Com pedidos de justiça, mulher linchada é sepultada em São Paulo

Com pedidos de justiça, mulher linchada é sepultada em São Paulo

Após cerimônia, passeata até Centro de Guarujá pediu paz

AE

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Em meio a gritos por justiça, Fabiane Maria de Jesus, 31 anos, foi sepultado na manhã desta terça-feira no Guarujá, em São Paulo. Cerca de 200 pessoas acompanharam a cerimônia no cemitério Jardim da Paz. Fabiane morreu ontem depois de ficar dois dias internada após ter sido alvo de linchamento por moradores do Guarujá no sábado. Ela foi confundida com uma mulher suspeita de sequestrar crianças na região, cujo retrato falado teria sido divulgado nas redes sociais. 

O cemitério Jardim da Paz fica entre um lixão e um depósito de contêineres. O corpo de Fabiane foi depositado em uma gaveta nos fundos do cemitério, em lugar cercado de entulhos e insetos. Seu nome foi escrito com pregos no cimento fresco na gaveta por coveiros. Muito religiosa, segundo familiares e amigos que estiveram presentes, Fabiane morreu depois de ter ido buscar uma Bíblia na igreja São João Batista, também no Guarujá.

Esse foi um dos principais assuntos discutido entre os familiares durante a cerimônia, que também se mostravam horrorizados com a "falta de amor no coração" por parte das pessoas que a espancaram até a morte depois de arrastá-la por vielas do bairro.

Os amigos contaram que Fabiane havia emprestado a Bíblia para uma amiga na quarta-feira passada, ocasião do aniversário da amiga. Fabiane recomendou a leitura de um salmo. No sábado, ela foi buscar o livro que havia ficado na igreja. No caminho de volta para casa, a dona de casa parou em um supermercado para depois prosseguir viagem, quando então foi atacada. A Bíblia, que tinha também uma foto das filhas dela, foi rasgada pelos assassinos. O livro, no entanto, foi recuperado e entregue para a mãe de Fabiane.

Manifestação

Depois da cerimônia de sepultamento, uma passeata pedindo paz e justiça saiu do cemitério em direção ao centro do Guarujá. A polícia deve ouvir nesta segunda os responsáveis pela página "Guarujá alerta" no Facebook, acusada de publicar fotos que levaram a multidão a confundir uma suposta sequestradora de crianças com Fabiane. Na segunda, a Polícia Civil do Guarujá divulgou que suspeita que pelo menos 10 pessoas teriam participado do crime.

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