Caso Gabriel: Reprodução Simulada dos Fatos é realizada na cidade de São Gabriel

Caso Gabriel: Reprodução Simulada dos Fatos é realizada na cidade de São Gabriel

Trabalho do Instituto-Geral de Perícias (IGP) durou mais de 13 horas

Correio do Povo

Próxima etapa é a análise técnica das versões apresentadas pelos envolvidos

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A perícia de Reprodução Simulada dos Fatos (RSF) referente à morte de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, foi realizada entre a tarde dessa segunda-feira e madrugada desta terça-feira pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) na cidade de São Gabriel. A fase presencial durou mais de 13 horas. O objetivo é apurar as circunstâncias da morte do jovem e apontar se as versões apresentadas pelos envolvidos são compatíveis com as demais provas periciais.

O trabalho, requerido pela Polícia Civil, iniciou com a oitiva de cinco testemunhas. Os depoimentos foram acompanhados pelos advogados das partes e por representantes do Ministério Público do Rio Grande do Sul, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Brigada Militar. Duas menores de idade foram ouvidas em uma sala especial, apenas com a presença da responsável e das duas peritas criminais que conduziram os trabalhos. Por fim, os três policiais militares, um sargento e dois soldados, acusados de homicídio triplamente qualificado também apresentaram suas versões.

Na segunda etapa da fase presencial, as testemunhas demonstraram para as peritas criminais, separadamente, as suas versões sobre os fatos envolvendo a morte de Gabriel. Todos os passos foram registrados pelo fotógrafo criminalístico da equipe. Os acusados apresentaram versões similares, e por isso, a execução dessa fase foi realizada conjuntamente.

A maior parte da ação aconteceu em frente à casa onde Gabriel foi abordado. Já a parte final aconteceu na localidade de Lava-Pé, onde os policiais militares afirmaram que deixaram o rapaz ainda com vida.

Nove policiais civis representaram a vítima e as demais pessoas citadas durante as oitivas. A Brigada Militar fez o isolamento do local. “As versões apresentadas pelos investigados foram bastantes semelhantes entre si; e, das testemunhas, temos versões distintas” afirmou a perita criminal Bárbara Cavedon, responsável pelo trabalho. “Temos elementos bastante interessantes para serem analisados, tanto do que teria causado a morte quanto da dinâmica dos fatos”, finalizou.

O jovem Gabriel Marques Cavalheiro desapareceu após uma abordagem da Brigada Militar, em 12 de agosto deste ano. O corpo foi encontrado em um açude, no interior do município, no dia 19 de agosto. A causa da morte, apontada pelo laudo da necropsia realizado no Posto Médico-Legal de Santa Maria, foi uma hemorragia interna provocada por lesão na região cervical por cassetete. Os três policiais militares são acusados por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica.

Várias perícias já foram realizadas pelo IGP para fornecer as provas técnicas necessárias à investigação do caso. Além da perícia realizada no dia do encontro do cadáver, a equipe fez diversos exames laboratoriais, incluindo pesquisa de psicotrópicos e álcool em amostras de sangue e urina. Houve ainda a pesquisa de plâncton em material coletado da vítima, o que descartou a hipótese de afogamento. Já os exames de DNA não encontraram sangue de Gabriel nas viaturas usadas pela Brigada Militar durante a ocorrência.

Após a etapa presencial realizada em São Gabriel, o IGP fará a análise técnica das versões apresentadas pelos envolvidos. A Reprodução Simulada dos Fatos só é realizada após a conclusão de todas as perícias. Devido à complexidade do exame e à quantidade de pessoas envolvidas, ainda não há previsão para a conclusão do laudo pericial, que será então entregue à Polícia Civil.  


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