Ex-funcionário conta que espuma foi instalada na Boate Kiss a pedido de Elissandro Spohr

Ex-funcionário conta que espuma foi instalada na Boate Kiss a pedido de Elissandro Spohr

Érico Paulus Garcia era barman e trabalhava na noite do incêndio da Boate Kiss

Lou Cardoso

Érico Paulus Garcia relatou que conseguiu salvar entre 15 a 20 pessoas do incêndio

publicidade

* Com informações do repórter Sidney de Jesus

O ex-funcionário da Boate Kiss, Érico Paulus Garcia, contou nesta sexta-feira que a espuma da casa noturna, que provocou a liberação do gás tóxico responsável pela morte de boa parte das vítimas do incêndio, foi colocada a pedido de Elissandro Spohr, o Kiko, um dos sócios-proprietários do lugar. Garcia é testemunha arrolada pelo Ministério Público e um dos sobreviventes. Ele trabalhava como barman na boate e atualmente atua como policial militar. "Tinha um resto de espuma e o Kiko pediu para a gente (Érico e mais dois funcionários) colocar. Como ficou desparelho das cores, o Kiko pediu para tirar, pois ele ia comprar uma nova espuma para ser colada. Quando chegamos um dia, os rolos de espumas estavam lá. A gente colou a espuma com cola de sapateiro", relatou ao responder as questões feitas pelo juiz Orlando Faccini Neto. 

Na noite do incêndio, Érico contou que o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, não avisou sobre o incêndio na hora que começou o fogo. Na distância que o depoente estava na hora do início, ele relatou que não conseguiu ouvir o Marcelo falando "Sai", como foi mencionado no julgamento, na hora do fogo. 

Érico também lembrou que uma pessoa alcançou o extintor para Marcelo. "O extintor não funcionou ou Marcelo não soube disparar", afirmou. O depoente disse que tentou buscar um extintor na cabine do DJ, mas foi aconselhado a sair por causa da fumaça. "Quando olhei para trás, eu vi uma nuvem preta. Eu gritei 'sai daqui que a fumaça é tóxica'", disse Érico ao relembrar a noite. Segundo a vítima, chegando próximo da porta, falou para o colega que estava junto para tirar a camiseta e botar na boca. "Tirei uma vez apenas para respirar rápido. Saí vomitando da boate", relembrou. Conforme Érico, pelo menos 30 conhecidos seus morreram naquela noite. 

Ele também lembrou que havia táxis na frente da boate, o que dificultou a saída das pessoas na hora do incêndio. Ao sair da casa, Érico disse que a primeira pessoa que viu do lado de fora do estabelecimento foi Elissandro, que logo lhe avisou que a esposa ainda estava lá dentro. Ele tentou voltar, mas respirou mal e não conseguiu entrar novamente. Questionado se viu Elissandro entrar na boate após o início dos fogos, Érico disse que não.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895