Sócio da boate Kiss será ouvido nesta quinta em Porto Alegre

Sócio da boate Kiss será ouvido nesta quinta em Porto Alegre

Empresário é o quarto réu a prestar depoimento sobre tragédia de Santa Maria

Bibiana Borba / Rádio Guaíba

Último réu do caso Kiss é interrogado hoje em Porto Alegre

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O empresário Mauro Hoffmann, sócio da boate Kiss junto com Elissandro Spohr na época do incêndio que acarretou 242 mortes em Santa Maria, é o quarto e último réu do processo criminal a ser ouvido pela Justiça, na tarde desta quinta-feira, em Porto Alegre. O interrogatório acontece no auditório do Foro Central, a partir das 13h30min, e tem lugares reservados apenas para advogados, familiares das vítimas e réus, além de jornalistas cadastrados. A audiência é presidida pelotitular da 1ª Vara Criminal de Santa Maria, juiz Ulysses Louzada, responsável pelo julgamento, que já ouviu os outros três réus no município da região central do Estado.

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Kiko Spohr, como é conhecido o principal sócio da boate, prestou depoimento em audiência que durou quase nove horas no município da região central, nessa terça-feira. Defendido pelo advogado Jader Marques, o empresário rebateu a maioria dos questionamentos da acusação indicando outros culpados para a tragédia — como o prefeito Cezar Schirmer e os bombeiros que liberaram o alvará da casa. Ele também negou que a Kiss funcionasse superlotada.

Já os dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira que também respondem na esfera criminal, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, foram ouvidos na semana passada. Os quatro réus são acusados de homicídio qualificado pelo motivo torpe e emprego de fogo, asfixia ou outro meio insidioso ou cruel que possa resultar perigo comum. O incêndio do dia 27 de janeiro de 2013 levou à morte de 242 pessoas e deixou 636 feridas.

Os réus são acusados por homicídio com dolo eventual - quando a pessoa assume o risco de matar -, qualificado pelas mortes (por asfixia, incêndio e motivo torpe) e pela tentativa de homicídio. Os quatro reús - que foram presos no final de janeiro e início de março de 2013 - foram libertados no dia 23 de maio do mesmo ano.

O processo se encontra na fase final de instrução. Foram ouvidas mais de 180 pessoas, entre sobreviventes, testemunhas e peritos. Após os depoimentos dos réus, o juiz receberá as alegações finais das defesas e acusações e irá decidir se os quatro acusados irão a Júri popular.


Tragédia

O incêndio na boate Kiss – que ficava na Rua dos Andradas, Centro de Santa Maria – começou por volta das 2h30min da madrugada de 27 de janeiro de 2013. Dos jovens que participavam de uma festa organizada por estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 242 morreram em decorrência do fogo.

Segundo testemunhas, o fogo teria começado quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que acabara de subir ao palco, lançou um sinalizador. O objeto teria encostado na forração da casa noturna. As pessoas não teriam percebido o fogo de imediato, mas assim que o incêndio se espalhou, a correria teve início. Conforme relatos, os extintores posicionados na frente do palco não funcionaram.

Em pânico, muitos não conseguiram encontrar a única porta de saída do local e correram para os banheiros. Aqueles que conseguiram fugir em direção à saída, ficaram presos nos corrimãos usados para organizar as filas. A boate foi tomada por uma fumaça preta e as pessoas não conseguiam enxergar nada. A maioria morreu asfixiada dentro dos banheiros ou na parte dos fundos da boate.

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