Parques eólicos em alto mar: investidores aguardam normas para primeiros leilões de exploração marítima
Pelo menos 27 projetos protocolados junto ao Ibama são no RS; enquanto isso, portos gaúchos se preparam para receber nova indústria
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A exploração do mar para geração de energia eólica já faz parte do horizonte energético brasileiro. A estimativa é que os parques eólicos em alto mar se tornem uma realidade por volta de 2035.
Com a aprovação do marco legal no início deste ano, lei 1597/2025, os investidores agora aguardam as chamadas “regulamentações infralegais”, normas complementares que viabilizarão os primeiros leilões de áreas marítimas.
Após os primeiros leilões, a projeção é que os empreendimentos demorem até 10 anos para serem instalados e entrarem em operação.
“Ainda existem complementações regulatórias que serão fundamentadas para que se possa viabilizar essa tecnologia, principalmente critérios que serão adotados nos processos de licitação e estudos de macro áreas que têm sido desenvolvidos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE)”, afirma Matheus Noronha, Head de Energia Eólica Offshore da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica).
Os interesses empresariais geram disputa por território. Para se ter uma ideia, já são conhecidos 97 projetos offshore em processo de licenciamento junto ao Ibama até o momento, alguns deles sobrepostos nas mesmas áreas. Destes projetos, 27 são no Rio Grande do Sul.
Os impactos ambientais ainda estão sob avaliação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), autoridade responsável pela aprovação deste tipo de empreendimento.
Segundo a ABEEólica, o setor de eólicas “offshore” (situado no mar) teria potencial de gerar até 700 GW no país, o triplo da capacidade instalada de toda a atual rede elétrica nacional. Conforme números do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), somente no Rio Grande do Sul projetos offshore podem movimentar até US$ 60 bilhões de investimentos se aprovados.
O novo modal elétrico também pode atrair investimentos em plantas de hidrogênio verde, tecnologia altamente consumidora de energia elétrica, que também se instalaria na costa marinha.
Portos gaúchos se preparam para receber nova indústria
De acordo com Fernando Estima, diretor de hidrogênio verde no Sindienergia-RS, os portos gaúchos já mapeiam adaptações necessárias para comportar a indústria offshore. A ABEEólica, por sua vez, também está elaborando estudos setoriais para orientar o desenvolvimento da indústria.
“A gestão portuária vem se preparando para poder receber todos esses equipamentos. Só vamos ter parques de energias renováveis no mar se a gente tiver terminais que possam ser suporte para isso e também construir parte desses materiais. A indústria eólica offshore, diferente da onshore, já está em dimensões muito grandes, uma torre tem 200 metros, uma pá 160 metros, isso não tem mais como circular no território, isso tem que ser uma indústria da beira do mar para o mar”, ressaltou.
Além disso, a autoridade portuária gaúcha, Portos RS, com apoio do Sindienergia-RS, já desenvolveu um Plano Espacial Marinho para reconhecimento de áreas favoráveis à instalação de empreendimentos.
“Não vamos brigar, se eu tenho uma área onde está sendo estudada a importância de um parque ambiental submarino, não vou discutir agora essa área”, destaca Estima.
Mas para ganhar agilidade na prática, a nova indústria depende do congresso e do governo brasileiro. Segundo Fernando Estima, diretor de hidrogênio verde no Sindienergia-RS, o caminho será a importação de peças e posterior pavimentação da indústria nacional.
“Os agentes privados vão se movimentar rapidamente, trata-se de uma conta de investimento. Essa conta para fechar positivo depende de ações governamentais, por exemplo, os tributos nacionais talvez não sejam os mais apropriados para um mercado internacional. Quanto se cobra de tributo numa torre de aço, no aço brasileiro dentro do Brasil? Talvez a gente tenha que ter menos apetite de imposto para fazer a conta parar de pé. Se eu quiser conseguir construir parte dessas torres no Brasil, eu tenho ações para fazer, tem a regulamentação, aprovada no final do ano passado, agora a gente tem que fazer a regulação para os primeiros leilões”, defende Estima.
Fórum de Energias Renováveis 2025
As oportunidades do mercado offshore estarão presentes nos debates do 5° Fórum de Energias Limpas e Renováveis, uma realização do Sindienergia-RS e do Correio do Povo.
Com vagas limitadas, o evento é aberto ao público. As inscrições gratuitas estão disponíveis na plataforma Sympla.
O evento ocorrerá no dia 10 de junho, das 8h às 18h, no Teatro CIEE-RS Banrisul, R. Dom Pedro II, 861 - São João, Porto Alegre - RS.