Ibovespa sobe 2,06% e dólar bate R$ 3,95

Ibovespa sobe 2,06% e dólar bate R$ 3,95

Índice Bovespa chega aos 102.163 pontos com menor percepção de risco no mercado internacional

AE

Dólar fechou dia praticamente estável após seis altas seguidas

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A percepção de arrefecimento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China deu condições para o Índice Bovespa recuperar nesta terça-feira quase toda a perda da véspera, quando uma onda de aversão ao risco causou quedas generalizadas nos mercados de renda variável. O principal índice de ações da B3 já iniciou o dia em terreno positivo e fechou com alta de 2,06%, aos 102.163,69 pontos, muito próximo da máxima do dia.

A alta foi generalizada entre as blue chips, mas foi garantida principalmente pelo setor financeiro, bloco de maior peso na composição da carteira do Ibovespa. O índice que congrega 17 papéis do setor financeiro, incluindo previdência e seguros (IFNC), teve alta de 2,71%. Entre os papéis dessa carteira, destaque para Itaú Unibanco PN (+3,02%).
Os sinais de que a China não deve iniciar uma guerra cambial contra os Estados Unidos foi o gatilho de uma recuperação global dos mercados de ações. As bolsas de Nova York subiram mais de 1% e o MSCI Emerging Markets, que mede a variação das bolsas de 24 países emergentes, terminou o dia com ganho de 1,43%.

No ambiente doméstico, o noticiário foi considerado como um pano de fundo positivo, mas sem novidades que pudessem influenciar os negócios. No foco das atenções está a votação da reforma da Previdência em segundo turno na Câmara, cujas discussões se iniciam nesta terça. Analistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, foram unânimes ao avaliar que a aprovação da reforma já está precificada, com limitado poder de impulsão às ações.

Para Rodrigo Franchini, responsável pela área de produtos da Monte Bravo, o avanço das ações dependerá daqui em diante do desafio do governo de promover a recuperação da economia doméstica, em meio ao ambiente de volatilidade do mercado internacional.

"A aprovação da reforma da Previdência está encaminhada e os juros recuam. Há ainda medidas microeconômicas, como a liberação de recursos do FGTS. O mercado agora estará mais atento à questão prática, uma vez que os indicadores mostram que a economia ainda está muito parada", disse o profissional. A reforma tributária, disse Franchini, é algo tão importante quanto a da Previdência, mas será mais difícil e demorado, tendo seus efeitos esperados para mais além.

Enquanto as incertezas persistem, os investidores estrangeiros continuam a retirar recursos da bolsa brasileira. Na última sexta-feira foram mais R$ 724,023 milhões, o que leva o acumulado do ano a um saldo negativo de R$ 11,984 bilhões. Em julho, mais de R$ 6,5 bilhões em recursos externos deixaram a bolsa.

Dólar

O dólar teve um dia de trégua nesta terça-feira, após o nervosismo de segunda, que levou a moeda para perto de R$ 4,00. Com o alívio no exterior, após a China não permitir desvalorização maior do yuan, a moeda americana teve uma manhã volátil, mas passou a operar perto da estabilidade e fechou cotada em R$ 3,9551, praticamente estável (-0,03%), interrompendo uma sequência de seis altas seguidas. A retomada das discussões sobre a Previdência na Câmara é monitorada pelas mesas de câmbio, mas operadores destacam que a aprovação no segundo turno da Câmara já está embutida nos preços e o foco maior agora deve ser no exterior, na relação entre Pequim e Washington.

Na máxima, o dólar chegou a bater em R$ 3,98, seguindo a alta da moeda americana no exterior ante divisas fortes e emergentes. Mas o movimento perdeu fôlego lá fora e se refletiu aqui e a moeda americana chegou a recuar para R$ 3,93, na mínima do dia.

"O mercado está mais tranquilo com a volta do yuan", afirma o economista David Beker, chefe de Economia e Estratégia para o Brasil do Bank of America Merrill Lynch, destacando que a preocupação de que a guerra comercial se transforme em guerra cambial provocou forte nervosismo na segunda feira e segue no radar dos investidores. Mas nesta terça a China fixou o valor do dólar a 6,9683 yuans e ajudou a melhorar o humor do mercado internacional. "A China é uma economia importante para o mundo e desvalorizando a moeda, podemos eventualmente observar esse processo de guerra cambial se exacerbando."

