Curso de Desenho Industrial da UFSM busca construir memória sobre a tragédia da Boate Kiss

Curso de Desenho Industrial da UFSM busca construir memória sobre a tragédia da Boate Kiss

Incêndio completa dez anos nesta sexta-feira

Correio do Povo

Até o momento, já foram feitas cerca de 47 fotografias

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Com o objetivo de registrar a memória da tragédia da Boate Kiss, bem como a luta de sobreviventes, pais, amigos e familiares de vítimas da tragédia que completa 10 anos nesta sexta-feira, o professor de fotografia do curso de Desenho Industrial da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),  Ricardo Ravanello, está desenvolvendo o projeto “Fotografar para lembrar”.

A técnica escolhida para o projeto foi a do colódio úmido e a câmera usada tem cerca de 100 anos e foi adquirida em um leilão em São Paulo. Como a técnica exige uma preparação maior para a execução da fotografia, Ricardo relata que, enquanto prepara o equipamento, os 47 sobreviventes, pais, familiares e amigos de vítimas e profissionais que trabalharam envolvidos com o incêndio ou com suas consequências e que participaram do trabalho foram relatando suas histórias. “Essa lentidão da foto cria uma espécie de espaço para ter esses encontros, para ter essas conversas. É oportunizar para as pessoas uma experiência com a fotografia para construir algum tipo de memória positiva ”, reflete Ricardo.

Como o processo de fotografia é artesanal, feito sobre um vidro, não há possibilidade de fazer dois retratos iguais. “Cada fotografia é absolutamente única, como era a vida das pessoas que se foram. Tem o espelhamento dessa característica”, explica Ricardo, que destaca outros detalhes que são possíveis de ser visualizados com a fotografia. “Conforme o corte da câmera, às vezes, pega no braço e aí tu não sabes se ali tem uma queimadura da pessoa ou é uma borda do processo. Elas se fundem, elas se misturam”, descreve. 

Além disso, quando as fotografias são digitalizadas e ampliadas, o fotógrafo conta que outro elemento significativo se torna visível. “Quando se olha para ela ampliada, em que perde a noção das feições do rosto, de claro e escuro, parece uma fuligem, parece aquela fuligem do resto do incêndio”, conta Ricardo. Para ele, as imagens também são resultados da tragédia: “A expressão das pessoas e todas as histórias que têm atrás delas, são frutos desse incêndio”. A meta do projeto é chegar a 50 fotografias. Ao final, o acervo será doado à Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e será destinado à composição de um mural no futuro memorial.




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