"É uma dor que não tem cura", diz mãe de uma das vítimas da boate Kiss

"É uma dor que não tem cura", diz mãe de uma das vítimas da boate Kiss

Maria Aparecida Neves afirma que constantemente fica pensando como seria a vida do filho hoje, se o familiar estivesse vivo

Lucas Eliel

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As famílias das vítimas chegaram na manhã desta quinta-feira ao Foro Central de Porto Alegre para acompanhamento do segundo dia do julgamento do Caso Kiss, que começou com atraso hoje. Maria Aparecida Neves, que perdeu o filho Augusto Cezar, relatou à reportagem do Correio do Povo que a dor de perder um ente querido na tragédia não tem cura. "A saudade é muito grande. É falta, sabe. É entrar dentro de casa e tu não ter mais aquela alegria. A casa não tem mais aquela alegria. Era som alto, era risadas, gargalhadas", destaca. 

Aparecida conta que, constantemente, pensa como seria a vida do filho se ele não tivesse sido uma das 242 vítimas fatais na boate Kiss, que pegou fogo em 27 de janeiro de 2013. "Tu vê os amigos fazendo a vida, se formando, trabalhando, casando. E tu só fica assim: como seria? Será que ele ia casar? Será que ele ia ter filho? Onde ele ia tá trabalhando?", indaga. 

Augusto Cezar estava no segundo semestre de Ciências da Computação. "Eu não pude ter filhos e a gente adotou ele com sete dias. Eu até me esqueço que adotei ele. Ele era meu, era meu e do meu marido", ressalta. A mãe se disse frustrada com a demora para o julgamento e declara que espera a condenação dos réus como forma de justiça. "Eu não chato justo eles fazerem o que fizeram com nossos filhos e simplesmente não dar em nada", diz. 

Em entrevista nessa segunda-feira, um dos réus do Caso Kiss, o ex-produtor da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Bonilha, disse que iria tentar passar a sua "verdade" sobre os acontecimentos relativos ao incêndio na casa noturna de Santa Maria. "Eu penso que esse vai ser meu último grito. Vou tentar passar a minha verdade, a história da minha vida. E eu peço a todos que me escutem", destacou. 

O réu também fez um apelo para os presentes no julgamento procurarem entender a dor dos familiares das vítimas da tragédia. "Ninguém sabe a dor que eles sentem. Quem aqui desrespeitar (a dor), eu tenho certeza que eu vou ser o primeiro a não aceitar", enfatizou na ocasião.

A expectativa é que Emanuel Almeida Pastl e Jéssica Montarão Rosado devem depor na manhã de hoje. Já na primeira hora da tarde, será ouvida a testemunha de acusação, Miguel Ângelo Teixeira Pedroso. Após, seguem os depoimentos previstos das vitimas Lucas Cauduro Peranzoni, Érico Paulus Garcia e Gustavo Cauduro Cadore.

Com informações de Ricardo Giusti


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