Homem acusado de matar e concretar a mãe é julgado em Porto Alegre

Homem acusado de matar e concretar a mãe é julgado em Porto Alegre

Não há previsão para o encerramento da sessão

Correio do Povo

Promotora de Justiça Luciane Feiten Wingert

publicidade

O julgamento do publicitário Ricardo Jardim, 59 anos, acusado de matar a própria mãe, Vilma Jardim, então com 76 anos, cujo corpo foi concretado dentro de um armário feito sob medida, começou na manhã desta segunda-feira na 1ª Vara do Júri do Foro Central de Porto Alegre. A sessão está sendo presidida pela juíza Karen Luise Vilanova Batista de Souza Pinheiro. A acusação ficou com a Promotora de Justiça Luciane Feiten Wingert e a defesa feita pelo advogado Renato Andrade Ferreira.

O réu responde por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e meio cruel) e pelos crimes de ocultação de cadáver e posse de arma. “A motivação, dentre outras, foi o uso de patrimônio e valores que a mãe deixou inclusive em razão da morte do pai. As provas são das mais diversas naturezas inclusive testemunhal, material e pericial. As provas são incontáveis”, declarou a Promotora de Justiça Luciane Feiten Wingert antes do início do julgamento.

Filho mandou fazer um móvel sob medida onde concretou a mãe - Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP

“Os autos dão conta que o relacionamento dele com os demais familiares nunca foi bom. A motivação financeira verificou-se depois”, observou. “A partir do momento em que foi preso em flagrante, admitiu a autoria do crime. Não apareceu indício de insanidade”, acrescentou. “O crime foi bastante chocante e impactante. Depois de matar a mãe, mandou fazer um móvel sob medida, agindo com frieza. É muito chocante mesmo”, concluiu.

Ricardo Jardim permanecia recolhido ao sistema carcerário desde que foi preso no dia 29 de maio de 2015 pela Polícia Civil. Na ocasião, foi flagrado com um revólver calibre 32. A mãe dele estava desaparecida desde o mês de abril daquele ano.

O caso foi investigado pela 5ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa. O filho foi considerado envolvido no desaparecimento desde o início. A desconfiança dos agentes aumentou após vizinhos relatarem que o comportamento do publicitário havia mudado pois, apesar de não trabalhar, começou a adquirir bens.

Um depoimento cheio de contradições aumentou ainda mais a suspeita dos policiais civis que foram ao apartamento e flagraram ele com a arma. Como não tinha o porte da mesma, o publicitário acabou detido por porte ilegal. Na delegacia, o filho confessou ter matado a facadas a mãe após uma discussão por conta de dinheiro. O pai dele morreu em dezembro de 2014 e deixou uma herança de cerca de R$ 400 mil em apólices de seguro.

Após o assassinato da mãe, Ricardo Jardim deixou o corpo dela embaixo da cama por uma semana. Depois, ele comprou um armário sob medida onde colocou o corpo, enrolado em cobertor, lona plástica e fita adesiva, concretando-o em seguida dentro do móvel. Para tentar disfarçar o cheiro espalhou borra de café pelos cômodos da moradia. Durante a instrução processual, Ricardo Jardim manteve-se em silêncio. O Ministério Público, responsável pela acusação, apontou que a motivação para o crime seria econômica, pois o réu estaria usufruindo do dinheiro que a vítima possuía em conta de banco, fruto do seguro de vida do marido falecido.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895