Advogados da família de João Alberto ingressam com ação por danos morais contra Carrefour

Advogados da família de João Alberto ingressam com ação por danos morais contra Carrefour

Hamilton Ribeiro e Carlos Alberto Barata Neto alegam acusação pelo hipermercado de "prejudicarem" viúva de Beto

Correio do Povo

Hipermercado não se manifestou sobre assunto

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Sentindo-se atingidos, os advogados cíveis Hamilton Ribeiro e Carlos Alberto Barata Neto ingressaram com ação indenizatória por danos morais contra o Carrefour. Eles representam a família de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, o Beto, que foi espancado e morto por seguranças no interior do hipermercado da avenida Plínio Brasil Milano, no bairro Passo da Areia, em Porto Alegre, em novembro de 2020.

“O Carrefour quando fez o depósito de R$ 1 milhão, divulgou na imprensa que nós estávamos prejudicando a viúva, escondendo-a. O Carrefour coloca uma assistente social para tratar, mas ela estava muito deprimida, um quadro de depressão muito sério...Ela não tinha condições de tratar com ninguém e pediu para a gente tratar”, lembrou Hamilton Ribeiro.

“O Carrefour disse que estávamos escondendo ela da assistente social e noticiaram através da imprensa que estaríamos prejudicando-a porque a gente estava proibindo ela de fazer de acordo, sendo que ela não queria o valor de R$ 1 milhão”, recordou, acrescentando ainda que os colega foram acusados de “receber valores acima da tabela da OAB”.

Segundo o advogado, o hipermercado enviou inclusive uma carta registrada nesse sentido para eles e à viúva. “O Carrefour vai responder. Se soubessem como foram as trativas com eles, não se acredita”.

Hamilton Ribeiro explicou que o risco de levar adiante um pedido de aumento de indenização podia acabar ao contrário, com risco até de redução do valor da indenização quando o caso chegasse em Brasília. De acordo com ele, a viúva acertou “um acordo melhor” do que a proposta inicial. “O valor total para todos membros da família de João Alberto ficou em torno de R$ 5 milhões. “Para os familiares, o Carrefour já acertou com todos. Já fizeram o acordo e já pagaram”, confirmou.

Por fim, o advogado observou que uma indenização tem dois objetivos, que são o ressarcimento da vítima e o educativo para quem cometeu o erro e não rescinda novamente. “O que tinha de mudar é o sistema brasileiro”, disse, citando o caso George Floyd nos Estados Unidos, cujo acerto foi de R$ 150 milhões com a família da vítima. “Existe o entendimento do STJ de que uma indenização por morte beira os R$ 500 mil”, comparou Hamilton Ribeiro.

O hipermercado comprometeu-se ainda a aplicar R$ 115 milhões no estabelecimento de ações de enfrentamento ao racismo após acordo firmado com Ministérios Públicos, Defensorias Públicas e entidades da sociedade civil através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Procurado pela reportagem do Correio do Povo, o Carrefour não quis se manifestar.


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