Temporal renova drama de moradores do bairro Farrapos

Temporal renova drama de moradores do bairro Farrapos

“Perco tudo, todos os anos”, conta residente da região, após mais uma chuva forte

Jessica Hübler

Região do bairro Farrapos sofre com alagamentos

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“Perco tudo, todos os anos”, suspirou Débora Oliveira Laids, já na noite desta sexta-feira, após o temporal que atingiu Porto Alegre, por volta das 17h30min. Passadas cerca de quatro horas, o entorno da residência de Débora permanecia embaixo d’água.

O susto foi grande. Com o filho de três anos no colo, ela precisou sair de casa, na rua Carlos Alfeu Carvalho e buscar refúgio na residência da mãe, que mora a cerca de 500 metros de distância, na rua Júlio Castilhos de Azevedo. As duas ruas estão localizadas no bairro Farrapos, na zona Norte da cidade, nas proximidades da Arena do Grêmio. Quando chove forte, a região é uma das mais castigadas pelos alagamentos.

Desde o ano passado, Débora está vivendo com um sofá emprestado e já perdeu as contas de quantas vezes precisou renovar a cama, o guarda-roupa e os armários da residência. Entre os itens mais caros – que também já precisou adquirir mais de uma vez nos últimos anos – estão a geladeira e o fogão que, desde o final do ano passado, ela utiliza com o suporte de pallets de madeira. “Já sei que vai alagar, pelo menos consigo salvar os eletrodomésticos.”

Moradora da região há mais de 30 anos, ela lamentou: “Está cada vez pior”. Para Débora, nem mesmo a construção do estádio gremista ali perto melhorou a situação de quem vive no bairro. Pelo contrário:  “De uns seis anos pra cá nós percebemos que piorou e muito”, reiterou.

Ela contou que os vizinhos estão cansados das promessas de melhorias, referindo-se às obras de drenagens que ainda precisam ser feitas no entorno da Arena. “É a coisa mais triste, nos sentimos esquecidos”, definiu ela, enquanto um homem nas redondezas estacionava seu carro para procurar a placa perdida em uma das poças. Nesta sexta, algumas ruas inclusive interditadas com cavaletes feitos por moradores, por onde não tinha como transitar devido à profundidade da água.

Passado o susto e a corrida à casa da mãe, Débora agora espera que a água baixe e seu filho, melhore: “Ele tá gripado faz uma semana, não melhorou”, afirmou. “Com essa chuva agora, quero ver”, complementou ela, aguardando a oportunidade para poder voltar para casa.


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