Ibovespa cai 1,10% no dia com correções, mas encerra outubro com ganho de 2,36%

Ibovespa cai 1,10% no dia com correções, mas encerra outubro com ganho de 2,36%

Dólar sobe e fecha aos R$ 4,00 após uma sessão com bastante volatilidade

AE

O Índice Bovespa terminou o dia aos 107.219,83 pontos

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O último dia de outubro foi de realização de lucros na bolsa brasileira, que pegou carona no viés negativo que vigorou no mercado americano. Em queda desde a abertura nesta quinta-feira, o Índice Bovespa terminou o dia aos 107.219,83 pontos, com baixa de 1,10%. Mesmo assim, terminou o mês com valorização de 2,36%, levando os ganhos acumulados no ano para 22,0%. Os negócios no pregão somaram R$ 19,3 bilhões.

Lá fora, as novas dúvidas quanto à capacidade de Estados Unidos e China chegarem a um entendimento no campo comercial continuaram no rol de preocupações dos investidores. O quadro de cautela foi reforçado pela desaceleração da atividade industrial de Chicago em outubro, elaborado pelo Instituto para a Gestão da Oferta (ISM).

No cenário doméstico, o noticiário foi considerado escasso, deixando em evidência a polêmica em torno das declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que defendeu a possibilidade de adoção de uma espécie de AI-5 pelo governo, na hipótese de haver no Brasil protestos populares semelhantes aos que ocorrem no Chile. As declarações, que geraram fortes reações no âmbito político e Judiciário, não tiveram eco na fala do pai do deputado, o presidente Jair Bolsonaro, que descartou qualquer ato nesse sentido. "Quem quer que fale em AI-5 está sonhando", disse.

Profissionais do mercado ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, afirmaram que o mais recentes episódio polêmico envolvendo o clã Bolsonaro gerou desconforto, mas não ao ponto de influenciar o ambiente de negócios na bolsa, que segue positivo. Inflação sob controle, juros baixos e aprovação da reforma da Previdência são alguns dos fatores que motivam uma percepção mais otimista dos analistas.

"A alta do Ibovespa no mês poderia ser maior, mas o clima segue positivo e vejo razões para uma visão otimista para a bolsa", afirma Alvaro Bandeira, economista da Modalmais. Ele acrescenta ao cenário favorável a proximidade do leilão da cessão onerosa, marcado para o próximo dia 6, e o retorno tímido, mas constante, do capital estrangeiro na bolsa nos últimos dias.

As ações do setor financeiro e a Vale comandaram as quedas no dia. Vale ON perdeu 2,86%, repercutindo a queda nos preços do minério de ferro no mercado chinês e alguma cautela do investidor ante o acionamento preventivo do protocolo de emergência na barragem de Forquilha IV, em Ouro Preto (MG). Já entre os bancos, a queda foi atribuída mais essencialmente ao movimento de correção, uma vez que esse grupo respondeu pelo melhor desempenho na bolsa em outubro. O Índice Financeiro (IFNC) caiu 1,78% no dia, mas teve ganho de 4,91% em outubro.

Dólar

O dólar à vista fechou em alta de 0,55% aos R$ 4,0092 depois de uma sessão com bastante volatilidade provocada pelo fechamento da Ptax de outubro, por questões externas envolvendo, entre outros temas, o conflito EUA x China, e também o noticiário político interno. Com o resultado desta quinta-feira, o dólar encerra o mês em queda de 3,51%. Com isso, devolve praticamente metade da alta acumulada no ano até o mês passado.

O fortalecimento do dólar acontece em uma sessão que deveria ter sido pautada por queda do dólar, segundo agentes do mercado. O real mais forte era esperado, visto que a comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom) de quarta foi interpretada como "menos dovish" do que o previsto. "O dia de hoje (quinta) era de dólar para baixo depois do comunicado do Copom", afirmou o sócio e gestor dos fundos multimercados da Quantitas, Rogério Braga.

Em relatório, os analistas do Citi demonstraram o mesmo entendimento. "Para o câmbio, o ambiente é positivo para o real, uma vez que um risco era um Copom excessivamente 'dovish'. Com esse risco mitigado, esperamos que o real continue sendo bem negociado no início de novembro e, assim, continuamos recomendando ficar comprado na moeda", escrevem os analistas.

