Governo federal recomenda antecipação de férias escolares e home office devido a coronavírus

Governo federal recomenda antecipação de férias escolares e home office devido a coronavírus

Ministério da Saúde ressaltou que medidas serão tomadas por gestores locais

AE

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O Ministério da Saúde recomendou, nesta sexta-feira, medidas mais restritivas para evitar o avanço do novo coronavírus, entre elas o isolamento por 7 dias de todas as pessoas que chegam de viagens internacionais, mesmo sem sintomas, e cancelamento de eventos com aglomerações. O governo passa a considerar também a hipótese de realizar quarentena em locais onde a ocupação de leitos de UTI para a nova doença ultrapassar 80%.

As recomendações foram dadas pela pasta em uma videoconferência com os profissionais de saúde. A ideia da pasta é que gestores locais (governo federal, Estados e municípios) discutam como adaptar as recomendações a suas realidades. Por exemplo, ainda não é esperado pelo Ministério da Saúde que cidades sem transmissão sustentada da doença tomem medidas radicais.

A recomendação geral, no entanto, já é de cancelamento de "grandes eventos", sejam eles governamentais, esportivos, políticos, comerciais, religiosos, etc, além do isolamento de assintomáticos que estiveram fora do país. O governo federal também orienta o adiamento de cruzeiros turísticos durante o período de emergência em saúde pública. “Não dá para aceitarmos ou permitirmos concentração de pessoas que venham do exterior ou de outra parte do Brasil”, disse Oliveira.

O principal recado para população é reduzir o contato social. Até aglomerações em velórios de mortos pelo coronavírus devem ser evitados. Bufês de comida no estilo self-service devem ser eliminados, recomenda o governo, em eventos, que devem ocorrer preferencialmente em locais abertos.

As medidas que o ministério sugere sinalizam a preparação para a etapa de "mitigação" da doença, quando a ideia é salvar vidas. Nesta fase, o ideal é que leitos de hospitais estejam livres e que pessoas fora de grupos de risco (idosos e doentes crônicos) evitem ir a serviços de saúde. O risco é sobrecarregar o sistema com doentes leves, desviando foco de pacientes graves.

Para evitar ida desnecessária a hospitais, o governo recomenda que pessoas que não apresentem febre e mais um sintoma doença apenas liguem para o "136", da Ouvidoria do SUS.

O ministério orienta ainda que idosos e doentes crônicos evitem viagens, cinema, shopping, show e locais de aglomeração (contato social) em cidades com transmissão local – quando ainda é possível identificar a origem da infecção – ou comunitária – quando o vírus já circula de forma sustentada. A pasta reforçou que este grupo deve vacinar-se contra a influenza. A intenção é reduzir a velocidade de transmissão da doença e manter o serviço de saúde ativo.

O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, lembrou que, apesar do foco na nova enfermidade, o serviço segue pressionado por situações corriqueiras. “Continuamos com dengue, cirurgias, acidentes. Não estamos cuidando só de novo coronavírus”, disse. Apesar de o ministério apenas recomendar medidas mais restritivas, Oliveira ressaltou que os gestores locais têm em mãos regras para impor isolamento e quarentena, por exemplo, aprovadas no Brasil recentemente.

O secretário de Vigilância em Saúde disse que a cada três dias o número de casos dobra, caso não sejam adotadas as medidas propostas pelo Ministério da Saúde, segundo estimativas da pasta. Ele afirmou ainda ser fundamental que cada hospital tenha seu plano de contingência, para ampliar com segurança o número de leitos para receber a doença.

Em relação à circulação de pessoas em shoppings e comércios locais, o governo quer que estes estabelecimentos disponibilizem locais para lavar as mãos e álcool em gel. O secretário disse que é preciso estimular transmissões virtuais de eventos, cancelar viagens, realização de trabalho remoto e reuniões pela internet. O Ministério da Saúde recomenda ainda ter em mãos medicamentos para redução da febre, como ibuprofeno e paracetamol, além de máscara e álcool em gel.

Na fase de mitigação, o SUS passa a priorizar testes para novo coronavírus em pessoas com maior risco de desenvolver quadros graves. O governo reconhece que, neste modelo, pessoas assintomáticas ou quadros leves podem não ser computados, mas considera a medida mais racional, pois já não é essencial apontar quem passou a doença para quem, mas sim evitar mortes e pressão no sistema de saúde. 

O recado do governo também é de que, mesmo em cidades sem casos, já é preciso se planejar para a chegada da doença, pois o período do ano de maior transmissão de síndromes respiratórias se aproxima (outono e inverno). Além de recomendar cancelar, realizar sem público ou transmitir eventos, o governo também quer evitar aglomerações em locais fechadas (com cerca de 100 pessoas) em cidades com transmissão local. 

Recomendações para locais com transmissão

O Ministério da Saúde quer que instituições de ensino em locais com transmissão sustentada da doença planejem antecipar férias ou adotar ensino a distância, afirmou Oliveira. Para estas áreas, o governo também recomenda redução de deslocamentos ao trabalho, por meio do home office e realização de reuniões virtuais. A adoção de quarentena também se aplicaria apenas em locais de transmissão sustentada, cuja capacidade de leitos de UTI atingir 80% de ocupação. Segundo gestores da pasta, a quarentena seria a última das opções, pois gera transtornos econômicos e sociais.

O Ministério da Saúde anunciou na quinta-feira que dobrará para 2 mil o número de leitos que podem ser montados nos Estados para receber pacientes com o novo coronavírus. O governo informou que há 28 mil leitos habilitados pelo governo federal no SUS e outros 130 espaços prontos, mas estruturas podem ou não serem usadas para o novo coronavírus. Já os 2 mil leitos anunciados ontem são estruturas complementares, que servirão apenas para o novo coronavírus.


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