS e da Previdência. Enquanto não houver notícias mais concretas a retomada da reforma a liquidez tende a continuar fraca", diz Vieira, ressaltando que há espaço para redução dos prêmios de risco, sobretudo nos contratos mais longos, caso não haja decepção com a Previdência.


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