Lixo acumulado em ruas e calçadas de Porto Alegre perturba moradores

Lixo acumulado em ruas e calçadas de Porto Alegre perturba moradores

Prefeitura diz que gasta R$ 1,2 milhão por mês somente na remoção de resíduos irregulares

Felipe Faleiro

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O acúmulo de lixo nas ruas de Porto Alegre é um incômodo na paisagem urbana. Os resíduos domiciliares, misturados aos entulhos de todos os tipos, causam repulsa em quem transita por diversas ruas da Capital, ainda que, segundo a Prefeitura, o trabalho seja contínuo no combate aos descartes irregulares. De acordo com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), são gastos R$ 1,2 milhão por mês somente na remoção do lixo descartado em locais inadequados.

Eles estão às dezenas, e em diversos pontos, trazendo consigo odores insuportáveis, ratos, baratas e demais animais transmissores de doenças. Há alguns lugares onde o lixo forma verdadeiras pilhas, como na rua Voluntários da Pátria, junto à rua Coronel Solon D’Ávila e a avenida São Pedro, no bairro São Geraldo. “Às vezes os animais entram nos estabelecimentos, e quem está lá até se assusta”, diz o técnico em eletrônica Leandro Oliveira, que trabalha em uma loja próxima. Conforme ele, a Prefeitura até limpa o local a cada 15 dias, mas a população descarta irregularmente de novo.

A mesma situação ocorre na rua Santo Guerra, no Humaitá, junto à avenida A. J. Renner, em pleno 4º Distrito e quase ao lado da Estação Farrapos da Trensurb. Na manhã desta terça-feira, uma equipe do DMLU removia o excesso de lixo em um trecho sem saída da via, mas pessoas próximas informam que não deve demorar muito para haver novo acúmulo. O motorista de aplicativo Jean Vidal, morador do Jardim Protásio Alves, observava os trabalhos enquanto aguardava passageiros. No local onde vive, segundo ele, o problema é parecido.

“O DMLU só limpa as beiradas de calçada. Parece que estamos sendo deixados de lado”, diz. Na rua Dona Teodora, quase esquina com a rua Pernambuco, e próximo da Unidade de Saúde Diretor Pestana, também no Humaitá, há uma pilha de resíduos que toma conta da calçada e preocupa os moradores. Quando há vento, parte do lixo acumulado invade os pátios, e quando chove, entope o esgoto, causando alagamentos. Vizinhos dizem que moradores da Vila Ferroviária, localizada ao lado, tornaram o local um ponto de descarte irregular.

“O pior é que já estamos acostumados. Isto prejudica as empresas daqui do entorno também, e são várias”, analisa o eletricista André Luis de Almeida, que cuida de dois negócios em um mesmo endereço na rua Pernambuco. Ele conta que tem diversos registros em fotos e vídeos do lixo acumulado na calçada. Neste local, de acordo com ele, também a coleta seletiva parece não dar conta dos resíduos acumulados, já que o descarte ocorre de um dia para outro. No Centro Histórico, há problemas abaixo da Elevada da Conceição, na região da mesma Voluntários da Pátria.

O diretor de Limpeza e Coleta do DMLU, Alexandre Friedrich, afirma que, somente para eliminar os descartes irregulares, o órgão dispõe de 33 caminhões-caçamba, 17 compactadores e sete retroescavadeiras. Os números não contemplam a coleta regular. Segundo ele, até pessoas de outros municípios vêm a Porto Alegre descartar materiais à noite, como na área do Sambódromo, no Porto Seco, um dos lugares mais críticos da cidade, segundo ele, e onde nem as câmeras instaladas intimidam quem deixa os resíduos.

“Falta conscientização das pessoas. Elas sabem que não podem descarregar, mas descarregam, porque querem se livrar do resíduo de qualquer forma. Isto nos acarreta um custo muito alto”, diz. No entanto, ele reconhece que há alguns locais não-monitorados onde também há descartes irregulares, como o final da Avenida Severo Dullius, no bairro Anchieta, área de onde são retiradas 200 toneladas de lixo por mês em mutirões de limpeza regulares. Somente no último domingo, foram removidas 90 toneladas.

Outra ação é o investimento na educação ambiental. “Estamos dando palestras em escolas em áreas com muitos descartes irregulares. Porque só assim, com a educação das crianças, acredito que conseguiremos mudar esta realidade”, diz Friedrich. Atualmente, a população de Porto Alegre produz 1.600 toneladas de lixo por dia, e parte dele pode ser levada às Unidades de Destino Certo (UDCs), como são chamados os ecopontos. São oito espalhados pela cidade, para onde podem ser encaminhados materiais como resíduos da construção civil, de podas, restos de móveis e pneus.


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