Caso Becker: após últimas testemunhas de defesa, júri popular toma depoimento dos réus

Caso Becker: após últimas testemunhas de defesa, júri popular toma depoimento dos réus

Ex-andrologista Bayard Ollé Fisher classificou acusações de "absurdas" e injustiça

Correio do Povo

Julgamento segue nos próximos dias

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A noite do quarto dia do julgamento dos acusados do assassinato do oftalmologista Marco Antônio Becker, em 2008, foi marcada nesta sexta-feira pelo interrogatório dos réus. O primeiro a ser ouvido foi o ex-andrologista Bayard Ollé Fisher, acusado de ser o mandante do crime. Bayard disse que vive com duas aposentadorias que somam R$ 7 mil. Ele se recusou a responder às perguntas da Promotoria. Questionado pelo juiz Roberto Schaan Ferreira, da 11ª Vara Federal de Porto Alegre, que preside o julgamento, se havia participado do crime, o réu foi taxativo: “Não participei da morte. É um absurdo. Uma injustiça muito grande”, afirmou.

O ex-andrologista disse que ele seria a “pessoa politicamente correta”, pois foi colega de turma de Becker, mas que nunca tiveram inimizade. “Becker era tido como defensor da ética médica. Tem estátua sua no Cremers. Se aparecessem os verdadeiros autores ficaria muito ruim dentro dessa condição. Eu seria a pessoa mais compatível para que fosse mantida uma imagem”, comentou Bayard.

O segundo a ser ouvido foi Juraci Oliveira da Silva, o Jura. Ele também se recusou a responder aos questionamentos da Promotoria. Jura afirmou que não tinha como admitir uma coisa que não fez. “Nem sabia quem era o Dr. Becker”, afirmou, ressaltando que era paciente do Dr. Bayard e contou como conheceu o Bayard e como foi a primeira consulta, entrando em detalhes.

Quando o advogado perguntou qual o seu sentimento atual sobre o ex-andrologista, ele afirmou que por todo o sofrimento que passou devido aos procedimentos médicos realizados na época, “se eu pudesse eu tinha matado o Dr. Bayard”, e ainda afirmou que não precisava do dinheiro do ex-médico e que não é matador de aluguel. As mensagens que trocava com Moisés Gugel, acusado de planejar o crime, eram sobre carros e o aparelho peniano que usava.

O terceiro réu a ser ouvido foi Moisés Gugel, ex-assessor de Bayard. Ele também não quis responder aos questionamentos da Promotoria. O magistrado lhe perguntou sobre a acusação de envolvimento no crime. “É mentira. Prestei alguns depoimentos, formais e informais, e, em dado momento, fui preso, sem que eu preenchesse os requisitos para ser detido.” Na pergunta seguinte, o réu pediu para que o áudio fosse cortado.

Após o retorno do áudio, o magistrado perguntou sobre a troca de mensagens. “Não me lembro. Nem na época das oitivas eu me lembrei de quando e o conteúdo das mensagens.” Moisés mencionou os locais onde trabalhou e qual a sua função quando esteve na clínica de Bayard. Como funcionava o extensor peniano. “Não sei porque estou aqui (sendo julgado)”, disse. Em seguida, Moisés recordou o momento em que foi detido.

Outras três testemunhas foram ouvidas. Um dos depoentes, o gerente geral do Cremers, Marcos Costa Silva, recordou ter trabalhado com Becker no dia do crime e comparecer no local do homicídio.

Os quatro réus julgados por homicídio qualificado são o ex-andrologista Bayard Ollé Fischer dos Santos, do ex-assistente dele, Moisés Gugel, de Juraci Oliveira da Silva, conhecido como Jura, e seu cunhado, Michael Noroaldo Garcia Câmara.

O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul lançou uma nota oficial sobre o júri do caso Becker. A entidade afirma que “acompanha com atenção o julgamento do crime do ex-presidente do Cremers, dr. Marco Antônio Becker, iniciado na última terça-feira”. “Dr. Becker foi um líder da classe médica e teve importante atuação neste Conselho, no qual foi presidente por mais de uma década. Ele foi morto a tiros em 4 de dezembro de 2008, quando exercia o cargo de vice-presidente. O Cremers confia no trabalho do júri e espera que a justiça seja feita”, concluiu a nota.


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