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Dono da Pousada Garoa, presidente e servidora da Fasc são indiciados por incêndio que matou 11 em Porto Alegre

Suspeitos vão responder por incêndio culposo

Suspeitos devem responder por incêndio culposo
Suspeitos devem responder por incêndio culposo Foto : Fabiano do Amaral

A Polícia Civil indiciou três pessoas pelo incêndio que resultou na morte de 11 pessoas, e deixou outras 14 feridas, na Pousada Garoa, em Porto Alegre, na madrugada de abril. Os suspeitos vão responder por incêndio culposo. A informação foi confirmada nesta sexta-feira.

Foram indiciados o proprietário da hospedagem, o presidente da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) e uma fiscal de serviço do órgão. Na data da tragédia, havia 32 ocupantes no estabelecimento, sendo a maioria pessoas em situação de vulnerabilidade, que estavam ali através de um contrato entre a Pousada Garoa e a Fasc, que suspendeu o ingresso de novos moradores após ocorrido.

Conforme o delegado titular da 17ª DP da Capital, Daniel Ordahi, que conduziu a investigação, mais de 50 pessoas foram ouvidas no inquérito. Ele destaca que não foi possível precisar a causa exata do fogo, mas as condições precárias do local foram decisivas para o indiciamento.

"Não é opinião minha, é fato, as condições eram extremamente precárias. Até por isso é difícil precisar as razões do fogo. Não descartamos que a causa tenha sido um curto-circuito, porque a energia ali era fornecida por meio de “gatos”, com a fiação toda emaranhada. Outra possibilidade é o consumo de crack dentro da pousada, que era frequente. Algum usuário pode ter gerado o incêndio quando consumia a droga”, explica o titular da 17ª DP.

Em relação à Fasc, o delegado aponta que a responsabilidade da gestão recai sobre a assinatura do contrato com a pousada. Já a funcionária do órgão, foi indiciada porque fazia visitas frequentes ao local, com o dever de cumprir fiscalização.

"A Fasc tem CNPJ próprio e um orçamento milionário. Foi a presidência da Fasc que assinou o contrato, não outra pessoa. A fiscal de serviço, por sua vez, era quem fazia as visitas ao lugar. Era dela a responsabilidade da fiscalização do local”, destaca Daniel Ordahi.

Também foi descarta a hipótese de incêndio criminoso, conforme alegado pelo proprietário da pousada. A versão era que um homem desconhecido havia entrado ali e gerado o incêndio, mas as câmeras de segurança não registraram a entrada e nem a saída de ninguém, por cerca de 5 horas, na data dos fatos.

A unidade não tinha Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI). Também não havia o respectivo alvará para atividade residencial, pousada ou hotelaria.

"O dono da pousada jamais iria tentar conseguir um PPCI, porque isso seria impossível. A primeira vistoria já seria mais do que o suficiente para fechar a hospedagem por definitivo”, aponta o delegado Daniel Ordahi.

A Fasc informou que não teve acesso ao inquérito e só se manifestará depois disso.

A defesa do proprietário da Pousada Garoa, representada pelo advogado Lino Ambrósio Troes, confirmou o indiciamento por parte da Autoridade Policial. Em nota, a defesa disse que aguarda o posicionamento do Ministério Público e do Poder Judiciário, adicionando que ainda não recebeu o relatório final da investigação e o indiciamento.

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