Em dia volátil, dólar fecha em alta cotado em R$ 4,93

Em dia volátil, dólar fecha em alta cotado em R$ 4,93

Com Powell, ibovespa terminou em baixa de 2,13%, aos 94.685,98 pontos

AE

Moeda norte-americana firmou alta em meio às declarações do presidente do FED

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O dólar teve um dia volátil, mas firmou alta em meio às declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, chamando atenção para os riscos e o nível ainda alto de incerteza sobre os rumos da atividade econômica. O dirigente declarou que o relatório de emprego americano, que animou os mercados desde a última sexta-feira ao mostrar forte criação de vagas, subestimou a taxa de desemprego americana em 3 pontos porcentuais e que o recuo da atividade no segundo trimestre deve ser o maior já registrado. Com isso, o dólar ganhou força no exterior e, no mercado doméstico, renovou as máximas do dia, batendo em R$ 4,96.

No fechamento desta quarta-feira pré-feriado no Brasil, o dólar à vista terminou em alta de 0,97%, cotado em R$ 4,9355. No mercado futuro, o dólar para julho era negociado em R$ 4,9755, com valorização de 1,42% às 17h30.

Os economistas não esperavam anúncio de novos estímulos econômicos pelo Fed, como acabou ocorrendo. Os dirigentes sinalizaram que os juros vão continuar nos níveis atuais até pelo menos 2022. Com a divulgação do comunicado da reunião, o dólar chegou a cair para o nível de R$ 4,88. Mas o movimento durou somente até o início da entrevista de Powell. Na coletiva à imprensa, Powell também se comprometeu em manter os estímulos por um longo período, mas alertou que uma recuperação completa da atividade só virá quando as pessoas se sentirem seguras do ponto de vista de saúde.

Para a economista-chefe da consultoria americana High Frequency Economics (HFE), Rubeela Farooqi, Powell sinalizou que o Fed vai continuar fazendo tudo o que for preciso para apoiar a economia, mas ao mesmo tempo chamou atenção para o fato da surpresa com o relatório de emprego de maio ser um sinalizador claro do nível de incerteza que paira sobre a economia. Wall Street esperava fechamento de 8,5 milhões de postos de emprego no mês passado, mas o documento mostrou criação de 2,5 milhões de vagas.

Na avaliação da analista de moedas do Commezbank, You-Na Park-Heger, o real se beneficiou significativamente da melhora recente do sentimento no mercado financeiro internacional, que se intensificou após a divulgação do relatório de emprego dos EUA. No entanto, além de pairarem dúvidas sobre a retomada da atividade nos diversos países, o noticiário doméstico permanece preocupante, avalia. Para ela, a valorização do real foi exagerada, veio antes do esperado e, por isso, o risco alto de correção, com a divisa americana devendo voltar a superar os R$ 5,00 nas próximas semanas, pois ainda há muitas incertezas pairando na economia mundial, e no caso do Brasil, há os juros devendo cair mais na semana que vem, preocupação fiscal e o cenário político conturbado. O banco alemão projeta o dólar a R$ 5,20 em setembro, R$ 5,00 em dezembro e R$ 4,90 no começo de 2021.

Ibovespa

O Ibovespa fechou em baixa pelo segundo dia, em realização um pouco mais aguda do que a da sessão anterior, com o Fed, mas ainda assim conseguindo se manter acima do nível de fechamento do dia 5 de junho - ou seja, no maior nível desde a última sexta-feira, quando o Ibovespa encadeava a sexta sessão de ganhos, e que chegaria na última segunda a sete avanços consecutivos, firmando-se nos maiores níveis desde o começo de março. As perdas foram bem distribuídas pelos diferentes setores, abrangendo commodities (Petrobras ON -2,95%), siderúrgicas (Usiminas -5,62%), infraestrutura (Eletrobras ON -5,59%), bancos (Santander -4,89%) e companhias aéreas (Gol -9,64%, na ponta negativa do Ibovespa).

Nesta quarta-feira, pré-feriado no Brasil, o índice de referência da B3 fechou em baixa de 2,13%, aos 94.685,98 pontos, bem perto da mínima do dia, mas não muito distanciado da máxima do ciclo de recuperação sustentado a partir da segunda quinzena de maio e reforçado neste início de junho, atingida anteontem, aos 97.693,47 durante a sessão, e reaproximado hoje no pico intradia, de 97.645,85 pontos. Na semana, os ganhos ficam limitados agora a 0,05%, mas em junho o Ibovespa ainda acumula forte avanço de 8,33% - no ano, a perda acumulada está em 18,12%. O giro financeiro se manteve hoje acima de R$ 30 bilhões, totalizando R$ 33,7 bilhões na sessão.

As perdas do dia chegaram a se suavizar logo após a decisão de política monetária do Federal Reserve, às 15h. Nos minutos seguintes, os três índices de NY passavam a terreno positivo na sessão, após terem se mantido mistos até então - o Nasdaq seguiria em alta até o encerramento, renovando máxima histórica. Pouco antes da decisão, o Ibovespa apontava perdas de 1,67% e, nos minutos seguintes, chegou a limitá-las a 0,54%, então aos 96.221,46 pontos, tendo chegado a 94.776,81 pontos até então no que era a mínima do dia.

No comunicado, os integrantes do comitê de política monetária americano apontaram que continuam "comprometidos a usar todos instrumentos de apoio nesta hora desafiadora". O gráfico de pontos apontou que nenhum dirigente do Fed prevê aumento de juros antes de 2022 - hoje, a taxa de juros de referência foi mantida na faixa de zero a 0,25%, conforme esperado.

