Uruguai se reinventa para o inverno

Uruguai se reinventa para o inverno

Cidades e balneários lançam estratégias para fisgar visitantes durante meses de frio

Cíntia Marchi

Colinas de Garzón produz azeite de oliva num cenário que lembra Toscana

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Um dos destinos mais cobiçados na América Latina, até Punta del Este, não escapa do esvaziamento no inverno. As cidades e balneários uruguaios, com vocação para o turismo, têm que se reinventar e criar estratégias para a economia girar em todas as épocas do ano. Mesmo com o dólar em alta, o departamento (estado) de Maldonado tem atrativos suficientes para fisgar turistas. Apesar de receber visitantes de todo o mundo, os brasileiros e argentinos são muito bem-vindos no Uruguai, economicamente dependente dos países vizinhos

Em Punta del Este, um dos balneários de luxo mais famosos do mundo, um dos maiores atrativos é o Conrad com seu cassino de mais de 4 mil metros quadrados, o único no estilo Las Vegas na América Latina.

Se o cliente dispõe de uma farta conta bancária, pode experimentar a suíte mais cara do hotel, de 600 metros quadrados, que já foi frequentada por celebridades como Shakira e Roberto Carlos – a diária custa 7,5 mil dólares. Mas, no inverno, é possível desfrutar um quarto bem equipado, com duas camas e vista para a Praia Mansa, por bem menos. Esta mesma suíte, no verão, varia para centenas de dólares a diária. O atendimento é sempre especial no local.

De propriedade do Grupo Enjoy, as acomodações ali recebem cada vez mais brasileiros, que, segundo o Departamento de Relações Públicas, representa mais de 70% dos frequentadores. O trânsito de brasileiros em Punta começou a aumentar especialmente depois de 2008, quando a Gol passou a operar voos fretados para o destino. A partir de 2 de julho, a TAM Airlines lançará uma rota direta de Guarulhos, em São Paulo, ao aeroporto que serve o balneário, com voos todas as quintas e domingos.

O centro de convenções do hotel tem capacidade para 5 mil pessoas. A alta temporada de congressos no local vai de março a novembro e, além do próprio hotel, a cidade sente o impacto da movimentação dos congressistas. De abril a novembro de 2014 (baixa temporada), o meio de hospedagem abrigou 90,8 mil pessoas. Fora do hotel, as opções de passeio voltam-se à natureza e à riqueza do capital imobiliário de Punta del Este. Vale uma caminhada para admirar os prédios à beira-mar e visitar o bairro Beverly Hills, onde estão as mansões mais valiosas, uma delas custa em torno de 18 milhões de dólares. É fácil também cruzar pelos carros mais cobiçados, Ferrari, Jaguar, Mercedes.

Gastronomia inspira casal

Passear por Punta é um deleite para o casal de Santana do Livramento (RS) Olga Ortiz Abelenda e Fausto de Mello. Eles conhecem a cidade tanto no agito do verão, quando a praia recebe 400 mil visitantes, quanto na calmaria do inverno, quando as casas e edifícios ficam praticamente vazios. “Punta nos inspira tanto para a gastronomia, a decoração, a renovação”, diz Olga. Para os pescadores que recebem os brasileiros no Porto de Punta não há baixa temporada. Maria José de Souza e Jorge Piaggio dizem que a venda continua aquecida mesmo no inverno. No frio, o peixe mais consumido pelos brasileiros é a corvina. “Só trabalhamos com a pesca, o ano todo. Tem muito brasileiro morando aqui, principalmente paulista”, diz Maria José. A banca dos pescadores está instalada em frente ao porto onde o turista pode avistar os leões-marinhos banhando-se no Rio da Prata.

Fazendas cultivam especialidades

O estado de Maldonado não é composto só de praias. As fazendas guardam outras riquezas que destacam o nome do Uruguai internacionalmente. Colinas de Garzón é uma delas. Ali está instalada a maior empresa de azeite de oliva do país, numa região que lembra as paisagens da região italiana da Toscana. Em dezembro, será inaugurada uma adega de 15 mil metros quadrados no local, onde vão ser expostos vinhos provenientes de todo o mundo.

Propriedade do argentino Alejandro Bulgheroni, a fazenda tem 5 mil hectares, sendo que 1 mil estão preenchidos com plantação de oliveiras, além dos 280 hectares ocupados por parreirais e 150 hectares de amendoeiras. Em todo o Uruguai, há 2,6 mil hectares de oliveiras plantados. A cerca de 160 quilômetros de Chuí, Rio Grande do Sul, e distante 70 quilômetros da praia de Punta Del Este, a Colinas de Garzón recebe visitantes que podem degustar os produtos, além de conhecer a planta da fábrica e visualizar os tanques que estocam 1 mil toneladas de azeite de oliva extra virgem. Nos jardins da butique, podem ser apreciadas duas oliveiras centenárias importadas da Itália.

Colinas de Garzón recebeu esse nome por estar situada próximo ao vilarejo de Garzón, onde moram apenas 600 habitantes. A região tem particularidades que privilegiam o cultivo de oliveiras, e foi o que atraiu a atenção do argentino Bulgheroni em 1999. Posicionado atrás de outros azeites de Itália, Espanha e Portugal, Colinas de Garzón é distinguida como o melhor azeite de oliva extra virgem fora da Europa, segundo o ranking elaborado a partir dos resultados de 18 competições internacionais do setor.




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