Ibovespa encerra pregão em novo recorde, aos 109.580,57 pontos

Ibovespa encerra pregão em novo recorde, aos 109.580,57 pontos

Esta quinta-feira foi de ajustes técnicos para o dólar, que terminou o dia em R$ 4,09

AE

Novo nível é alcançado apenas três dias após índice fechar no recorde

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Passada a frustração dos investidores com os leilões de petróleo e gás, a Bolsa abriu espaço na sessão de negócios desta quinta-feira para receber bons ventos do exterior, onde os mercados acionários operaram com ganhos conduzidos pela expectativa de um desmonte, mesmo que gradual, da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Nessa toada, o Ibovespa encerrou o pregão em máxima histórica aos 109.580,57 pontos e alta de 1,13%. Esse novo nível é alcançado apenas três dias após o índice fechar no recorde dos 108.779,33 pontos, na segunda-feira. A expectativa de analistas é a de que o mercado acionário encerre os negócios, sexta-feira, também no positivo, o que levaria a acumular cinco semanas consecutivas de valorização.

Após ter batido sucessivas máximas e recordes intraday, acompanhando seus pares em Nova York, o Ibovespa arrefeceu o ímpeto também por causa do mercado americano. A notícia, de fontes, de que a remoção de tarifas enfrenta forte oposição dentro da Casa Branca e de que nenhuma decisão final foi tomada ainda resfriou levemente o ânimo dos investidores.

As ações da Petrobras tiveram ganhos firmes na segunda etapa do pregão, após manhã de volatilidade. Analistas dizem, praticamente em uníssono, que a empresa "levou a melhor" nesses leilões, conseguindo comprar ativos muito produtivos por bom preço. "Para a Petrobras o resultado foi muito bom, mesmo que não para os governos que esperavam os recursos", disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura.

Os papéis ordinários e preferenciais da petroleira encerraram o dia com ganhos de 3,21% e de 4,01%, respectivamente. Eles também refletiram o avanço nos contratos futuros de petróleo com investidores dispostos a correr risco.

O contexto atual de bons fundamentos macroeconômicos - juros na mínima e uma política fiscal mais restritiva - e com revisão para cima das projeções de crescimento embala vários setores da Bolsa. O setor de siderurgia foi destaque de alta após relatório do Credit Suisse prever crescimento de 8% na demanda por aço longo e de 4% por aço plano no Brasil no ano que vem. Usiminas PNA encerrou subindo 7,93%. Entre as blue chips, Banco do Brasil ON passou a tarde toda em queda para encerrar estável (0,00%).

Dólar

O mercado tenta encontrar um novo patamar para o dólar após a frustração na expectativa de entrada de recursos no País com o leilão do excedente da cessão onerosa, realizado quarta-feira. Segundo operadores, esta quinta foi de ajustes técnicos para a moeda, que deve seguir mais valorizada, acima dos R$ 4, por razões sazonais. No fim do ano, é comum o aumento da procura por dólares por parte de empresas e fundos, que enviam remessas ao exterior.

No fim do pregão, a moeda terminou cotada em R$ 4,0930, uma alta de 0,25% e o maior valor desde 21 de outubro. A moeda americana chegou a ter queda ante o real pela manhã, influenciada por um exterior favorável, com mais apetite a risco. Logo após a abertura, marcou a mínima do dia, aos R$ 4,04. O bom humor externo, no entanto, não foi suficiente para segurar um segundo dia de reposicionamento de investidores.

No fim da manhã, o resultado de um segundo leilão frustrado piorou o incômodo dos investidores e o dólar escalou até tocar os R$ 4,1022 na máxima do dia. A 6ª rodada de licitações de partilha terminou com apenas um dos cinco blocos licitados. A Petrobras, com a chinesa CNODC, arrematou o campo mais nobre, de Aram, numa surpresa para o governo, segundo admitiu o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone.

A notícia desagrada por vir na esteira da frustração com o leilão do excedente da cessão onerosa. Das quatro áreas ofertadas, apenas duas foram arrematadas, ambas pela Petrobras, que teve em um dos campos a participação de duas empresas chinesas. Assim, a expectativa de uma entrada massiva de dólares por meio de interessados estrangeiros - que pressionou a moeda americana para baixo nos últimos dias - não se concretizou.

