"Cercado, teve de se entregar", diz superintendente da Susepe

"Cercado, teve de se entregar", diz superintendente da Susepe

Conheça detalhes da captura de Zoreia, o detento que fugiu da Pasc

Paulo Roberto Tavares / Correio do Povo

Cercado, Zoreia teve que se entregar, diz superintendente da Susepe

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Pouco mais de 24 horas após fugir da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), Sandro Alexandre de Paula, o “Zoreia”, de 27 anos, foi recapturado, na tarde desta segunda-feira, dentro do terreno da Colônia Penal Agrícola (CPA). De acordo com o superintendente dos Serviços Penitenciários, Gelson Treiesleben, o detento andou cerca de 10 quilômetros pelo mato até chegar na casa prisional. Normalmente, a distância entre a Pasc e a CPA, por uma estrada de chão batido, é de 7 quilômetros.

“Com os tiros de advertência e o cerco das saídas, Zoreia não teve muita escolha”, disse. “Após passar o rio Arroio dos Ratos a nado, ele se embrenhou no matagal e foi para a CPA.”

De acordo com Treiesleben, na manhã de ontem o serviço de inteligência da Susepe já tinha obtido a informação de que Zoreia estaria escondido na CPA. A operação para a sua recaptura foi montada e, à tarde, após da chegada do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar, os agentes do Grupo de Ações Especiais (Gaes) da Susepe foram até o local, onde prenderam o fugitivo.

Zoreia, com uma condenação total de 113 anos por assalto, foi levado à Delegacia de Polícia de Charqueadas e, após, reconduzido à Pasc. Uma equipe da corregedoria da Susepe já estava no local para tomar o depoimento do fugitivo. A sindicância, assegurou Treiesleben, continua e “agora com mais elementos”.

Fuga

A fuga do detento ocorreu entre 12h30min e 13h30min, do refeitório do presídio. Segundo o superintendente, dois presos serraram as grades do local e foram para o andar de cima, onde apenas os funcionários da Pasc têm acesso. Dali, ambos desceram para o pátio interno (onde há uma caixa d’água), abriram uma porta que dá para o pátio externo e seguiram em direção ao muro, próximo ao Instituto Penal Escola Profissionalizante (Ipep), onde pularam. Nesse momento, os policiais militares que faziam a guarda externa perceberam a movimentação e deram tiros de advertência. O detento que tentava fugir com Zoreia foi recapturado.

Cão dopado

Um cão da raça Rottweiller que faz a guarda naquele ponto foi dopado com tranqüilizantes, segundo Treiesleben. O mal estar do cão foi detectado na manhã de domingo, mas ainda não se sabe que providências foram tomadas e por que o cachorro não foi substituído. Extraoficialmente, os agentes penitenciários teriam avisado a Brigada Militar. Porém, à tarde, o cachorro estava entre as cercas, dormindo. “Foi encontrada uma sacola com salsichas e esses comprimidos dentro dos embutidos”, contou o superintendente, admitindo que os cães que fazem a guarda deveriam ser treinados para aceitar comida apenas de quem os trata.

Mudanças


A captura de Zoreia ocorreu no momento em que o secretário de Segurança Pública, Airton Michels, e Treiesleben concediam uma entrevista coletiva, no gabinete do superintendente, na Capital. A fuga pode determinar mudanças profundas na Pasc, a começar pela direção da casa, que, de acordo com o secretário, pode ser trocada. A penitenciária tem 224 presos, todos considerados perigosos. Treiesleben salientou não existirem presos comuns na Pasc.

Segundo Michels, também estão sendo reavaliados os procedimentos de segurança da instituição. O secretário atribuiu à direção da Pasc a culpa pela fuga. “Parece uma coisa de cadeia do interior do século passado”, comparou.

No domingo, havia 27 agentes para cuidar da segurança, número considerado suficiente pela Susepe. Cada equipe faz turno de 24 horas. No entanto, nem todas as câmeras de vigilância estão funcionam. O equipamento é analógico e em preto e branco. Michels considerou que não é apenas tecnologia, mas sim o material humano que impediria a fuga.

Ele anunciou reformas no sistema de monitoramento da Pasc, que deve ser implantado no ano que vem. Estão previstas duas salas de monitoramento, uma na penitenciária e outra na Susepe, em Porto Alegre.

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