Rodoviários finalizam protesto com caminhada contra exclusão de cobradores em Porto Alegre

Rodoviários finalizam protesto com caminhada contra exclusão de cobradores em Porto Alegre

Mobilização obrigou alguns passageiros a descerem dos ônibus antes do final de linha

Cláudio Isaías

Protesto paralisou corredores de ônibus em pelo menos quatro avenidas de Porto Alegre

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Os rodoviários finalizaram com uma caminhada o protesto realizado nesta segunda-feira contra a exclusão gradativa de cobradores dos ônibus de Porto Alegre. No começo da manhã, uma série de bloqueios paralisou o tráfego nos corredores dos coletivos em pelo menos quatro avenidas da cidade: Osvaldo Aranha, Protásio Alves, João Pessoa e Farrapos. A categoria, mobilizada contra o projeto da prefeitura, se deslocou a partir do Túnel da Conceição, passando pela avenida Mauá e até o Paço Municipal, onde havia carro de som.  

Nas primeiras horas do dia, quem precisou de ônibus nos corredores paralisados encontrou dificuldades. O primeiro bloqueio registrado foi na Osvaldo Aranha e por consequência atingiu a Protásio Alves. As linhas dos coletivos seguiam em direção ao Centro pelo Túnel da Conceição. A opção para muitos passageiros foi descer antes da parada final para seguir a pé até o local de trabalho. Outros usuários apelaram para táxis e lotações. 

O projeto sugere a diminuição gradativa da tripulação nos ônibus, excluindo os cobradores nas seguintes hipóteses: rescisão do contrato de trabalho por iniciativa do cobrador; demissão por justa causa; aposentadoria; falecimento do empregado e interrupção ou suspensão do contrato de trabalho.

O texto prevê, ainda, que os cobradores deixem de existir, primeiro, nas linhas cuja viagem tenha iniciado entre 22h e 4h, e nos domingos, feriados e dias de passe livre. O projeto também estabelece que, entre 22h e 4h, o pagamento da tarifa seja feito exclusivamente por meio de cartão do Sistema de Bilhetagem Eletrônica, cartão de débito, cartão de crédito ou outras formas eletrônicas de pagamento. O não uso de dinheiro visa, segundo a Prefeitura, a segurança dos passageiros e do motorista.

A prefeitura emitiu uma nota reiterando que projeto não prevê a demissão sumária de qualquer cobrador.

Confira a manifestação na íntegra

"Apesar de gerar queixas da categoria e alegações inverídicas de que a profissão acabará, está bem claro no projeto que nenhum cobrador será demitido! A ideia é que o profissional deixe de ser obrigatório em situações, dias e horários específicos, e em linhas com baixa demanda. A obrigatoriedade será retirada apenas em dias de passe-livre, domingos e feriados, das 22h ‪às 4h‬, nas linhas com poucos passageiros. Ainda haverá qualificação profissional gratuita aos interessados que queiram aprender outras funções, preservando seus empregos.

Caso vire lei, o pagamento da tarifa será modernizado com a implantação do cartão de bilhetagem, com débito, crédito e outras formas eletrônicas. Se nada for feito, a certeza é que teremos um reajuste ainda maior em 2020, o que inviabiliza o sistema cada vez mais. Para nós, cuidar do transporte coletivo é pensar naqueles que mais precisam. Portanto, só se opõe ao projeto quem pensa somente nos interesses individuais, contra a coletividade de uma Porto Alegre mais conectada com o futuro.

Cabe lembrar que o tema não é novidade no país, já que em 28 cidades – como Belo Horizonte, Fortaleza e Aracaju – a presença do cobrador não é exigida. Também é comum no mundo inteiro que a função seja extinta com o tempo por perder a necessidade. Mesmo assim, a lei trata de uma transição gradual. Estamos sendo realistas, nos preparando para o futuro e pensando nos cobradores. Com transparência e diálogo, a Prefeitura está aberta às contribuições para discutir soluções que evitem o colapso do transporte coletivo".


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