Ex-sócio da Kiss diz que não tinha conhecimento do show pirotécnico

Ex-sócio da Kiss diz que não tinha conhecimento do show pirotécnico

Elissandro Spohr prestou depoimento e rebateu as críticas sobre a estrutura da boate

Correio do Povo e Rádio Guaíba

Elissandro Spohr, réu no processo, prestou depoimento e rebateu as críticas sobre a estrutura da boate

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* Com informações dos repórteres Ananda Müller e Renato Oliveira

O ex-sócio da Boate Kiss, Elissandro Spohr, o Kiko, prestou depoimento na tarde desta terça-feira no Fórum de Santa Maria. Elissandro disse que a banda Gurizada Fandangueira não solicitou o uso de artefatos pirotécnicos. "Não foi pedido pra mim, não foi pedido pra mim, eu não tinha conhecimento", afirmou.

O ex-sócio da Kiss rebateu as críticas feitas pelos integrantes da banda, também réus no processo, que reclamaram da estrutura da boate. Marcelo de Jesus citou a falha do extintor. Luciano Bonilha Leão falou da única saída de emergência. "A Kiss não era essa bagunça que todo mundo fala", declarou Elissandro.

A respeito da falha no extintor, respondeu que existiam cerca de sete ou oito na boate e que sempre era realizada uma manutenção.

Sobre a superlotação da boate, Elissandro falou que a Kiss não era essa coisa de abre a porta e vamos "bombar". "Era impossível" ter mil pessoas na boate na noite do incêndio." Em relação aos seguranças terem trancado a porta, negou. " "Em nenhum momento os seguranças trancaram a porta".

O processo, coordenado pelo juiz Ulysses Fonseca Louzada apura as responsabilidades pela tragédia da boate Kiss, que provocou 242 mortes e deixou 600 feridos em Santa Maria.

Na quinta-feira, ocorre o depoimento de Mauro Hoffmann no Fórum de Porto Alegre. O titular da 1ª Vara Criminal, juiz Ulysses Fonseca Louzada, coordena o processo e irá conduzir os trabalhos em Santa Maria e Porto Alegre.

Os quatro réus respondem à acusação de homicidio qualificado.Terminada a etapa de depoimentos, o magistrado receberá a apresentação das teses finais de defesa e acusação. Depois da decisão do juiz, as defesas poderão recorrer, o que torna difícil prever uma data para o julgamento.

Tragédia

O incêndio na boate Kiss – que ficava na Rua dos Andradas, Centro de Santa Maria – começou por volta das 2h30min da madrugada de 27 de janeiro de 2013. Dos que participavam de uma festa organizada por estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 242 morreram em decorrência do fogo.

Segundo testemunhas, o fogo teria começado quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que acabara de subir ao palco, lançou um sinalizador. O objeto teria encostado na forração da casa noturna. As pessoas não teriam percebido o fogo de imediato, mas assim que o incêndio se espalhou, a correria teve início. Conforme relatos, os extintores posicionados na frente do palco não funcionaram.

Em pânico, muitos não conseguiram encontrar a única porta de saída do local e correram para os banheiros. Aqueles que conseguiram fugir em direção à saída, ficaram presos nos corrimãos usados para organizar as filas. A boate foi tomada por uma fumaça preta e as pessoas não conseguiam enxergar nada. A maioria morreu asfixiada dentro dos banheiros ou na parte dos fundos da boate.

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