Saída de Renan e setor externo levam dólar para baixo

Saída de Renan e setor externo levam dólar para baixo

Índice Bovespa fechou em alta de 0,56%

AE

Saída de Renan e setor externo levam dólar para baixo nesta quinta

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Uma confluência de notícias políticas vistas como positivas pelo mercado e otimismo no exterior levaram o dólar a fechar em queda nesta quarta-feira e romper o importante patamar de R$ 3,30 – chegando a R$ 3,28. À tarde, o principal fator que fez com que o dólar renovasse mínimas diversas vezes foi a saída do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da liderança do partido no Senado. Além disso, a perspectiva de aprovação da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) também ajudou no movimento baixista, em dia de fraqueza do dólar mundo afora e recuperação dos preços das commodities.

Depois de forte discurso contra o governo e desentendimentos com membros do PMDB na quinta-feira à noite, Renan Calheiros decidiu deixar a liderança do partido.

Na visão do diretor da Wagner Investimentos, José Raimundo Faria Júnior, a saída de Renan é positiva porque abre maior chance para a reforma trabalhista ser aprovada sem grandes problemas, assim como outras votações. Para ele, a decisão da CCJ é um facilitador importante, principalmente se o número de votos a favor da reforma agradar, o que poderá gerar alguma esperança com a reforma da Previdência.

Segundo um operador de mercado, a saída de Renan - juntamente com a praticamente certa aprovação da reforma trabalhista na CCJ e a notícia de que o ministro Edson Fachin, do Supremo
Tribunal Federal (STF), resolveu encaminhar diretamente à Câmara dos Deputados a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer, assim
como queria a defesa de Temer - fez com que o risco Brasil medido pelo contrato de swap de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) de cinco anos recuasse em torno de 0,8%, para 239
pontos durante a tarde.

Por outro lado, há quem veja a saída de Renan Calheiros como ruim. O economista da Nova Futura, Pedro Paulo Silveira, destaca que a saída gera instabilidade. "Além da incerteza de quem será nomeado, tem a questão de que Renan tem alguma ascendência e o grupo dele pode romper com Temer também", explicou o economista. Para ele, a fraqueza do dólar no exterior deu o tom aos negócios.

A moeda americana acelerou as perdas ante principais divisas e moedas emergentes ao longo do pregão. No caso das divisas emergentes, o dólar operou com fraqueza em dia de alta do
petróleo e novo avanço consistente do minério de ferro.

No mercado à vista, o dólar terminou em baixa de 0,97%, aos R$ 3,2830, menor nível desde 14 de junho (R$ 3,2810). O giro financeiro registrado somou US$ 962,43 milhões. Na mínima, ficou
em R$ 3,2829 (-0,98%) e, na máxima, aos R$ 3,3146 (-0,01%). No mercado futuro, às 17h20, o dólar para julho caía 0,93%, aos R$ 3,2860. O volume financeiro movimentado somava cerca de
US$ 14,49 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,2850 a R$ 3,3165.

Bovespa

O mercado de ações teve um pregão ameno nesta quarta-feira, principalmente no período da tarde, quando predominou uma alta moderada e contínua do Índice Bovespa. O cenário internacional foi influência favorável, composta pela valorização das commodities, enfraquecimento do dólar e bolsas operando em terreno positivo. O desconforto com o cenário político continuou presente entre os investidores, mas foi minimizado pelo bom comportamento dos mercados de câmbio e juros, que recuaram.

O Índice Bovespa fechou em alta de 0,56%, aos 62.017,97 pontos, depois de ter oscilado entre a mínima de 61.433,33 (-0,39%) e a máxima de 62.057,28 (+0,62%). Os negócios somaram R$ 5,8 bilhões, abaixo da média do mês, num sinal de retração do investidor.

A alta foi comandada principalmente pelas ações da Vale, que subiram 3,12% (ON) e 2,02% (PNA), beneficiadas pela alta de 4,4% do minério de ferro no mercado à vista chinês, a US$ 62,33 a tonelada. Os papéis da mineradora impulsionaram a valorização das ações de siderurgia e metalurgia. Gerdau Metalúrgica PN subiu 6,44% e liderou as altas do Ibovespa.

Apoiada nas recentes altas do minério, as ações da Vale têm sido menos influenciadas pelo risco político doméstico, apresentando-se como importante contraponto a outros papéis negociados na bolsa, que vêm sendo penalizados pela crise doméstica. Para se ter ideia, enquanto o Ibovespa acumula perda de 1,11% em junho, Vale ON contabiliza ganho de 5,69% no mesmo período.

Na ponta contrária estiveram as ações da Petrobras, que caíram 0,85% (ON) e 1,06% (PN) no dia, apesar da alta superior a 1% do petróleo nos mercados futuros de Londres e Nova York. No acumulado do mês, Petro PN recua 6,79% e Petro ON perde 5,43%. Além de refletirem o risco político de maneira geral, os papéis hoje foram impactados negativamente pela notícia de que o
governo considera a possibilidade de elevação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre combustíveis.

O setor financeiro, também sensível ao cenário político, mostrou fraqueza no decorrer do pregão de hoje, mas a maioria dos papéis acabou fechando em alta. Banco do Brasil avançou 1,11% e Bradesco PN ganhou 0,84%. Já Itaú Unibanco PN, ação de maior peso no índice, fechou praticamente estável, em baixa de 0,03%.

Taxas de juros

Os juros futuros fecharam a sessão regular em baixa, que foi definida no período da tarde com maior apetite pelo risco no exterior e aumento das expectativas de aprovação da
reforma trabalhista na CCJ do Senado, que será votada nesta quarta-feira. A melhora na perspectiva de aprovação do texto veio na esteira da informação de que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) entregaria o cargo de líder do PMDB, o que de fato ocorreu.

A taxa do Contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 (240.450 contratos) fechou em 8,955%, de 8,985% no ajuste de terça-feira. A taxa do DI para janeiro de 2019 (367.720
contratos) fechou na mínima de 8,93%, de 8,99% no ajuste anterior. A do DI janeiro de 2021 (208.620 contratos) caiu de 10,25% para 10,13% e a do DI janeiro de 2023 (60.785 contratos), de
10,76% para 10,62%.

Segundo o economista da Guide Investimentos Ignácio Crespo, o destaque da curva nesta quarta foram os vencimentos de longo prazo, que recuaram com mais força do que a ponta curta. "O
ponto principal é a melhora da percepção de risco ligada ao exterior e à expectativa com a reforma trabalhista na CCJ", afirmou, citando a queda do risco Brasil medido pelo CDS de cinco anos.
Outro fator de estímulo foi a maior valorização das moedas de economias emergentes, como o real.

Na política, o mercado reagiu imediatamente no começo da tarde, com as taxas futuras renovando mínimas, à informação de que Renan devia deixar a liderança do PMDB, o que, no raciocínio
do mercado, deve facilitar a aprovação da reforma trabalhista. O senador fez na terça-feira pesadas críticas contra o governo e contra as reformas. "Temer não tem confiança da sociedade para
fazer essa reforma trabalhista na calada da noite, atropeladamente. Num momento em que o Ministério Público, certo ou errado, apresenta uma denúncia contra o presidente, não há como fazer uma reforma que pune a população", afirmou na terça.

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