Creche mais antiga do RS celebra 90 anos em Porto Alegre

Creche mais antiga do RS celebra 90 anos em Porto Alegre

Inaugurada em 1932, a Escola de Educação Infantil São Francisco de Assis ainda ocupa o mesmo prédio histórico no bairro Cidade Baixa

Bárbara Niedermeyer*

Inaugurada em 1932, a Escola de Educação Infantil São Francisco de Assis ainda ocupa o mesmo prédio histórico no bairro Cidade Baixa

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A sala de entrada da Escola de Educação Infantil São Francisco de Assis, na rua Alberto Torres, 194, bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, chama a atenção, por ser repleta de memórias. Com nove décadas de história, a serem celebradas no próximo domingo, 16, a instituição de ensino carrega o título de a mais antiga de Educação Infantil do Estado, e ainda mantém sua sede no mesmo prédio em que foi inaugurada, em 1932, pela Associação Beneficente de Senhoras de São Francisco de Assis. Mas o pontapé inicial foi em 1929, quando a pedra fundamental foi colocada no terreno.

Em 2022, após já ter formado diversas gerações, a creche São Francisco vive um capítulo delicado, mas também muito marcante de sua história, norteado pelos pilares da reestruturação e reinvenção. Atualmente, atende 37 alunos, número bem menor aos 60 matriculados antes da pandemia, e cerca de quatro vezes menor aos 150, que estudavam no local, sob gestão das Senhoras de São Francisco de Assis, entre elas, a Sinhá Annes Dias, primeira presidente e esposa do médico Heitor Annes Dias. Ela é apenas um dos exemplos de como a escola se relaciona diretamente com a história da capital gaúcha, permanecendo como diretora da instituição até 1934, época em que o foco era atender crianças de famílias que trabalhassem e não tivessem condições de manter os filhos em casa. Como hoje se enquadra na categoria de escola particular sem fins lucrativos, a creche depende de mensalidades para seguir o trabalho.

Com a pandemia, a situação se tornou crítica e ainda enfrenta reflexos. A atual diretora da São Francisco, Roselaine Ramos Lenz, explica: “em 2020, achamos que não íamos conseguir. Quando retornamos do período fechado, tinham 16 crianças. E foi muito difícil, já que dependemos das mensalidades”. Apesar das tentativas da creche de frear os impactos da perda de alunos, a receita não foi, e ainda não é, suficiente. Por isso, a instituição tenta conveniar-se à prefeitura, para poder receber valores relativos a salários dos profissionais, ranchos e demais auxílios.

A longa trajetória da creche não é apenas importante para a história da Educação no RS, mas também, e principalmente, às famílias dos alunos. Os pais do Gustavo, Rafael Brulinger dos Santos e Juliana dos Santos Marçal, explicam essa relação. A mãe do Gustavo, aluno desde 2020, lembra que a escolha da Escola se deu ainda na gestação do filho, e é só elogios: “Me sinto segura, acolhida de deixar meu filho aqui. Entrego ele de mãos abertas”, afirma Juliana.

Reinvenção do Espaço

Por se tratar de prédio antigo, manutenções estruturais se fazem necessárias, sempre procurando manter a essência do local. Para preservar o passado do imóvel e adequá-lo ao presente, a coordenadora pedagógica Manoela Scheuermann explica que espaços estão sendo transformados, para melhor atender às crianças, e salas que tinham atendimento médico, enfermaria e grandes berçários, até os anos de 1980, hoje são espaços pedagógicos diversos.

De toda a estrutura constantemente aprimorada, hoje estão em uso apenas quatro salas de aula. São ocupadas pelas turmas do Berçário 1 e 2; Maternal 1; Maternal 2; e Jardim 1 e 2. As crianças ainda têm outros ambientes para desenvolver habilidades, como o Ateliê Pedagógico, onde trabalham com reciclagem e pintura. Para completar a estrutura, a escola ainda tem banheiros adaptados para as necessidades infantis, salas de atendimento nutricional e um grande refeitório, onde as crianças são servidas das refeições preparadas pelas cozinheiras Marina Santos da Silva e Maria Luiza Silva da Silva. Marina, inclusive, é a funcionária mais antiga da instituição que se faz presente atualmente, e atua há 26 anos preparando refeições no local. Ainda, os planos pedagógicos da instituição são trazer mais qualidade para o aprendizado, com aulas de informática nos próximos anos, graças ao recebimento de computadores do programa Sustentare, e que agora devem ser instalados.

Responsáveis pela reinvenção do espaço, também estão outras funcionárias e ex-funcionárias, além de Manoela. Uma delas, e talvez a mais importante da história recente, seja Diva Zianni, que atuou no local por 50 anos, chegando até mesmo a morar na instituição, e que se aposentou no começo de 2022. A história de Diva com a escola começou em 1972, quando ela escreveu uma carta no dia que iniciou na instituição, desejando sair pela porta da frente, repleta de carinho, da mesma forma que ali chegou. E assim foi feito. Para homenagear a profissional que era o braço direito de Roselaine, em 2012, a brinquedoteca da São Francisco passou a ser nomeada de “Brinquedoteca Diva Zianni”. “Ela era a alma e o coração dessa escola”, ressalta a diretora.

Foto: Ricardo Giusti

Presente e Futuro

Para comemorar o aniversário, a escola realizará uma festa junina, no dia 25/6, com apresentações dos alunos e barraquinhas para arrecadar recursos. Na celebração, espera receber pais, familiares e personalidades que foram importantes na história da instituição.

Com o funcionamento das 7h30min às 18h30min e matrículas abertas o ano todo, a creche oferece a possibilidade de bolsas, que seguem critérios socioeconômicos para obter vaga.

os próximos anos, quando completará o centenário, os planos da escola são de enriquecer e qualificar, cada vez mais, o Ensino Infantil, relembrando o valioso passado da creche, sem deixar de olhar para o futuro. A diretora Roselaine revela também um desejo pessoal e profissional: “Gostaria que esses corredores voltassem a estar cheios. Criança é vida. É energia para nós”.

* sob a supervisão de Maria José Vasconcelos

 




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