Estado Islâmico reivindica autoria de ataque em Viena

Estado Islâmico reivindica autoria de ataque em Viena

Grupo assumiu a responsabilidade sobre o tiroteio, que deixou quatro mortos, em comunicado publicado em seus canais do Telegram

AE e AFP

Grupo assumiu a responsabilidade sobre o tiroteio que deixou quatro mortos e mais de 20 feridos nesta terça-feira

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O grupo jihadista Estado Islâmico (IS) assumiu, na terça-feira, a responsabilidade pelo tiroteio que deixou pelo menos quatro mortos e 22 feridos em Viena, em um comunicado publicado em seus canais do Telegram.

A organização extremista aponta "um soldado do califado" como o responsável pelos tiroteios perto de uma sinagoga e da Ópera de Viena. Ele se direcionou a "alguns grupos atacando-os com uma arma automática e faca", segundo a nota divulgada através da rede de mensagens.

Em texto à parte, acompanhado de foto do agressor armado, a agência de propaganda Amaq o identifica pelo nome de guerra "Abu Dayena al Albani", que indica sua origem albanesa. "Fontes de segurança disseram ao Amaq que um combatente do Estado Islâmico atacou grupos no centro da cidade de Viena na noite passada (...) e confrontou membros da polícia que compareceram ao local", segundo a nota.

Também foi publicado um breve vídeo em que o agressor, sozinho em frente à câmera, se grava jurando lealdade ao chefe oficial da organização jihadista, Abu Ibrahim al Hachemi al Qurachi. O agressor foi morto pela polícia da Áustria, que realizou 18 buscas e prendeu 14 pessoas após o atentado fatal.

Segundo o ministro do Interior austríaco, Karl Nehammer, o autor do crime se chamava Kujtim Fejzulai, possuía dupla nacionalidade austríaca e macedônia e havia sido preso em 2019 na Áustria, mas foi solto antes de cumprir sua pena completa. No ano passado, ele foi condenado a 22 meses de prisão por tentar viajar para a Síria para se juntar ao Estado Islâmico. No entanto, o jovem jihadista conseguiu "enganar" o programa de desrradicalização e os agentes que o monitoravam.

Após uma rápida ascensão e a proclamação em 2014 de um "califado" em uma área entre o Iraque e a Síria, os jihadistas do EI sofreram uma série de reveses, em ofensivas lançadas nesses dois países. Depois de voltar à clandestinidade, o grupo continua reivindicando ataques mortais, na Síria e no Iraque, mas também no Afeganistão ou na África Ocidental.

"Três dias de luto nacional"

Nesta terça-feira, uma grande parte do centro de Viena ainda estava isolada. Nos locais do crime, policiais científicos recuperavam evidências. A Áustria decretou três dias de luto nacional após o que o chanceler Sebastian Kurz chamou de "repugnante ataque terrorista". O chefe de Governo, o presidente Alexander van der Bellen e outras autoridades participaram em uma cerimônia de homenagem às vítimas.

Os habitantes de Viena, ainda atordoados, se esqueceram até mesmo do novo confinamento que entrou em vigor nesta terça-feira para conter a pandemia de Covid-19. O rabino da comunidade judaica de Viena, Schlomo Hofmeister, disse estar "preocupado" se o ataque estava vinculado à sinagoga. "Nenhuma prova confirma isso, mas não podemos descartar", confessou à AFP. "O edifício estava fechado neste momento do dia e o bairro é o mais movimentado da cidade".

Da janela de seu apartamento, ele presenciou a cena. "O homem correu em direção aos clientes dos bares com sua arma", relatou. "O tempo estava bom e era véspera do confinamento, sem dúvida ele aproveitou a situação para provocar um banho de sangue", considerou.

Quatro vítimas

Entre as quatro vítimas, há um homem e uma mulher idosos, um jovem pedestre e uma garçonete, disse o chanceler Kurz. Além disso, 15 pessoas estão internadas, sete delas em estado grave, segundo a associação de hospitais de Viena.

Policiais e soldados foram enviados para proteger prédios importantes da capital e as crianças não foram à escola nesta terça. "Nunca nos deixaremos intimidar pelo terrorismo e combateremos esses ataques por todos os meios", afirmou Kurz no Twitter. Os ataques aconteceram em meio a uma grande tensão na Europa.

Na França, três pessoas foram assassinadas na quinta-feira em um ataque com faca em uma basílica em Nice (Sudeste) por um jovem tunisiano que havia acabado de chegar na Europa. Alguns dias antes, o professor Samuel Paty foi decapitado nos arredores de Paris, após mostrar caricaturas do profeta Maomé durante uma aula sobre liberdade de expressão.

O Reino Unido aumentou nesta terça-feira seu nível de alerta para ameaças terroristas de "substancial" para "grave", disse o serviço de inteligência britânico MI5. A Áustria permanecia até agora à margem dos atentados islâmicos que atingem a Europa nos últimos anos.


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