Contudo, as perdas do Ibovespa e a falta de direção única em Nova Iorque voltaram a se impor no início da fala do presidente do Fed, Jerome Powell. "O mercado talvez estivesse esperando demais do Fed, que já disponibilizou uma boa dose de estímulos", diz Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. "Havia a expectativa de que a comunicação de Powell trouxesse a discussão sobre controle da curva de juros, que seria um estímulo adicional, na medida em que o Fed não trabalha com a possibilidade de juros negativos. Mas se a discussão sobre o controle avançou, Powell preferiu não comunicar. É a bala de prata que tem sido guardada pelo Fed", acrescenta a economista.

Segundo Solange, a depender do que ocorrer no processo de reabertura das economias, o mercado tende a se convencer de que o nível de estímulos já assegurados pelo Fed é o suficiente. "Está todo mundo de olho na reabertura das economias nos EUA, na Europa, na Ásia e, se não houver segunda onda da doença e retomada de quarentenas, a tendência é de que ocorra uma acomodação" da ansiedade, avalia a economista.

No pior momento de hoje, as perdas do Ibovespa chegaram a 2,15%, com o índice a 94.664,81 pontos na mínima do dia, que prevaleceu até o fim da sessão. Na entrevista coletiva, Powell disse que a taxa de desemprego de maio nos EUA, celebrada na última sexta-feira pelos mercados ao vir melhor do que se esperava, subestimou o nível de desemprego em cerca de 3 pontos porcentuais. Ele apontou também que o recuo do PIB no 2º trimestre deve ser o mais severo já registrado nos EUA, e que uma recuperação total não deve ocorrer até que as pessoas tenham confiança. Havia expectativa de parte do mercado de que novos estímulos pudessem ser sinalizados hoje, mas Powell se limitou a dizer que a política monetária está em "bom lugar, e isso é bem entendido pelos mercados".

Com a melhora da percepção de risco, especialmente a partir do exterior, nas últimas quatro sessões o Ibovespa superou a marca de 97 mil pontos nos melhores momentos dos respectivos pregões, com a linha dos 97,6 mil pontos mostrando-se como resistência nas últimas três. A percepção é de que alguma realização e lateralização tende a prevalecer no curtíssimo prazo, com a marca de 97 mil emergindo como um ponto de venda, especialmente para os que ingressaram mais cedo no ciclo de recuperação e se inclinem a embolsar lucros. Vencida a resistência, a expectativa é de que o Ibovespa retome os 100 mil pontos, apesar das inúmeras incertezas sobre o grau de recuperação doméstica posterior ao ápice da pandemia, cujos estragos começarão a ser aferidos de forma mais próxima nos balanços do segundo trimestre.

Taxa de Juros

Os juros futuros fecharam em queda firme na ponta longa da curva a termo e mais branda no trecho curto nesta "Super Quarta" de IPCA no Brasil e decisão do Federal Reserve nos Estados Unidos. O desenho foi definido na última hora da sessão regular, após o comunicado e as projeções do Fed indicarem que a liquidez nos mercados deve continuar farta por um bom período. A percepção de que os estímulos monetários devem prosseguir por muito tempo também foi reforçada durante a entrevista do presidente da instituição, Jerome Powell. Com isso, a curva perdeu inclinação. O IPCA acima da mediana das estimativas, mas com preços de abertura bastante favoráveis, ditou a dinâmica das taxas pela manhã.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou a 3,08%, de 3,141% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 terminou na mínima de 5,66%, de 5,783% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 caiu de 6,732% para 6,60%.

Esta quarta, começou com o IPCA de maio mostrando deflação de 0,38%. Os juros abriram em alta, em reação pontual ao dado acima da mediana das estimativas (-0,46%), mas depois passaram a cair com a leitura favorável dos preços de abertura e, ainda, com a inflação ao consumidor norte-americano em maio vindo abaixo do consenso. A média dos núcleos do IPCA, -0,11% segundo a Guide Investimentos, caiu mais do que a mediana indicava (-0,09%). Em 12 meses, o IPCA passou de 2,40% em abril para 1,88% em maio, se afastando ainda mais do piso da meta de 2,50%.

"A perspectiva atual é de mais dois anos com a inflação fechando abaixo da meta, o que dá base para nossa expectativa de corte de 75 pontos-base na Selic em junho e mais 50 pontos até o final do ano", avaliam economistas do Banco Fator.

Na curva, essa aposta para junho segue majoritária, com a precificação indicando 70% de chance, contra 30% de corte de 0,5 ponto porcentual. O mercado ainda vê espaço para uma queda de 0,25 ponto no Copom de agosto, com curva apontando 70% de probabilidade. Os números são do Haitong Banco de Investimentos. Entre os economistas, a ampla maioria de 52 entre 54 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast vê a Selic em 2,25% em junho.

No fim da manhã, porém, passou o efeito IPCA e as taxas voltaram a rondar a estabilidade, em compasso de espera pelo Fed e entrevista de Powell. Após a divulgação do comunicado, se firmaram em baixa, com os vencimentos longos, mas sensíveis ao exterior, em destaque, e depois ampliaram o recuo com as declarações do presidente do Fed e ignorando a piora no câmbio.

"Nossa leitura foi bem 'dove', com sinalização de que vão fazer o que estiver ao alcance para retomada. O mercado local reagiu com recuo das taxas do miolo da curva até a longa, mas a moeda estressou", afirmou Cássio Andrade Xavier, trader de renda fixa da Sicredi Asset. Entre os sinais, ele ressaltou as projeções do Fed indicando que a maioria dos dirigentes vê juros estáveis até 2022 e Powell enfatizando as incertezas sobre a evolução do cenário.


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