Engenheiro diz que não recomendou espuma usada na Boate Kiss

Engenheiro diz que não recomendou espuma usada na Boate Kiss

Miguel Ângelo Teixeira Pedroso é a primeira testemunha de acusação no julgamento

Lou Cardoso e Paulo Tavares

Miguel Pedroso depõe na tarde desta quinta-feira no Foro Central

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Após uma manhã tomada pela emoção, o julgamento da Boate Kiss contou, na tarde desta quinta-feira, com a primeira testemunha de acusação ouvida pela promotoria do Ministério Público, no Foro Central, em Porto Alegre. O engenheiro Miguel Ângelo Teixeira Pedroso, coronel do Exército da reserva, foi o responsável pelo projeto do isolamento acústico da casa noturna. Segundo Pedroso, um dos sócios da boate, Elissandro Spohr, entrou em contato com ele através de uma indicação de outro engenheiro, pois pretendia fazer uma reforma no prédio da boate. Pedroso ficou responsável, em 2011, em fazer um projeto de isolamento acústico para a boate, pois o estabelecimento tinha assinado um termo de ajustamento de conduta (TAC), mas o coronel não foi contratado para execução da obra. 

Entre as perguntas, o engenheiro destacou que em nenhum momento sugeriu ou recomendou o uso de espuma na Boate Kiss. "Eu fiz o tratamento acústico com alvenaria e gesso acartonado com espuma acústica. Eu não digo que ela (espuma acústica) não vá ser atingida pelo fogo, mas é mais segura. Ela não vai entrar em combustão imediatamente", explicou Pedroso. De acordo com ele, soube pela imprensa que a espuma usada na Kiss foi comprada em uma colchoaria, que é inflamável. Conforme o depoente, a espuma adequada para isolamento acústico é bem mais cara que a comum.

Quando ocorreu a tragédia na boate Kiss, Pedroso estava em Recife, na casa de uma irmã. Ele soube através da esposa, que assistiu na televisão sobre o incêndio, que o advogado de Elissandro Spohr estaria citando o engenheiro como responsável pela colocação de espumas no local. "Falei com o delegado na época e pedi para prestar depoimento, pois queria esclarecer os fatos", disse o coronel. "Não queria ser citado por um trabalho que não fiz e que não tinha responsabilidade alguma", completou. 

Pedroso afirmou que conseguiu comprovar que não tinha relação com o incêndio pelo projeto que foi entregue ao Ministério Público. O documento mostrava qual material deveria ser usado e como deveriam ser feitos os ajustes. O militar da reserva afirmou que entregou a Elissandro para ele mostrar ao MP. "Não entreguei uma cópia do projeto a ninguém, pois estava em Recife e não tinha comigo uma cópia do projeto. Fui direto falar com o delegado e ele me disse para não me preocupar, pois tinha uma cópia que tinha conseguido com o MP", relembrou. "Mais tarde, fiquei sabendo que teriam sido feitas outras obras no local".

O militar da reserva relatou que não havia isopor quando ele foi fazer a vistoria na boate para fazer o projeto de isolamento acústico. Para a promotoria, Pedroso afirmou que ao entrar na Kiss para fazer a verificação para elaborar o projeto, detectou que "não havia risco de incêndio imediato". "No momento, em 2011, quando entrei no prédio, não identifiquei nenhum risco de incêndio."


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