Bloqueios em greve de transportadores causa alerta de escassez de alimentos na Colômbia

Bloqueios em greve de transportadores causa alerta de escassez de alimentos na Colômbia

Centenas de veículos de carga bloqueiam as vias de acesso a Bogotá em resposta a um aumento equivalente a R$ 2,46 por galão de diesel

AFP

"Fazemos um apelo urgente a todos os envolvidos (...) para garantir uma passagem prioritária e sem restrições para os veículos que transportam alimentos", diz um comunicado do Ministério da Agricultura

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O governo da Colômbia fez, nesta quarta-feira, 4, um "apelo urgente" para que os transportadores que protestam contra o aumento no preço do diesel liberem "corredores de abastecimento", diante de alertas de escassez de alimentos em várias cidades.

Centenas de veículos de carga bloqueiam total ou parcialmente desde segunda-feira as vias de acesso a Bogotá e às principais cidades da Colômbia, em resposta a um aumento equivalente a 46 centavos de dólar (R$ 2,46) por galão (3,8 litros) de diesel.

"Fazemos um apelo urgente a todos os envolvidos (...) para garantir uma passagem prioritária e sem restrições para os veículos que transportam alimentos e produtos essenciais", diz um comunicado do Ministério da Agricultura.

O ministério propôs a criação de "corredores de abastecimento" para um "trânsito seguro e rápido" de alimentos e produtos perecíveis. Também alertou sobre "perdas significativas" devido ao fechamento das vias.

Desde sábado, a administração do esquerdista Gustavo Petro aumentou o preço do combustível utilizado pela maioria dos veículos de carga, em um país onde os transportes fluvial e ferroviário são precários.

O diesel passou a custar cerca de 2,7 dólares (R$ 15,2) por galão, um preço que ainda é um dos mais baixos da região, apenas acima do Equador e da Bolívia, segundo o governo colombiano.

No poder desde 2022, Petro busca uma redução gradual dos subsídios que mantinham o preço do combustível congelado desde a pandemia.

Mercados desabastecidos

Os mercados das principais cidades da Colômbia registraram na terça-feira uma queda de 23% no abastecimento de alimentos em relação à semana anterior, conforme indicado no boletim diário de preços ao atacado da autoridade estatística.

Em Bogotá (centro), Corabastos - a maior central de abastecimento do país - sofreu uma variação de -40,3% na última semana.

Um panorama similar é observado em mercados de outras cidades afetadas pelos bloqueios de rotas, como Centroabastos em Bucaramanga (nordeste), com -28,3%, e Cavasa, em Cali (sudoeste), com -33%.

"Embora desabastecimento seja uma palavra que cause medo, estamos preocupados que isso possa ocorrer, pois a mobilidade dos alimentos não está garantida", alertou Óliver Medina, chefe de controle e preços da Cavasa, em entrevista ao jornal local El País.

Produtores agrícolas e pecuaristas dos departamentos de Nariño (sul) e Boyacá (centro) denunciaram nesta quarta-feira que tiveram que doar ou descartar seus produtos devido às dificuldades para transportá-los.

Aproximadamente 90% da mercadoria na Colômbia é transportada em caminhões, segundo o Ministério dos Transportes.

Sem acordo

O gabinete de Petro continua com as reuniões pelo segundo dia consecutivo com os sindicatos para buscar uma solução para a crise, embora ainda não haja avanços.

Na terça-feira, a ministra dos Transportes, María Constanza García, assegurou que não haverá novos aumentos antes de um acordo ser alcançado. No entanto, o aumento atual permanece.

Mas os transportadores não cedem. "Não vamos nos levantar até que o aumento seja revogado", afirmou em coletiva de imprensa Jorge García, presidente da Confederação Colombiana de Transportadores (CCT).

Petro, por sua vez, acusa "poderosos" empresários de estarem por trás dos protestos e afirma que os subsídios ao combustível são fiscalmente insustentáveis.

Caos em Bogotá

Várias áreas de Bogotá amanheceram nesta quarta-feira com a presença de policiais antidistúrbios, após um dia de trânsito caótico na cidade de 8 milhões de habitantes, conforme constatado por um fotógrafo da AFP.

O prefeito da cidade, Carlos Fernando Galán, afirmou nesta quarta-feira que, desde o início dos protestos na capital, 18 pontos sofreram bloqueios.

Ele acrescentou que cerca de 1,6 milhão de usuários do transporte público foram afetados e que 67 ônibus da rede foram vandalizados durante os bloqueios.

Muitos moradores da capital foram forçados a caminhar ou usar bicicletas para chegar aos seus locais de trabalho.

O Terminal de Transportes de Bogotá informou, por sua vez, que as empresas de ônibus que saem da capital para outras cidades suspenderam a venda de passagens.

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