Beker ressalta que, no começo do ano, a discussão era se o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ia elevar os juros e fortalecer o dólar, depreciando moedas de emergentes. Em seguida, a discussão mudou para se haveria cortes de juros e enfraquecimento ou estabilidade do dólar. "Mas outros bancos centrais começaram a cortar juros e esse enfraquecimento acabou não ocorrendo. Agora tem esse ingrediente adicional da guerra comercial e da guerra cambial", disse ele, destacando que o movimento pode manter as moedas de emergentes enfraquecidas. Ao mesmo tempo, esse movimento de cortes de juros deve prosseguir, o que levaria fluxos para emergentes.

A tramitação da Previdência na Câmara deve ser retomada nesta terça à noite, mas o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, ressalta que o foco segue no exterior. Mesmo com o estresse de segunda, ele ressalta que não há falta de liquidez no mercado, o que não justifica interferência do Banco Central. Uma das mostras é que o volume de negócios no mercado futuro foi alto, em US$ 20,3 bilhões até às 17h15.

Taxas de juros

A recuperação global dos ativos de risco, com diminuição dos temores de guerra cambial, e o tom ameno da ata do Copom abriram espaço para uma queda firme dos juros futuros nesta terça-feira. Em trajetória descendente desde o início do pregão, as taxas aceleraram o ritmo de queda à tarde, acompanhando a diminuição da alta do dólar, e fecharam a sessão regular perto das mínimas, em dia de volume negociado robusto.

Na avaliação dos analistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a ata do Copom reforçou o tom suave do comunicado da decisão da semana passada, deixando a porta aberta para um novo corte da Selic em 0,50 ponto porcentual. Segundo cálculos de operadores, com a movimentação desta terça, as taxas futuras espelham um mercado divido entre nova redução de 0,50 ponto e uma queda de 0,25 ponto em setembro.

Em sua ata, o Copom voltou a indicar que há espaço para novo corte da Selic, ao afirmar que "a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo". Mais uma vez, o Copom salientou a relevância da agenda de reformas para manutenção da "consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva". O chacoalhão do ambiente global ainda não aparece no horizonte do Copom. A ata repete que "o cenário externo evoluiu de maneira benigna" e que os riscos associados à desaceleração global permanecem.

"A piora no externo foi posterior à última reunião e, dessa forma, não esperávamos uma citação ao ocorrido na ata. O BC até poderia ter aproveitado para dar um recado, mas a avaliação do cenário externo benigno foi mantida", afirma a economista-chefe da Mongeral, Patrícia Pereira, acrescentando que o Copom pode sinalizar se houver uma mudança em sua avaliação sobre o ambiente global daqui até o próximo encontro.

A economista observa que a ata reforçou o conteúdo do comunicado, sugerindo mais um corte de 0,50 ponto da Selic em setembro. Ela trabalha com a possibilidade de mais uma redução de 0,50 ponto no encontro do Copom em dezembro, o que levaria a Selic a 5%. Uma frustração com a reforma da Previdência seria o risco preponderante à concretização do ciclo de afrouxamento monetário. "Mas se o cenário externo piorar e contaminar as expectativas de inflação, o BC também pode optar pela manutenção", diz.

Com a Previdência bem encaminhada e mais reduções da Selic, operadores veem espaço para redução dos prêmios ao longo da curva a termo. Isso, é claro, se não houver um recrudescimento das tensões entre China e Estados Unidos. Em meio ao bombardeio do governo americano, que acusa a China de "manipulação cambial", o Banco do Povo da China (PBoC) não permitiu que a taxa de câmbio oficial superasse a marca psicológica de 7 yuans por dólar. Isso amenizou os temores de que as disputas comerciais descambassem para uma "guerra cambial", o que abalaria a economia global.

No fechamento do pregão regular, DI para janeiro de 2020 marcava 5,525%, ante 5,56% no ajuste de segunda. Na parte intermediária da curva, DI para janeiro de 2021 passou de 5,569% para 5,49%, e o DI para janeiro de 2023, de 6,54% para 6,42%. Na ponta longa da curva, DI para janeiro de 2025 desceu de 7,05% para 6,94%.


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