Biden diz que risco de invasão da Rússia à Ucrânia é muito elevado

Biden diz que risco de invasão da Rússia à Ucrânia é muito elevado

Presidente dos EUA afirmou que Moscou moveu mais tropas para região

AFP

publicidade

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta quinta-feira que o risco de uma invasão da Rússia à Ucrânia é "muito elevado", apesar do anúncio de Moscou de mais retiradas de tropas da fronteira. Um ataque é possível nos "próximos dias", destacou Biden antes de deixar a Casa Branca para uma viagem a Ohio. Ele também disse que não tem planos de ligar para o presidente russo, Vladimir Putin, no momento em que aumentam os temores de uma invasão de Moscou ao vizinho.

A ameaça é "muito alta, porque eles não retiraram nenhuma de suas tropas. Eles moveram mais tropas", disse Biden a repórteres na Casa Branca. "Temos motivos para acreditar que eles estão fazendo uma operação de pretexto para ter uma desculpa para entrar".

"Todas as indicações que temos são de que eles estão preparados para entrar na Ucrânia, atacar a Ucrânia", insistiu. "Minha percepção é que isso vai acontecer nos próximos dias".

O mandatário afirmou que não leu uma nova resposta escrita do presidente russo, Vladimir Putin, às propostas dos EUA para uma saída diplomática da crise. O presidente disse que que ainda há "uma via diplomática" e que o secretário de Estado, Antony Blinken, "definirá qual é essa via" em um discurso nesta quinta-feira nas Nações Unidas.

Na terça, Biden ressaltou que os Estados Unidos responderão de maneira decisiva a qualquer ataque da Rússia, incluindo duras sanções econômicas ao país que já foram elaboradas pelo governo americano. 

Parecer da Embaixada 

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse hoje que a Rússia se dirige para uma "invasão iminente" da Ucrânia, apesar de seus anúncios de retirada de tropas. 

A diplomata disse ter pedido ao secretário de Estado americano, Antony Blinken, para participar da reunião do Conselho de Segurança da ONU desta quinta sobre a Ucrânia "para marcar nosso intenso compromisso com a diplomacia". Previsto há várias semanas, o encontro será presidido pelo vice-ministro russo das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Verchinin, e também contará com a presença do vice-ministro britânico para a Europa, James Cleverly. A caminho da conferência de segurança organizada para este fim de semana em Munique, Blinken chegará à ONU "para deixar claro ao mundo que estamos fazendo todo o possível para evitar uma guerra", acrescentou a embaixadora americana, que tem status de secretária no gabinete de Joe Biden.

"Nosso objetivo é transmitir a gravidade da situação", porque "este é um momento crucial", insistiu Linda Thomas-Greenfield. Blinken destacará "nosso intenso compromisso com a diplomacia, oferecerá e destacará o caminho para a desescalada", completou.

Alegando semelhanças com a fase que antecedeu a incursão de Moscou à Geórgia, em 2008, um funcionário do Departamento de Estado disse à imprensa que Washington observou com preocupação, na quarta-feira, como o governo russo continua estimulando o conflito, embora se pronuncie na direção contrária.

Austin: Rússia mantém aumento de tropas

Um alerta nesse mesmo sentido foi lançado nesta quinta pelo secretário de Defesa dos EUA, general Lloyd Austin, segundo o qual a Rússia poderá usar desculpas para invadir o país vizinho, após "preocupantes" relatos sobre bombardeios em regiões controladas por separatistas pró-russos no leste da Ucrânia. 

"Vimos as informações sobre os bombardeiros, e é algo realmente preocupante. Já dissemos que os russos poderiam fazer algo como isso para justificar um conflito militar", advertiu Austin, em declarações à imprensa após uma reunião de ministros da Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em Bruxelas.

Assim como outras autoridades do governo americano, o general Lloyd Austin reforça que a Rússia continua aumentando seu contingente e capacidade militares na fronteira com a Ucrânia. O secretário afirma que o número de soldados russos se aproxima de 150 mil, destacando que "vemos que algumas dessas tropas se aproximam, pouco a pouco, dessa fronteira". 

Segundo Austin, os aliados da Organização do Atlântico Norte (OTAN) detectaram forças russas "voando em mais aviões de combate e de apoio. Estamos vendo-os aguçar sua prontidão no Mar Negro. Estamos vendo-os, inclusive, se abastecer de sangue".

Rússia nega intenção de invasão

O governo da Rússia nega a intenção de uma invasão. Nesta quinta, o país liberado por Putin anunciou que prossegue com a retirada militar da Crimeia, península ucraniana anexada. "As unidades do distrito federal do Sul que terminaram sua participação em manobras táticas nas bases da península da Crimeia estão voltando para suas bases em trem", afirmou o ministério da Defesa russo às agências de notícias". 

Na terça-feira, Putin afirmou que não tem interesse em travar uma guerra. ""Queremos (uma guerra), ou não? É claro que não. Por isso, apresentamos nossas propostas para um processo de negociação", declarou em entrevista coletiva, ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz.

Na ocasião, Putin que disse que deseja "continuar trabalhando em conjunto" com os países ocidentais sobre a segurança europeia para desescalar a crise na Ucrânia. "Estamos dispostos a continuar trabalhando em conjunto. Estamos dispostos a seguir o caminho da negociação", afirmou.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895