Aumento do diesel dificulta manutenção do preço da passagem de ônibus

Aumento do diesel dificulta manutenção do preço da passagem de ônibus

Apesar do reajuste no combustível, Porto Alegre deve manter valor da passagem de ônibus

Giullia Piaia

Aumento de 8,8% no diesel foi anunciado nesta segunda-feira

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Válido a partir desta terça-feira, um aumento de 8,8% no valor do diesel nas refinarias fará com que a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passe de R$ 4,06, em média, para R$ 4,42 a cada litro vendido na bomba. Segundo presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e prefeito de Aracaju (SE), Edvaldo Nogueira, o reajuste é “a gota d’água” no trabalho que as prefeituras vêm fazendo.

“É uma situação muito difícil. A prefeitura de Aracaju, por exemplo, está há três anos sem dar aumento no valor das passagens do transporte público coletivo. Somando-se aos demais aumentos, o valor do combustível já subiu 47% só nesse ano. Com isso, dificilmente vamos conseguir manter o valor das passagens sem reajuste, não tem mais como segurar”, declarou Nogueira.

No entanto, a prefeitura de Porto Alegre afirma que o reajuste não impactará no valor da tarifa de ônibus da Capital, como já havia sido garantido no mês passado. “O novo método de cálculo prevê a remuneração das concessionárias considerando o custo da operação e a quilometragem rodada, diante da receita arrecadada. A diferença é aportada pelo município”, disse a prefeitura, em nota. A Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) relatou que aumentos no diesel – que têm acontecido de forma constante desde o início de 2022 – afetam os resultados das empresas de ônibus, “prejudicando os investimentos em melhorias”.

A Associação dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Passageiros (ATM) e o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários no Estado do RS (Setergs) emitiram nota sobre os sucessivos aumentos no preço do diesel, reforçando o alerta para o risco de redução do transporte devido ao cenário causado por estes reajustes.

De acordo com as organizações, o diesel é o segundo item de custo que mais pesa no valor da tarifa de ônibus, com participação de cerca de 30% no custo geral das operações, atrás apenas da mão de obra. “Para este ano, ainda, está prevista revisão tarifária, e com as atuais condições, o reajuste nas passagens poderá ser de até 30%, caso nenhuma medida seja tomada”, diz a nota.

A ATM e o Setergs acreditam que a alternativa mais ágil e viável para mitigar a situação é a prorrogação do auxílio emergencial do governo estadual por mais cinco meses. O auxílio, que foi aprovado e concedido no ano passado, possibilitou o pagamento dos trabalhadores referentes aos últimos meses de 2021, evitando um colapso do sistema de transporte.

“Uma alternativa emergencial seria o governo aprovar o PL 4392/2021, que prevê R$ 5 bilhões, durante três anos, para financiar a gratuidade oferecida a idosos no transporte público urbano. Estamos vivendo um momento muito parecido com 2013, mas com mais gravidade. A pandemia foi a pá de cal no sistema de transporte coletivo no Brasil, quando as frotas passaram a circular com apenas 40% da população”, propõe o presidente da FNP.


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