Cerca de 5,4 milhões de visitantes internacionais haviam chegado no Brasil entre janeiro e outubro deste ano, número 13% maior do que o registrado no mesmo período em 2023. É o que mostram informações publicadas pelo Ministério do Turismo em parceria com a Embratur e a Polícia Federal na última sexta-feira, 22 de novembro.
Entretanto, no Rio Grande do Sul, o cenário positivo não se repete: até outubro, 723 mil estrangeiros haviam chegado no Estado — redução de quase 20% em relação ao ano anterior, quando o total já ultrapassava 900 mil viajantes. Grande parte da queda ocorreu no período do verão: em janeiro do ano passado, 380 mil estrangeiros escolheram o RS como destino, enquanto no primeiro mês deste ano o número foi de apenas 265 mil.
Com isso, na análise dos dez primeiros meses, o RS caiu da 3ª para a 4ª posição nacional entre os estados que mais receberam turistas de outros países, e foi ultrapassado pelo Paraná, que se tornou a principal porta de entrada para visitantes internacionais da região Sul. Apesar da conjuntura negativa deste ano, o turismo internacional no Estado mostra sinais de recuperação; em outubro, 29 mil estrangeiros chegaram no Estado, melhora de 17% em relação ao ano passado.
Instabilidade política na Argentina e enchentes no RS podem ser motivos
Segundo a Coordenadora de Planejamento e Competitividade da Secretaria Estadual de Turismo e Economia Criativa (Setur-RS), Cláudia Mara, a instabilidade política na Argentina no início do ano e os impactos causados pelas cheias estão entre os fatores para essa desaceleração. “Vimos que a queda se deu principalmente em função da transição política, que diminuiu o número grande de argentinos que ingressavam aqui no Estado", avalia Cláudia, lembrando que as enchentes de maio deste ano forçaram o fechamento do aeroporto Salgado Filho e prejudicaram as condições das estradas gaúchas.
A Argentina exporta mais de 72% dos viajantes estrangeiros internacionais que buscam atrações gaúchas. Em seguida, Uruguai (22,4%), Paraguai (0,9%), Chile (0,8%) e Estados Unidos (0,6%) completam o ranking das principais nacionalidades dos turistas.
Estratégias de incentivo ao setor
Sobre as ações para reverter a baixa procura e também para manter os turistas que entram no Brasil pelo Rio Grande do Sul, mas que não permanecem e seguem para outros estados, a coordenadora disse que a Setur está engajada em um conjunto de iniciativas que buscam incentivar os “hermanos” a visitarem cidades gaúchas. “Estamos promovendo roadshows em parceria com companhias aéreas e convidamos influenciadores e jornalistas argentinos para conhecer as diferentes regiões do Estado.” Ela ressalta que as estratégias de fomento ao turismo variam dependendo do público-alvo.
"O turista internacional procura o que ele não tem na sua região, ou o que ele tem mas gostaria de vivenciar de maneira diferente. O Natal Luz de Gramado, as praias de Torres e os geoparques são os nossos destaques, e, por isso, nossas ações se concentram nessas atrações”, observa Cláudia Mara, da Setur.
Para a coordenadora estadual da Economia Criativa e Turismo do Sebrae RS, Amanda Paim, “o cenário de destruição amplamente veiculado na mídia causou prejuízos à imagem do Rio Grande do Sul como um destino turístico”. Amanda ressalta que o fluxo de turistas internacionais possui grande importância para o crescimento da economia gaúcha. “Os turistas internos ajudam a manter o funcionamento do turismo, mas não injetam dinheiro novo no Rio Grande do Sul. O grande benefício do turismo nacional e internacional é trazer dinheiro novo para dentro do Estado”, pondera a especialista.
2024 (jan-out)
- São Paulo: 1.836.679
- Rio de Janeiro: 1.206.864
- Paraná: 739.967
- Rio Grande do Sul: 723.493
- Santa Catarina: 384.999
2023 (jan-out)
- São Paulo: 1.701.187
- Rio de Janeiro: 948.563
- Rio Grande do Sul: 902.375
- Paraná: 660.009
- Santa Catarina: 233.185
*Sob supervisão da jornalista Karina Reif
