Justiça suspende novamente licença de operação de Belo Monte, diz MPF

Justiça suspende novamente licença de operação de Belo Monte, diz MPF

Reservatório só poderá ser formado depois que empresa cumprir as condicionantes ambientais

AE

Reservatório só poderá ser formado depois que empresa cumprir as condicionantes ambientais

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O Ministério Público Federal (MPF) informou que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) acatou um recurso de sua autoria e determinou a suspensão da licença de operação da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Conforme o MPF, a Corte Especial do TRF-1 decidiu, por nove votos a favor e cinco contra, que a hidrelétrica não pode formar reservatório até que a Norte Energia, empresa responsável por Belo Monte, cumpra uma das condicionantes ambientais da usina, referente a obras de saneamento básico na cidade de Altamira.

O MPF defende que "o enchimento do reservatório sem o cumprimento da condicionante do saneamento, que já deveria ter sido realizado há três anos, coloca a população de Altamira em risco de doenças pela contaminação das águas superficiais e profundas".

Procurada, a Norte Energia informou que "não tomou conhecimento da decisão do TRF1" e disse que vai se manifestar "assim que tiver ciência ou for intimada". Belo Monte, localizada no Rio Xingu, tem sido alvo de diversas ações judiciais movidas por procuradores públicos e ambientalistas contrários à obra, que deve consumir no total mais de R$ 30 bilhões.

Anteriormente, o próprio Ministério Público já tinha obtido uma liminar na Justiça Federal do Pará suspendendo a licença de operação da usina até que fossem cumpridas as obrigações relacionadas ao saneamento básico local. Mas, conforme o MPF, numa decisão reformada, o presidente do TRF1 entendeu que a paralisação da hidrelétrica traria prejuízo à ordem e à economia pública, ocasionando suspensão de fornecimento de energia elétrica, elevação das tarifas de energia e prejuízos ambientais pelo uso de termelétricas. Os procuradores argumentaram, porém, que a linha de transmissão principal que levaria energia do Xingu ao Sudeste não está construída, o que impediria dano à economia pública.

Não obstante os embates judiciais, as obras da usina avançam e a hidrelétrica já possui pelo menos 10 unidades geradoras em operação, com uma capacidade instalada de 2.677 MW. Quando estiver concluída, a usina terá 24 unidades geradoras, totalizando 11,2 mil MW de capacidade instalada.

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