O Aeroporto de Munique, no sul da Alemanha, retomou os voos "progressivamente" neste sábado (4), mas a operação segue com atrasos após o terminal ter sido fechado na sexta-feira pela segunda noite consecutiva devido a um alerta de drones. Os incidentes aumentam a tensão na Europa, que enfrenta uma onda de perturbações aéreas e teme uma escalada da guerra na Ucrânia.
O fechamento mais recente ocorreu na sexta-feira, quando o tráfego aéreo foi primeiramente restringido e, em seguida, cancelado a partir das 21h30 (horário local). O incidente levou ao desvio de 23 voos de chegada e ao cancelamento ou adiamento de 46 decolagens, afetando um total de 6.500 passageiros. Um porta-voz da polícia confirmou à AFP que houve "dois avistamentos simultâneos confirmados por patrulhas policiais" perto das pistas, com os drones se afastando rapidamente antes da identificação.
Preocupações com segurança nacional
A primeira interrupção no aeroporto de Munique ocorreu na quinta-feira, resultando no cancelamento de mais de 30 voos e deixando cerca de 3 mil passageiros ilhados. Os avistamentos, que se estenderam até a meia-noite, ocorreram em áreas próximas ao aeroporto, incluindo cidades como Freising e Erding, onde está um campo de aviação militar.
O ministro do Interior da Alemanha, Alexander Dobrindt, classificou o primeiro incidente como um "alerta" sobre a ameaça dos drones. Ele defendeu que a "corrida entre a ameaça dos drones e a defesa contra drones está ficando cada vez mais difícil" e pediu mais financiamento e pesquisa sobre o tema. O governo alemão deve aprovar um projeto de lei na próxima quarta-feira que permitirá ao exército derrubar drones quando necessário.
Tensão na Europa
Os incidentes em Munique se somam a outros alertas recentes que vêm gerando alarme em toda a Europa. Na semana passada, aeroportos na Dinamarca e Noruega foram fechados por detecção de drones. As incursões aéreas também ocorreram na Polônia e Romênia, enquanto a Estônia denunciou violações de seu espaço aéreo por caças russos.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, alertou a Europa que essas incursões demonstram a intenção de Moscou de "escalar" a agressão. A Alemanha, inclusive, já estava sob alerta máximo após um enxame de drones sobrevoar áreas militares e industriais.
Em resposta, os 27 países da União Europeia (UE) se reuniram em Copenhague e discutiram um plano para reforçar a defesa com a implementação de um "muro antidrones" ao longo das fronteiras. A Rússia nega qualquer envolvimento nos incidentes, e o presidente Vladimir Putin acusa a Europa de alimentar a "histeria" para justificar o aumento de seus gastos militares.