Ibovespa tem recuperação acentuada e fecha acima dos 118 mil pontos

Ibovespa tem recuperação acentuada e fecha acima dos 118 mil pontos

Dólar teve um dia de queda e terminou em R$ 4,17, com baixa de 0,71%

AE

Índice Bovespa chegou perto da máxima da sessão

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Após queda de 1,54% no dia anterior, que o levou a quase escorregar dos 117 mil pontos, o Ibovespa teve recuperação acentuada na última hora de negócios desta quarta-feira, encerrando bem perto da máxima da sessão, em alta de 1,17%, a 118.391,36 pontos, mesmo com a perda de ímpeto em Nova York. O giro financeiro totalizou R$ 22,5 bilhões, em sessão na qual o índice oscilou entre mínima de 117.035,48 e máxima de 118.400,98 pontos, atingida nos instantes finais. Na semana, a referência reduziu a perda a 0,07% e, no mês, avança 2,37%. Anteontem, o principal índice da B3 renovou máxima histórica, a 118.861,63 pontos, no fechamento - o de hoje foi o terceiro maior de que se tem registro, superado também pelo do último dia 2, então a 118.573,10 pontos.

Depois de perdas acentuadas no dia anterior, a ação da Vale fechou a quarta-feira em alta moderada, de 0,48%, enquanto a preferencial de outro peso-pesado, Petrobras, seguiu em terreno negativo (-1,11% na PN, com ON estável), em dia de forte correção nos preços do petróleo, com os contratos futuros da commodity em queda acima de 2%. Entre as componentes do Ibovespa, destaque absoluto para a Usiminas, em alta de 13,93% no fechamento, após o Bradesco BBI colocar a ação como "top pick" do setor de siderurgia - a empresa anunciou na terça-feira aumento de mais de 10% a partir de março para a rede de distribuição. A ação da CSN foi a de segundo melhor desempenho, em alta de 6,96% no encerramento.

De ontem para hoje, em nível global, houve moderação do temor quanto ao potencial de disseminação de nova variedade do coronavírus, que causou até o momento 17 mortes na China, ante 550 casos de infecção confirmados. No Brasil, a primeira suspeita da doença chegou a ser confirmada nesta quarta-feira, em Belo Horizonte (MG), pela secretaria estadual de Saúde: uma mulher de 35 anos que esteve em Xangai. Mais tarde, o Ministério da Saúde negou a informação, com base no fato de que a pessoa não esteve em Wuhan, cidade onde surgiu a doença.

Instituições como o banco americano Wells Fargo e a consultoria britânica Capital Economics manifestaram hoje percepção de que os efeitos sobre a economia tendem a ser limitados e transitórios. "Não dá para saber por quanto tempo esta preocupação pode persistir, mas a reação de hoje é de que não será como a SARS em 2003", diz Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, referindo-se a uma onda de aversão global a risco também originada na Ásia, por razão de saúde pública.

A julgar pelo comportamento do Ibovespa e de índices do exterior, como o S&P 500, ela considera que o mercado brasileiro vinha se inclinando à decepção, talvez exagerada, com os dados parciais do quarto trimestre sobre a economia interna - como a produção industrial, a atividade de serviços e as vendas do varejo em novembro -, que resultou em correção do "excesso de otimismo" que prevalecia até então para o desempenho doméstico em 2020. Por outro lado, a percepção de que dados menores sobre a atividade mantêm a porta aberta para novo corte da Selic continua a dar suporte a compras de ações.

A temporada de balanços locais, a partir da próxima semana, especialmente as referências que as empresas darão para o ano, contribuirá para que o mercado continue a se ajustar - a série de números trimestrais começa na segunda-feira, dia 27, com Cielo. Na agenda macro, após a decepção inicial com as leituras que têm chegado, ainda referentes ao fim de 2019, será preciso esperar um pouco mais para que se tenha "dados limpos de efeitos como a liberação de recursos do FGTS", de forma a se obter mais clareza sobre a perspectiva para o ano, acrescenta a economista.