"O mercado entrou para o 'trade' de venda na abertura da sessão mas, ao longo do dia, teve deterioração lá fora que gerou 'stops' (interrupção de perdas). O 'trade' do dia também sofreu com a história do 'AI-5'", diz Braga, referindo-se à sugestão do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de edição eventual de um novo Ato Institucional número 5.

"Há muitos ruídos nas questões políticas e todo mundo envolvido nisso, em vez de discutir as reformas. Tivemos a crise dentro do PSL há poucos dias. Nesta quinta, deputados da base governista entraram em novas discussões com o filho do presidente. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, critica o filho do presidente. Não que o mercado tenha grandes preocupações, porque as crises têm sido passageiras. Mas, num primeiro momento, a reação é de receio de que uma crise dessas venha a ficar maior", afirmou Braga. Ele disse ainda que a fala do deputado gerou desconforto, mas que, passado o fluxo técnico de "stops", o mercado voltou para o racional do dia (redução de posição comprada em dólar).

Essa desaceleração da alta do dólar ante o real sucedeu a reação do presidente Jair Bolsonaro à fala do filho em entrevista à imprensa. O presidente afirmou que "quem está falando sobre AI-5 está sonhando". "Não existe. AI-5 é no passado, existia outra Constituição, não existe mais. Esquece. Vai acabar a entrevista aqui", afirmou Bolsonaro.

Taxas de juros

Como esperado após as sinalizações do comunicado do Copom na quarta-feira, a curva de juros se ajustou em alta nas taxas curtas, enquanto as longas oscilaram entre a estabilidade e viés de queda, perdendo inclinação nesta quinta-feira. No texto, os diretores evitaram se comprometer com mais cortes da Selic no ano que vem, provocando correção de apostas mais ousadas, de que a Selic terminal poderia ser de 4% ou menos, que vinham crescendo nos últimos dias. A mensagem do BC conduziu os negócios durante todo o dia, colocando outros assuntos, como as declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e os indicadores do dia, em segundo plano.

O ajuste ao Copom elevou significativamente o volume de contratos negociados -- as taxas curtas avançaram pouco mais de 10 pontos-base. O destaque foi o Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021, que movimentou cerca de 990 mil contratos, fechando com taxa de 4,49%, ante 4,346% na quarta no ajuste. Com isso, retomou os níveis atingidos logo após a divulgação do IPCA-15 de outubro (+0,09%), que veio bem acima das estimativas (+0,03%). O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 5,41%, de 5,35%. A taxa do DI para janeiro de 2025 ficou estável em 6,03% e a do DI para janeiro de 2027 passou de 6,431% para 6,39%.

"Os vencimentos do miolo da curva refletem o tom mais cauteloso do BC, com ajustes de quem estava mais posicionado para Selic abaixo de 4%. O comunicado colocou um pouco de freio nessas apostas", disse o economista Julio Barros, da Mongeral Aegon Investimentos.

O Comitê sinalizou que a consolidação do cenário benigno para a inflação deve permitir um ajuste adicional de 0,5 ponto porcentual em dezembro e entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo. Com isso, tanto apostas residuais de queda de 0,75 ponto porcentual na próxima reunião foram corrigidas, como também perderam fôlego as de redução de 0,5 ponto no começo de 2020. A curva, que até quarta projetava Selic terminal entre 4% e 4,25%, nesta quinta precifica entre 4,25% e 4,50%, mais precisamente 4,35%.

Apesar do comunicado menos "dovish" do que o anterior, algumas instituições revisaram para baixo suas expectativas para a Selic, caso do Citi. O banco, que via apenas mais um corte em dezembro, para 4,5%, agora espera mais dois adicionais, de 0,25 ponto, e devem ser concluídos no início de 2020. No fim de 2020, a taxa estará em 4%. E no fim de 2021, a previsão é de que suba para 5,75%.

Com o foco voltado exclusivamente ao Copom, não houve espaço para outros temas, que fizeram preço no câmbio por exemplo. As declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), defendendo medidas drásticas - como "um novo AI-5" - caso ocorram no Brasil manifestações de rua como as do Chile atualmente, causaram desconforto especialmente diante da repercussão fortemente negativa no Congresso.


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