Após dois dias de julgamento, Bruno deve ser interrogado hoje

Após dois dias de julgamento, Bruno deve ser interrogado hoje

Ex-mulher do jogador foi ouvida na sessão de ontem

AE

Bruno e Dayanne são julgados pela participação no caso Eliza Samudio

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O ex-goleiro Bruno Fernandes deve ser interrogado nesta quarta-feira –  terceiro dia de julgamento – no fórum de Contagem, na região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). O ex-jogador é acusado pelo sequestro e assassinato da ex-amante Eliza Samudio, em junho de 2010. A vítima tinha 24 anos e teve um filho com o ex-atleta do Flamengo. A ex-mulher dele Dayanne Rodrigues responde por sequestro e cárcere privado da criança. Ela prestou depoimento nessa terça.

O Ministério Público Estadual (MPE) vai tentar convencer os jurados que o atleta estava presente quando Eliza foi assassinada em 10 de junho de 2010. Segundo o promotor Henry Wagner Vasconcelos, há provas no processo de que o jogador teria acompanhado seu braço direito Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e o então adolescente Jorge Luiz Lisboa Rosa quando eles levaram a vítima para ser morta na casa do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Já o advogado do goleiro, Lúcio Adolfo da Silva, afirmou que vai tentar "três graus" de defesa: obter a absolvição de Bruno, convencer o conselho de sentença de que o atleta teve uma participação menor no crime ou ainda retirar as qualificadoras que constam na acusação contra seu cliente. O objetivo, de acordo com Adolfo, seria reduzir a sentença em caso de uma condenação para uma pena entre nove e 11 anos, o que permitiria que o goleiro deixasse a cadeia em até seis meses para cumprir pena em regime aberto. "Não trato de vitória. A vitória é da Justiça", disse.

Para o promotor Henry Vasconcelos, porém, essa possibilidade não representa fazer Justiça "de maneira nenhuma". "O Bruno teve uma participação decisiva. Tudo aconteceu por causa de Bruno. As pessoas orbitavam em torno dele", salientou o promotor.  Ele citou entre as provas um depoimento de Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro que também era réu no processo e que foi assassinado em agosto, no qual o acusado afirmou que Bruno esteve no local do assassinato.

Ressaltou que o registro de entrada do condomínio onde ficava o sítio do jogador em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, mostra que Bruno chegou ao local na noite de 10 de junho cerca de cinco minutos antes de Macarrão. E lembrou ainda que há o registro de uma ligação do celular de Jorge Rosa para o telefone de Dayanne, do local apontado como ponto de encontro do grupo com Bola, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. "Temos que considerar que Jorge não tinha nenhuma consistência intelectual, mental, socioafetiva para determinar ou orientar o que quer que fosse a Dayanne. Só podemos concluir que foi o Bruno que fez aquele contato com Dayanne. Quem pagava a conta de todos aqueles telefones era o Bruno, que era a fonte de recursos para toda aquela malandragem", disparou Vasconcelos. "Esses elementos nos remetem a entender, com extrema probabilidade, a presença dele no local de assassinato de Eliza", acrescentou.

Julgamento

As declarações foram dadas no fim da noite dessa terça-feira, após o encerramento do segundo dia de julgamento de Bruno, acusado de ser o mandante do sequestro, cárcere privado e assassinato de Eliza, e de Dayanne, que responde pelo sequestro e cárcere privado do bebê que a vítima teve com o jogador. A mulher foi ouvida por cerca de quatro horas e, para Henry Vasconcelos, "o depoimento traz a confissão" do crime.

A previsão é de que a sentença seja proferida nesta quinta ou na madrugada de sexta-feira, após os debates entre acusação e defesa. Para a defesa, no entanto, as declarações de Dayanne, que assumiu ter cuidado do bebê a pedido de Bruno após Eliza deixar o sítio com Macarrão e Jorge - ela nega que o goleiro tenha seguido com os demais acusados -, mostram "preocupação" com a criança. "A Dayanne fez um depoimento compromissado com a verdade, carregado de sinceridade. Deveria tocar o coração do promotor", disse Lúcio Adolfo, que defende a absolvição da acusada. A própria Dayanne considerou o depoimento "tranquilo". "Não menti. Falei a verdade", alegou.

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