Dólar

O dólar teve dia de queda e terminou em R$ 4,1753, em baixa de 0,71%. Profissionais de câmbio relatam que os investidores aproveitaram o dia mais tranquilo no exterior, com a moeda americana caindo em vários mercados emergentes, para corrigir os excessos da véspera, quando a divisa bateu em R$ 4,20, fechando no maior nível em quase 50 dias. Captações externas também trouxeram certo alívio ao mercado. O Bradesco fechou hoje emissão de US$ 1,6 bilhão, com demanda chegando a US$ 4,5 bilhões. Com isso, o real foi uma das moedas que mais ganhou força hoje ante o dólar em uma cesta de 34 dividas, atrás do rand da África do Sul e do peso da Colômbia.

Após uma terça-feira de estresse no mercado internacional, por conta do temor de disseminação internacional do novo tipo de coronavírus, que fez várias vítimas na China, a terça-feira foi de alívio após autoridades em Pequim e em outros países sinalizarem que estão sendo feito esforços para evitar a propagação da doença, que já fez 17 vítimas no país asiático.

"Investidores comemoraram medidas tomadas nos Estados Unidos e no exterior para conter o surto de um coronavírus potencialmente mortal", observa a economista da corretora Stifel, Lindsey Piegza. Com isso, o dólar caiu ante a maioria dos emergentes.

O diretor de tesouraria de um banco observa que, apesar do alívio de hoje, que é basicamente uma correção da forte alta de ontem, janeiro tem sido um mês ruim para o real. O dólar acumula alta de 4% no ano. Com isso, o real tem o pior desempenho em uma cesta de 34 divisas em janeiro.

O ambiente externo ainda incerto deve manter o dólar ao redor de R$ 4,00 pela frente, avalia o economista-chefe para Brasil do Citi, Leonardo Porto, em relatório. A rápida acomodação do potencial de conflito entre Irã e EUA e a assinatura do acordo comercial fase 1 entre a Casa Branca e Pequim foram positivos para as moedas de emergentes.

Para maior apreciação do real, o economista observa que será preciso evidências adicionais de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) está se acelerando, além do avanços da agenda de reformas de Jair Bolsonaro.

Entre os fatores que podem pressionar o real, está a incerteza sobre os próximos passos de acordo comercial entre EUA e China, observa o Citi. Há ainda a tendência de elevação do déficit em conta corrente do Brasil, para 3,2% este ano, ante média de 2%. O banco americano prevê que o PIB deve crescer 2,2% este ano e o Banco Central deve parar os cortes de juros, com a Selic permanecendo no nível atual de 4,5% em 2020. O dólar deve encerrar dezembro em R$ 3,98.

Juros

As expectativas em torno do IPCA-15 e o dólar em queda levaram a curva de juros para baixo em todos os trechos, com especial recuo nos vencimentos de curto e médio prazo. No contrato do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021, que reflete melhor as previsões para política monetária, a taxa fechou a sessão regular e estendida em 4,340%, a menor da história. Desta forma, a aposta de corte da Selic em 0,25 ponto porcentual daqui a duas semanas passou de 63% ontem para 73%, nos cálculos da Quantitas Asset Management.

A taxa do DI para janeiro de 2023 recuou de 5,600% ontem para 5,540% (regular e estendida). A do janeiro 2025 passou de 6,340% para 6,300% (regular e estendida). E a do janeiro 2027 foi de 6,730% para 6,700% (regular) e 6,690% (estendida, na mínima).

Na véspera da divulgação do IPCA-15, que deve mostrar que o alívio nos preços de proteínas chegou ao consumidor final, o câmbio foi fator determinante para a queda ainda mais acentuada das taxas. O dólar à vista fechou a R$ 4,1753, em baixa de 0,71%, o que coloca o real como uma das três moedas que mais se valorizou ante a divisa americana hoje.

"A distensão do dólar fez o mercado voltar ao principal: como vai se comportar a política monetária?", disse o economista e operador de renda fixa da Nova Futura, André Alírio. "E, na margem, está se consolidando, a cada dia que passa, a continuidade do afrouxamento, dada a moderação das pressões inflacionárias do preço das carnes."

A percepção de Alírio é compartilhada por economistas do mercado financeiro. Na pesquisa do Projeções Broadcast sobre o IPCA-15 de janeiro, outros profissionais disseram esperar que as carnes devem conduzir a uma descompressão do índice. Para o indicador cheio, as estimativas de 41 casas vão de 0,55% a 0,76%, com mediana de 0,70%. Em dezembro, havia sido de 1,05%.


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