Reduções do IPI e dos juros aumentam endividamento no RS, diz Fecomércio

O total dos débitos em aberto no Rio Grande do Sul alcançou 63,4% da população em abril, variação bem superior a registrada em março (53,2%) e similar a abril do ano passado (63,3%). É o que revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias gaúchas (PEIC-RS), divulgada nesta quinta-feira pela Federação do Comércio de Bens e Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS).

A parcela de gaúchos endividados é um reflexo, segundo economistas da entidade, de três fatores: o período após quitação de parte das dívidas contraídas na época do Natal; medidas como redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de eletrodomésticos, que em geral são adquiridos a prazo; e redução das taxas de juros, que podem estar implicando o aumento do total de dívidas contraídas.

Além disso, a magnitude atípica da queda do indicador em março torna natural uma elevação em abril, conforme a federação. Ainda assim, o percentual de famílias endividadas se mantém abaixo da média histórica (69,3%). Cartões de crédito (80,2%), carnês (32,8%), crédito pessoal (27,6%) e financiamento para compra de automóvel (18%) são os tipos de dívidas mais recorrentes entre no Estado.

A parcela de gaúchos que se declaram muito endividadas subiu de 11,8% em março para 15,2% em abril, retornando ao patamar de fevereiro deste ano. O tempo de comprometimento com dívidas aumentou de 7,4 meses para 8,4 meses, movimento coerente com a formação de novas dívidas.

“Dada a evolução dos últimos anos, podemos avaliar que os números do endividamento estão sob controle, dentro do esperado”, analisa o presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Zildo De Marchi. O dirigente lembra que, mesmo com elevação do endividamento, a parcela da renda comprometida com dívidas apresentou redução de 37,1% em março, para 32,9% em abril.