Guru investigado por crimes em Viamão usará tornozeleira eletrônica

Guru investigado por crimes em Viamão usará tornozeleira eletrônica

Medida ainda é válida para um dos filhos do suspeito; os dois também foram proibidos de fazer contato com as vítimas

Correio do Povo
Operação Namastê teve como alvo o líder de uma seita em Viamão

Operação Namastê teve como alvo o líder de uma seita em Viamão

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O guru conhecido como Prem Milan, 69 anos, terá de usar tornozoleira eletrônica e não poderá fazer contato com as vítimas. Ele também terá de entregar o passaporte. A decisão judicial foi adotada como alternativa a um pedido de prisão preventiva da Polícia Civil, que investiga o líder da Comunidade Osho Rachana por envolvimento em uma série de crimes em Viamão, na Região Metropolitana.

A ordem também é válida para um filho dele, de alcunha Joala, que é outro suspeito de participação nos delitos. Uma filha de Milan, também apontada como comparsa do pai, ainda não precisa cumprir as restrições.

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Milan é suspeito de desviar R$ 20 milhões da seita, sendo também investigado por tortura psicológica, agressões físicas e por exposição de menores de idade a atos sexuais. Ele nega ter cometido os crimes.

As suspeitas ensejaram a Operação Namastê, na quarta-feira, quando houve buscas na sede do grupo, no bairro Cantagalo. Ali, foram apreendidos documentos, computadores, telefones celulares, máquinas de cartão e fotografias.

A ofensiva ocorreu após denúncias de ex-integrantes do culto ao Ministério Público. Eles alegaram ter ingressado na comunidade em busca de imersões e tratamentos alternativos, o que incluía meditação e outros rituais, por exemplo, a prática de sexo livre como processo terapêutico. Entretanto, os relatos davam conta de uma série de atos violentos, extorsões e da exposição de crianças às praticas no local.

As vítimas pagavam quantias mensais para morar na comunidade. Os “pacotes de imersão” custavam de R$ 8 mil a R$ 12 mil, e previam ações como a venda de pão, agendas e cadernos. O líder do grupo coordenava as atividades, sob o pretexto de que o montante arrecadado seria revertido ao coletivo.

De acordo com a delegada titular da 1ª DP de Viamão, Jeiselaure de Souza, a cobrança de dinheiro foi intensificada após a pandemia. O “guru espiritual” teria passado a exigir que todos os integrantes fizessem empréstimos bancários de alto valor que, ao invés de revertidos em prol da comunidade, teriam sido utilizados em proveito próprio.

"As vítimas descreveram atos de tortura psicológica, violência física e patrimonial, além de crimes financeiros, sempre coagidas pelo líder e alguns outros integrantes da seita, que realizavam os tratamentos alternativos no local”, destacou a titular da 1ª DP de Viamão.

Ainda conforme a delegada, o chefe da seita teria destinado os valores a empresas dele e para bancar viagens de luxo. Ele também teria utilizado parte da contribuição para apostar em jogos online.

A estimativa é que o total desviado ultrapasse R$ 20 milhões. Além disso, as vítimas somam prejuízo superior a R$ 4 milhões, fruto de dívidas contraídas pelo suspeito.

Em nota, o advogado Rodrigo Oliveira de Camargo, que representa o investigado, negou as denúncias. O comunicado diz que Prem Milan se colocou à disposição das autoridades e confia na Justiça.

Leia a nota da defesa

A defesa técnica de Adir Aliatti, realizada pelo advogado Rodrigo Oliveira de Camargo, ressalta que os fatos expostos na mídia estão distorcidos. Os denunciantes optaram por livre e espontânea vontade viver em sistema de subsistência, assim como ajudaram a gerenciar os valores arrecadados com os diferentes empreendimentos do grupo.

O resultado de todos esses investimentos feitos pelos seus membros eram revertidos em favor da comunidade. Os empréstimos bancários que favoreceram esta forma de organização social foram feitos em nome de Aliatti e com aval dos moradores. As alegadas coações jamais ocorreram.

O advogado garante que o seu cliente sempre se manteve ao dispor das autoridades, além de assegurar que a maioria dos relatos são fictícios e/ou adulterados com o objetivo de atacar Adir. Para a defesa, cabe relembrar que a maioria dos denunciantes detinha cargos de coordenação na Comunidade, aplicavam as terapias, assim como convidavam novas pessoas para participar da comunidade.

Por fim, a defesa afirma que a perseguição midiática tem por objetivo criar uma atmosfera de vulnerabilidade para eximir os denunciantes das suas responsabilidades e escolhas.

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