Mudança de prédio da Escola Técnica de Saúde causa polêmica e indignação
Alunos e professores organizam um protesto nesta terça-feira pela permanência da instituição no Hospital de Clínicas<br />
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“Enquanto nós servimos (ao Clínicas), nós podíamos ficar aqui. Agora querem nos tirar, sendo que o Estado investiu dinheiro no prédio. Com a escola saindo daqui, vamos perder a identidade”, alegou a diretora Rita Mônica Mombelli. Professores e alunos querem que o Estado lute pela permanência da instituição no local e, para isso, realizarão um protesto nesta terça-feira. O grupo sairá às 10h da escola, localizada na rua São Manoel, e seguirá até Secretaria Estadual de Educação (Seduc), na avenida Borges de Medeiros, onde será entregue um abaixo-assinado.
"Não concordamos com a mudança de endereço. A escola surgiu naquele espaço, onde atualmente possui laboratórios adequados e equipados para quatro cursos técnicos gratuitos. Possui estrutura física de qualidade que foi construída com muito esforço", ressalta a estudante de Gerência em Saúde, Sandra Martins Mendes. A preocupação é de que, com a mudança, a escola perca qualidade.
Apesar de a Seduc afirmar que o novo endereço não está definido, provavelmente a escola técnica será transferida para o Colégio Estadual Júlio de Castilhos, no bairro Santana, até o fim do ano. “É uma das possibilidades, já que é uma escola com capacidade para abrigar mais de 4 mil alunos e atualmente possui cerca de 1,6 mil”, respondeu a assessoria de imprensa da Seduc por e-mail, já que a direção da secretaria decidiu não dar entrevistas sobre o assunto.
A ata de uma reunião no dia 11 de maio entre a Superintendência da Educação Profissional do Estado (Suepro), a Escola Técnica de Saúde, o Júlio de Castilhos e a Coordenadoria Regional de Educação afirma que a instituição ocupará o terceiro andar do prédio do Julinho. “A mudança será feita para ocupar o 3º andar da Escola Júlio de Castilhos. Na realidade, a estrutura será toda independente. Será uma escola dentro de outra escola”, explica a ata.
Contudo, a direção alega que o Julinho não tem a estrutura necessária para receber a escola. “Teríamos que dividir o terceiro andar com a banda Juliana e sobrariam apenas seis salas de aula e um espaço reduzido para a administração. Além disso, nem teríamos mais biblioteca entre as instalações”, destacou Rita. O prédio ocupado hoje pela escola tem 14 salas de aula, quatro laboratórios (um para cada curso) e dois de informática.
Segundo Rita, desde o início, a escola insistiu participar das negociações entre a Seduc e o Clínicas, não sendo atendida. As tratativas vêm ocorrendo há um ano. “Num acordo de gabinete, eles decidem que a escola vai ter que sair daqui. Vão nos socar no terceiro andar de um prédio que não atende a nossa necessidade”, defende.
Hoje, a instituição tem 1,2 mil alunos em quatro cursos: Gestão em Saúde, Radiologia, Nutrição e Saúde, e Análises Clínicas. Para o próximo semestre, abriram mais 375 vagas e, em março de 2019, serão mais 425, sendo que para as duas seleções já há cerca de 2,7 mil inscritos.
Foto: Alina Souza
A mudança de prédio
A escola funciona desde 1990 junto ao Hospital de Clínicas, sendo que, em 1998, conquistou um prédio próprio. A estrutura, no entanto, é federal que foi cedida ao governo do Estado. Com as obras de ampliação, a instituição de saúde solicitou que o Estado devolvesse o prédio, devido à “reorganização de fluxos para melhor acolher pacientes, familiares e visitantes no complexo hospitalar”. De acordo com a assessoria do Clínicas, o pedido de devolução foi realizado há dois anos.
A Seduc confirmou que “o hospital se colocou à disposição para ajudar na instalação dos laboratórios e outros serviços técnicos que serão necessários no novo prédio”. Contudo, não haverá apoio financeiro.
Abaixo-assinado
Alunos e professores da Escola Estadual Técnica de Saúde no Hospital de Clínicas fizeram um abaixo-assinado pela permanência da instituição no prédio da avenida São Manoel. Criado em um site na internet, a lista já tinha 3.606 inscritos na manhã desta segunda-feira. A meta é alcançar as 5 mil assinaturas.
Foto: Alina Souza