"A expectativa era de fluxo muito grande, o gap que teve do resultado, em termos de fluxo de entrada, foi uma diferença muito grande. No meu cenário, acho que todo o movimento de apreciação recente do real foi relacionado mais a (espera de) fluxo e menos a fundamento. Uma vez que você quebrou isso, vai ter fluxo de saída pela sazonalidade", disse o diretor da Absolute Invest, Roberto Serra. Para ele, de agora até o fim do ano, o dólar deve oscilar bastante, mas haverá "muito mais dias de câmbio piorando".

O economista e sócio da Journey Capital, Victor Candido, também pontua que o movimento dos últimos dias tem sido mais técnico e menos baseado em fundamentos. Ele pondera, contudo, que retirados os fatores sazonais, há fatores que podem favorecer o real em médio prazo. "Se confirmar a trégua com a China, se mercados continuarem nessa toada de tomar risco, o Brasil continua ganhando. É um bom emergente, vai ter fluxo", disse. O dólar nesta quinta teve um dia de queda frente à maior parte dos emergentes, com um melhor apetite a risco.

Para Candido, apesar da alta que levou o dólar a ganhar R$ 0,10 nos últimos dois dias, a moeda não teve movimentos bruscos durante à tarde, o que pode indicar que encontrou um novo patamar de acomodação.

Taxas de juros

Após se movimentar durante muito tempo a reboque de eventos internos, nesta quinta-feira o mercado internacional teve um papel relevante na curva de juros doméstica, que, a exemplo de quarta, continuou ganhando inclinação. As taxas já subiam pela manhã, pressionadas pelo dólar e pelos dados de inflação locais acima da mediana das estimativas.

Mas o avanço teve um impulso à tarde, principalmente na ponta longa, em função da disparada do rendimento dos Treasuries. Com a T-Note de dez anos no maior nível desde o fim de julho, o dólar novamente perto dos R$ 4,10 e números de inflação reforçando a percepção de que dificilmente os índices de preços voltarão a surpreender para baixo no curto prazo, o mercado de juros aproveitou para realizar lucros.

Após fecharem a sessão regular em alta, as taxas continuaram avançando na etapa estendida. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou o dia na máxima de 4,55%, após 4,54% na regular e 4,489% na quarta no ajuste. A do DI para janeiro para 2023 fechou a regular com taxa de 5,62% e a estendida, em 5,64%, de 5,571%. A taxa do DI para janeiro de 2025 subiu de 6,141% para 6,21% na regular e 6,22% na estendida. A do DI para janeiro de 2027 avançou de 6,471% para 6,54% (regular) e 6,56% (estendida).

As taxas encerraram o dia nos picos desde meados de outubro, num movimento de correção que teve início quarta, com a frustração com o leilão da cessão onerosa, que, ao contrário do que se esperava, não gerou interesse do investidor estrangeiro. Este era considerado o último grande evento do ano capaz de trazer mais alívio às taxas, que nas últimas semanas vinham renovando mínimas históricas. Ou seja, há grande espaço para correções. Nesta quinta, o desconforto aumentou um pouco com o leilão de áreas de pré-sal, que teve apenas um dos cinco blocos licitados.

"As taxas sobem com realização de lucros, puxadas pelo dólar. E tem ainda o peso do lado fiscal depois dos leilões. Afinal, o governo ficou 'short' nas receitas em R$ 30 bilhões para fechar as contas este ano", disse Vitor Carvalho, sócio-gestor da LAIC-HFM.

À piora da percepção do risco fiscal, a ponta longa teve ainda o 'input' negativo vindo dos Treasuries, com o yield da T-Note de dez anos abrindo cerca de 10 pontos-base num único dia e voltando a ser negociado acima de 1,90%.

Internamente, o IPCA (0,10%) e o IGP-DI (0,55%) de outubro acima das respectivas medianas das estimativas, de 0,07% e 0,47%, contribuíram para a redução da exposição ao risco. Não que trouxessem preocupações sobre o quadro inflacionário, pois o IPCA em 12 meses de 2,54% está abaixo do piso da meta para este ano (2,75%) e com núcleos bem comportados. Porém, "o mercado começa a perceber que o que tinha de downside para a inflação já foi e os últimos meses do ano são sazonalmente de pressão no câmbio", afirma Vitor Carvalho.


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