Júri de acusado de matar filhos em Alvorada entra na fase de debates
Julgamento deve ser concluído ainda nesta noite

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Encerrada há pouco a primeira parte da explanação da acusação e da defesa, no júri do pai acusado da morte dos quatro filhos, em 2022, na cidade de Alvorada. O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), parte acusadora, pediu a condenação do réu, nos termos da denúncia, pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e por asfixia, no caso da filha mais nova). Já a defesa do réu sustentou a negativa de autoria.
O júri passará à última parte dos debates orais (réplica e tréplica), quando cada parte terá 1 hora para reforçar suas teses ao Conselho de Sentença. O julgamento está sendo presidido pelo Juiz de Direito Marcos Henrique Reichelt, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Alvorada, e deve ser concluído na noite desta quarta-feira.
Acusação
A acusação foi feita pelos Promotores de Justiça Plínio Castanho Dutra e Leonardo Rossi e pela Promotora de Justiça Daniela Fistarol. A Assistente de Acusação é a Advogada Gabriela Souza. Eles traçaram uma linha do tempo, desde os fatos que antecederam o crime até a morte das crianças, pediram a condenação do réu pelos quatro homicídios e reforçaram o pedido de manutenção das qualificadoras. Afirmaram que o crime foi premeditado. E que ninguém ouviu nada porque as crianças não gritaram ou resistiram de alguma forma, porque acreditavam que o pai estava colocando elas para dormir.
"Justiça é também sentir", afirmou o Promotor Plínio. "Sintam a dor da mãe condenada perpetuamente à ausência dos filhos, sintam e condenem nos exatos termos da denúncia e estejam à altura da memória dessas crianças", finalizou.
Defesa
A defesa técnica é formada pela Advogada Thaís Constantin, Advogada Deise Dutra e Advogado Marçal Carvalho. A banca sustentou a negativa de autoria. Observaram que, após a prisão, o réu não foi ouvido na presença de advogado e que os trabalhos de investigação do caso buscaram construir e confirmar a culpa do acusado.
Citaram as análises de materiais periciados, que não concluíram pela presença de material genético do réu, como por exemplo, na faca utilizada no crime e na mancha de sangue na parede. Também não foi encontrado material compatível com o do acusado sob as unhas das crianças. "A ânsia era tanta de culpar alguém que se deixou passar muita coisa, e muita pergunta não foi respondida neste processo", afirmou a Advogada Thaís Constantin.
A defesa aponta a falta de provas técnicas suficientes para a condenação do pai das crianças. Para a Advogada, por motivo não sabido, o réu teria confessado para proteger o verdadeiro autor do crime. "Um crime extremamente cruel e monstruoso. Mas não concordo com a imputação de autoria do réu", considerou a Advogada.
Depoimentos e interrogatório
O julgamento foi retomado por volta das 9h15min desta quarta-feira. Foram realizados dois depoimentos, o do tio do acusado - que falou sobre o dia dos fatos e também sobre o comportamento do sobrinho e seu relacionamento com a família - e o de um homem que atendeu o acusado em um bar, nos dias em que ele estaria com as crianças, e que entregou os pertences dele (celular e mochila) à autoridade policial.
A perita judicial que fez a avaliação do réu foi ouvida sem a presença do público no plenário. Em seguida, o acusado optou por ficar em silêncio.