Ensino

Material escolar impacta o bolso de 85% das famílias brasileiras

Pesquisa aponta aumento de 43,7% no preço dos materiais. Alta do dólar, inflação e elevação dos custos de produção influenciam o setor

Segundo estudo, as classes B e C concentram a maior parte dos gastos com materiais escolares
Segundo estudo, as classes B e C concentram a maior parte dos gastos com materiais escolares Foto : Maria José Vasconcelos / Especial / CP

As famílias brasileiras gastaram R$ 49,3 bilhões com materiais escolares em 2024. A cifra representa 87% do que o governo federal irá aplicar no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) este ano (R$ 56,5 bilhões).
Nos últimos quatro anos, o gasto com materiais escolares aumentou 43,7%, passando de R$ 34,3 bilhões em 2021 para os atuais R$ 49,3 bilhões. Os dados são do Instituto Locomotiva e QuestionPro, que entrevistou 1.461 homens e mulheres de todo o país em pesquisa realizada em dezembro último.

O levantamento mostra que as compras de materiais impactam o orçamento de 85% das famílias brasileiras com filhos em idade escolar. O impacto é maior para as famílias da classe C: 95% disseram que o custo dos materiais pesa no orçamento. O estudo concluiu, ainda, que 90% dos pais e responsáveis de estudantes da rede pública e 96% daqueles com filhos em escolas privadas pretendem comprar materiais escolares para este ano letivo. Um a cada três responsáveis irá parcelar a compra para poder dar conta das despesas. A maior parte das famílias precisará comprar materiais escolares solicitados pelas escolas (87%), uniformes (72%) e livros didáticos (71%).

A estimativa é que a maior parte dos gastos se concentre na classe B (R$ 20,3 bilhões) e C (R$ 17,3 bilhões). Juntas, elas são responsáveis por 76% dos gastos nacionais. A Região Sudeste concentra a maior porcentagem dos gastos (46%), seguida pelo Nordeste (28%). O menor percentual está na Região Norte (5%).

Materiais escolares

De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), os aumentos dos custos com materiais escolares se dão principalmente por conta de fatores como inflação anual e elevação nos custos de produção, além dos preços de frete marítimo, no caso dos importados, e alta do dólar. Para 2025, a entidade estima um aumento entre 5% e 9%. A ABFIAE defende programas públicos para aquisição de material escolar e redução de impostos cobrados para esses produtos. Segundo a entidade, em alguns itens, os tributos chegam a representar 50% do valor total.