A cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) foi encerrada neste sábado (1º) na Coreia do Sul, tendo o presidente chinês, Xi Jinping, como figura central após a saída abrupta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A reunião das 21 economias membros resultou em diversos compromissos em relação à cooperação regional e sobre a Inteligência Artificial (IA).
Xi Jinping defende multilateralismo
O líder chinês ocupou o centro das atenções, com Pequim se posicionando como defensora do multilateralismo. Sua presença se destacou após Donald Trump abandonar o fórum na quinta-feira, logo após uma reunião com Xi que visava amenizar a guerra comercial entre as duas potências.
Neste sábado, Xi Jinping se reuniu com o anfitrião do evento, o presidente sul-coreano Lee Jae-myung, em Gyeongju. Seul, que mantém um delicado equilíbrio entre a China (principal parceiro comercial) e os EUA (garantidor de defesa), viu Lee pedir a Xi que o ajudasse a "retomar o diálogo" com a Coreia do Norte.
A agenda de Xi incluiu também reuniões para reduzir as tensões com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, e com a nova primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi. O líder chinês concordou com ambos em "restaurar as relações". Carney classificou as conversas como um "ponto de virada", destacando que abordaram temas sensíveis como a interferência estrangeira. Ao final da cúpula, Xi anunciou que a próxima reunião do bloco será realizada em 2026 em Shenzhen, no sul da China.
IA “Ética”: Regulamentação proposta pelo México
Os líderes assinaram uma declaração final de cooperação e dois documentos conjuntos focados em IA e em medidas para lidar com o envelhecimento populacional e as baixas taxas de natalidade.
Com o lema "Construindo um Amanhã Sustentável", o encontro deu foco especial à inovação tecnológica. A iniciativa de IA acordada visa fomentar a "colaboração entre as partes interessadas do setor privado, do governo e da academia, e expandir o investimento em infraestrutura" para a tecnologia, conforme afirmou o presidente Lee.
Horas antes, o secretário da Economia do México, Marcelo Ebrard, propôs uma regulamentação conjunta da IA na sessão final dos líderes, enfatizando a necessidade de "estabelecer marcos regionais que regulem a ética da inteligência artificial, as normas de cibersegurança e a proteção da privacidade".
América Latina fortalece relações com a Ásia
Os membros latino-americanos da APEC — México, Chile e Peru — aproveitaram a cúpula para aprofundar suas relações com a Ásia.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, o único da região presente, defendeu o multilateralismo e finalizou negociações sobre energia verde e inovação. Ele convidou a Ásia a considerar o Chile como "uma porta de entrada para a América Latina".
Boric e o primeiro-ministro canadense, Carney, renovaram um acordo bilateral de parceria estratégica em áreas como comércio e mudanças climáticas.
O secretário mexicano Marcelo Ebrard conseguiu avançar nos "próximos passos" das negociações com Washington para evitar as tarifas de Trump. Ele também abordou as recentes tarifas de até 50% impostas pelo México sobre veículos elétricos da China e de outras economias asiáticas.
O novo governo peruano manteve um perfil discreto, mas seu Ministério das Relações Exteriores afirmou ter recebido "apoio unânime" para presidir a APEC em 2034, marcando sua quarta vez como anfitrião.