O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que o Brasil busca manter uma postura de neutralidade e diálogo nas relações internacionais e que não há divergências entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à Venezuela.
"Não há discordância. O que o presidente Lula tem falado é: os países têm autonomia. Não devemos estimular uma insegurança na região. O mundo já tem guerra no Oriente Médio, já tem guerra na Europa. A nossa região é tradicionalmente uma região de paz", afirmou Alckmin, em entrevista à Record News exibida na noite desta terça-feira, 21.
O presidente em exercício afirmou ainda que o governo brasileiro tem defendido o multilateralismo e o livre-comércio, ressaltando a importância de regras claras sob a coordenação da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"O Mercosul é um bom exemplo de integração regional. Agora vai entrar um quinto país, a Bolívia. É preciso fortalecer a região. No livre-comércio, todos ganham: quem é mais competitivo em um produto vende, quem precisa compra. Ganha o consumidor, ganha a sociedade", afirmou Alckmin.
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Terras raras
Na entrevista, Alckmin afirmou que os Estados Unidos têm demonstrado interesse crescente no acesso às terras raras e a outros minerais estratégicos brasileiros, considerados fundamentais para a indústria de alta tecnologia.
"A discussão já faz parte do diálogo econômico entre os dois países. Ambos buscam ampliar a cooperação em áreas de energia, inovação e sustentabilidade", disse.
Segundo o presidente em exercício, o País pode unir o potencial mineral à liderança em energia limpa para atrair novos investimentos internacionais e ampliar a cooperação com os Estados Unidos. "O Brasil tem energia abundante e energia limpa, renovável, eólica, solar, hidrelétrica. Há um espaço enorme de bom entendimento com os Estados Unidos", afirmou.
Alckmin ainda relacionou o tema da energia à agenda ambiental global, destacando que o País tem condições de assumir papel de liderança na produção do combustível sustentável de aviação (SAF), uma das principais alternativas ao querosene fóssil. "Só Brasil, Índia e Estados Unidos têm escala para produzir o combustível sustentável de aviação."
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, em novembro, representa "uma avenida de oportunidades de investimento para o Brasil" consolidar sua posição na economia verde, segundo o presidente em exercício.