Comissão da Assembleia Legislativa ouve estudantes cotistas desligados da Ufrgs

Comissão da Assembleia Legislativa ouve estudantes cotistas desligados da Ufrgs

A Comissão de Educação deve elaborar um documento aos estudantes que participaram da reunião requerendo a reversão do desligamento

Daiana Garcia

Um documento também deve ser encaminhado ao Conselho Universitário da Ufrgs questionando a situação

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Três alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) explicaram, nesta terça-feira, na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa (AL) o caso de desligamento dos 161 estudantes cotistas que tiveram a matrícula provisória cancelada pela Ufrgs no início de maio. 

Adriana Freitas, acadêmica de Filosofia, que iniciaria o 2º semestre da graduação em maio, disse que seu caso foi transferido de um setor para o outro durante dias, sem obter ajuda de servidores da Ufrgs. Ela conta que o cancelamento ocorreu porque não compareceu à Banca de Verificação da Autodeclaração Étnico-racial por motivo de saúde, inclusive com hospitalização. Além de se integrar às movimentações do Diretório Central dos Estudantes (DCE/Ufrgs), Adriana também entrou com ação judicial para tentar reverter o caso.

Recentemente aprovada no curso de Medicina Veterinária, Abigail Soares informou que também não está com a matrícula definitiva por motivos de saúde. Cotista socioeconômica, ela lamenta a postura da Universidade. E o estudante de Direito Giácomo de Carli da Silva, que participou de forma remota, reclamou da falta de acolhimento da Instituição com cotistas que obtiveram a vaga reservada para pessoas com deficiência.

A deputada Luciana Genro, proponente do encontro, lamentou “a falta de compromisso com a diversidade”. E a presidente da Comissão, deputada Sofia Cavedon, considera que “a Ufrgs faz o inverso do que deveria. Pois o espírito das cotas é acolher, acompanhar e incluir”. A Comissão buscará audiência com o reitor da Ufrgs; e fará um documento requerendo a reversão do desligamento. 

Em nota, a Ufrgs ratifica que “o cancelamento de matrícula provisória, resultado da não homologação ou indeferimento de recurso, é decorrente da análise documental do candidato quando o direito a matricular-se e estudar regularmente na Instituição deixa de atender os requisitos previstos em Leis e no Regimento e Estatuto da Ufrgs”. 

 

Entenda o Caso

No início do mês de maio 161 alunos cotistas foram desligados da Ufrgs. De acordo com a estudante Maria Manoela Ribeiro, integrante do DCE/Ufrgs, os estudantes desligados da universidade estavam com matrícula provisória. No caso de cotistas socioeconômicos, a maioria das expulsões ocorreu pela falta de algum documento de comprovação de renda, que não foi entregue dentro dos prazos estabelecidos. Dos estudantes ingressantes via cotas raciais, muitos alegam que as matrículas foram encerradas após avaliação da Banca de Verificação da Autodeclaração Étnico-racial. 

Os estudantes alegam que além de dar um prazo curto para entrega dos documentos, a Ufrgs não possui uma comunicação eficaz para divulgação das datas. Também a aferição étnico-racial, realizada de forma virtual em vários casos, é criticada pelos alunos. De acordo com o DCE, a análise é feita por “pessoas sem treinamento” e sem acolhimento. 

Devido aos desligamentos, o DCE acionou o Ministério Público Federal (MPF) e reúne relatos de estudantes para tentar reativar as matrículas dos cotistas. Também foram realizados plantões de acolhimento aos estudantes, reuniões de escuta e na última sexta-feira (2/6) ocorreu um ato em frente à Reitoria, no Campus Centro da Ufrgs, em Porto Alegre.




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