Selic mais baixa favorece financiamentos de imóveis e carros, aponta especialista

Selic mais baixa favorece financiamentos de imóveis e carros, aponta especialista

Expectativa é que alimentos também fiquem mais baratos a partir do recuo da taxa básica de juros 

Lucas Eliel

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Após três anos sem diminuições, além de uma série de pressões de investidores e do governo federal, o Banco Central decidiu na semana passada baixar a Selic de 13,75% para 13,25% ao ano. O mecanismo de política monetária serve de base a todas as taxas de juros no Brasil. A partir do recuo no indicador, o economista e professor da área de Gestão e Negócios da universidade Unilasalle, Moisés Waismann, ressalta que o cenário no país vai ficando mais favorável a pessoas com o desejo de financiar imóveis ou carros. 

Isto acontece por conta do tempo dos financiamentos, especialmente os de imóveis (com tendência a serem maiores, percorrendo até mesmo décadas). A redução da taxa de juros pode não parecer significativa ao comparar 13,75% com 13,25%, mas no acumulado dos anos em que cada um possui a taxa diminuída, a diferença no bolso se destaca. 

O quadro, segundo o especialista, vai ficando ainda melhor levando em consideração que há expectativa de a Selic ter novas baixas nos próximos meses. "Com a diminuição da taxa básica de juros, uma pessoa que deseja adquirir um bem de R$ 500 mil, por exemplo, vai pagar prestações menores em um financiamento, tornado a operação mais confortável no orçamento", pontua. 

De acordo com o último balanço divulgado pelo Índice FipeZap, o preço do m² custa, em média, R$ 6.930 em Porto Alegre. A amostra é feita com base em 11.498 anúncios na Capital. O bairro Rio Branco é o com o m² mais caro na cidade (R$ 8.804), seguido do Menino Deus (R$ 8.659 o m²) e do Moinhos Vento (R$ 8.255 o m²). 

O preço dos carros populares ficou 45,6% mais elevado de 2019 até 2023, conforme pesquisa divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em maio. O valor médio de veículos do tipo estava em R$ 67.505 em janeiro deste ano. Mesmo com programa de incentivo do governo federal, que baixou temporariamente o custo dos automóveis, o financiamento ainda é um meio recomendável para muitos brasileiros terem a oportunidade de comprar o meio de transporte. 

Baixa no preço dos alimentos 

Não é somente em relação a imóveis e carros que a baixa da Selic repercute positivamente, na avaliação do economista Moisés Waismann. Para o especialista, a diminuição da taxa básica de juros gera um verdadeiro efeito cascata na sociedade, impactando nos custos de alimentação, por exemplo. "Uma Selic menor gera um crédito agrícola de melhores condições. Então, mais para a frente teremos o trigo, a soja, a carne, o leite, o pão, com uma queda nos preços", projeta. 

A Cesta Básica de Porto Alegre foi considerada a mais cara do país, com um custo de R$ 777,16 no mês julho deste ano. A informação foi divulgada na última sexta-feira pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Segundo a entidade, o preço do conjunto de alimentos na Capital ficou à frente de São Paulo (R$ 769,95), Florianópolis (R$ 746,66) e do Rio de Janeiro (R$ 738,12).

Além de trazer benefícios individuais, a baixa na Selic é uma boa notícia para a economia do Rio Grande do Sul. "A Selic em declínio diminui os encargos que Estado e prefeituras devem pagar. Se eles souberem aproveitar, sobra mais recursos para aplicar em campos como assistência social, saúde, educação, segurança e infraestrutura", explica.

Mesmo com uma perspectiva de reduções nos próximos meses, o economista não acredita em recuos drásticos da Selic futuramente. Conforme Waismann, não é possível dizer exatamente qual é a taxa ideal a ser alcançada no Brasil, pois a economia é bastante volátil e cheia de variantes. "É importante saber também que uma Selic alta não é o caminho, pois dificulta o crescimento da economia, mas uma tão baixa não é recomendável porque desestimula as pessoas a emprestarem dinheiro a organizações financeiras", relaciona. 


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