Adoção do homeschooling está paralisada em Porto Alegre

Adoção do homeschooling está paralisada em Porto Alegre

Decisão do TJRS, de 2022, apontou inconstitucionalidade no projeto que estava previsto para ser implementado a partir deste ano

Bárbara Niedermeyer*

Estudo domiciliar ainda é tema polêmico

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A implementação do homeschooling, que permite que pais e responsáveis ensinem as crianças em casa, sem enviá-las para a escola, está paralisada em Porto Alegre. A decisão pela interrupção do processo ocorreu em novembro de 2022, após  decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) apontar inconstitucionalidade no projeto.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação (Smed), a proposição está parada devido à falta de novas perspectivas no cenário para se discutir o tema. A situação é bem diferente da que se encontrava até outubro de 2022, quando foi publicado um decreto municipal, regulamentando a prática nos ensinos Infantil e Fundamental e prevendo o início da oferta para este ano. Já a lei do homeschooling na Capital é de março do último ano.

Proponente da ação no TJRS, o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) destacou que a legislação vigente no país não condiz com a implementação. Cindi Sandri, diretora-geral da entidade, espera que “o governo municipal reconheça que é insustentável essa implementação. Várias entidades e o MPRS [Ministério Público do Rio Grande do Sul] deram sustentação ao movimento que representa opinião de boa parte da sociedade civil”. 

Para a dirigente, a implementação seria prejudicial em diversos pontos, que vão desde o desenvolvimento cognitivo até o nível de proteção dos estudantes. “Em primeiro lugar, causa o impedimento do aluno viver o ambiente escolar, que é importante para a socialização. E o risco na qualidade da monitoria, além da questão do confinamento desse indivíduo, que pode gerar violência e até abusos”, disse.

No Estado, a educação domiciliar também está impossibilitada, devido a um veto do governador Eduardo Leite, mantido pela Assembleia Legislativa em 2021. Já nacionalmente, o projeto tem cerca de 35 mil famílias adeptas e cerca de 70 mil estudantes, com idades entre 4 e 17 anos, de acordo com a Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned). Apesar dessa adesão, a prática não é legalizada no país. Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2018, decidiu que os pais não podem se abster de matricular os filhos na escola e  não podem educá-los apenas em casa. O Senado Federal também discute o tema. O PL 1.338/2022 está sendo discutido em audiências públicas. Até agora já foram realizadas três das seis previstas.

*Sob a supervisão de Claudia Chiquitelli

 



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