Com aplausos e pedidos de justiça, corpo de João Alberto é sepultado em Porto Alegre

Com aplausos e pedidos de justiça, corpo de João Alberto é sepultado em Porto Alegre

Velório ocorreu no cemitério municipal São João


Correio do Povo

Corpo de João Alberto foi enterrado nesta manhã de sábado

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Com informações do repórter Cláudio Isaias

Sob pedidos de justiça, o corpo de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi sepultado no fim da manhã deste sábado no cemitério municipal São João, na Zona Norte de Porto Alegre, próximo à unidade do supermercado Carrefour onde ele foi espancado até a morte por dois seguranças brancos na noite de quinta-feira. Ele foi enterrado com uma bandeira do São José, time do qual era torcedor, e também foi aplaudido na hora do sepultamento. 

Pelo menos 50 pessoas estiveram presentes na despedida de João Alberto. No trajeto até a sepultura, os amigos e familiares entoaram cantos religiosos e gritavam por justiça em nome da vítima. Flávio Jones Flores, primo de Beto, pediu que a sociedade fizesse uma reflexão sobre tudo que aconteceu com o seu primo.

Foto: Fabiano do Amaral

Segundo Flávio, a família tomará as medida cabíveis em relação a morte da vítima. "Não vai trazer de volta, nunca. Mas impune o Carrefour não pode ficar", disse. Sobre as motivações do espancamento que causaram a morte do primo, Flávio reforçou que se fosse uma pessoa branca, o tratamento não seria o mesmo. "A pergunta principal que eu me fiz foi: se fosse uma pessoa branca ali, eles iriam espancar até a morte? Eu acho que é uma pergunta que muita gente deve estar se fazendo. Acredito que não ia ter o mesmo destino", declarou. 

O primo ainda disse que Beto frequentava o mercado todos os dias. "Uma das caixas (do Carrefour) chegou a me dizer que ia pedir demissão, inclusive, porque ela não ia trabalhar em um lugar que fazia isso com um cliente que, assiduamente, estava por lá”, contou. 

Racismo

O pai da vítima, João Batista Rodrigues Freitas, de 65 anos, lamentou o crime e disse que foi puro racismo. "Aquilo foi premeditado. Com uma pessoa branca, de olhos azuis, não acontece essas coisas", disse durante a manhã deste sábado. 

Foto: Fabiano do Amaral

João Batista disse que recebeu um telefonema de uma pessoa que se dizia ser do Carrefour, mas não soube confirmar, oferecendo uma proposta financeira. Ele respondeu que vai procurar a Justiça. "Espero que a Justiça trate de uma maneira financeira que eu possa dar uma explicação para os meus netos. Qualquer coisa que eu vá receber na Justiça, será em torno deles. Eu vou trabalhar em torno dos meus netos. Isso é o que eu espero da Justiça", completou. 

O pai da vítima relembrou os últimos momentos ao lado do filho. João Batista contou que viu o filho pela última vez na quinta-feira durante o dia. "Nós fomos até a casa onde eu moro e lá nós conversamos sobre um utilitário que eu queria comprar. Mas depois fui surpreendido com isso que vocês já sabem", lamentou. 


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